Celebrando o dia mundial da internet: a evolução da conexão digital na EPM/Unifesp
Conheça a trajetória da internet no Brasil e seu impacto nas instituições de ensino superior, incluindo a Escola Paulista de Medicina
O Dia Mundial da Internet, celebrado anualmente em 17 de maio, é um marco global que reconhece o papel fundamental da internet na sociedade moderna. Mais do que uma simples data comemorativa, essa ocasião representa a culminação de uma história rica em inovação, colaboração e transformação social. É uma oportunidade para celebrar os avanços tecnológicos que nos conectam, refletir sobre o impacto da internet em nossas vidas e discutir os desafios e oportunidades que o futuro da internet nos apresenta. É um momento para reafirmar nosso compromisso com o uso responsável e ético da internet, para que ela continue a ser uma ferramenta poderosa para o bem e o progresso da humanidade.
Neste artigo, vamos explorar a linha do tempo da internet no Brasil e como ela se integrou às universidades federais, incluindo a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp).
Raízes da conectividade
A chegada da internet na EPM/Unifesp foi um marco significativo para a comunidade acadêmica e científica. Vamos explorar essa trajetória:
1969 1970 |
O surgimento da Advanced Research Projects Agency Network (ARPANET): A história da internet remonta à ARPANET, uma rede de comunicação desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos em 1969. A ARPANET foi o embrião da internet moderna, impulsionando o desenvolvimento de protocolos de comunicação como o TCP/IP e estabelecendo os fundamentos da comunicação digital entre computadores1. |
1988 |
No Brasil, a internet deu seus primeiros passos em 1988, quando a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) estabeleceram a conexão com a rede global. Em 1988, a Fapesp e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em conjunto com o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), tomaram a decisão inicial de conectar-se à internet. Essa conexão permitiu a troca de mensagens e informações entre instituições acadêmicas e científicas2. A rede acadêmica da EPM (REPM), nos primórdios, 1988-1989, tratava-se de um projeto “caseiro”, baseado em um modem ligado a uma linha telefônica do Centro de Informática em Saúde (CIS -EPM) e com um único endereço eletrônico — O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. —, que todos utilizavam para receber e enviar correspondências. Nessa época, não ultrapassavam uma dezena as pessoas em toda a EPM que, tendo contato com amigos, colegas, orientadores ou outros pesquisadores no exterior, usavam o e-mail como forma de comunicação3. Mais tarde, tendo obtido uma workstation SUN junto ao CNPq, em conseqüência de projeto de fomento para grupos de pesquisa emergentes, e com linhas telefônicas dedicadas adquiridas pela EPM, pôde estabelecer no CIS-EPM um servidor próprio de correio eletrônico, o que permitiu o cadastramento de endereços pessoais3. |
1989 |
A UFRJ também se conectou à Bitnet, tornando-se a terceira instituição brasileira a ter acesso a essa tecnologia1 . |
1990 |
Fundação da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), uma instituição que desempenhou um papel crucial na expansão e desenvolvimento da internet no Brasil. A RNP conectou inicialmente universidades e centros de pesquisa, promovendo a colaboração acadêmica e científica em todo o país4. A RNP foi responsável por fornecer acesso à internet a proximadamente 600 instituições, abrangendo cerca de 65 mil usuários durante a década de 19903,5. |
1991 |
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) cria a Rede Fapesp, a primeira rede acadêmica brasileira, conectando universidades e centros de pesquisa do estado2. A EPM já utilizava a Bitnet oferecida pela Fapesp em computadores de alguns departamentos (DIS, Biofísica, Oftalmo e Biblioteca) |
1992 |
Com dotação de verbas aprovada pela Congregação da Escola Paulista de Medicina, introduziu a infra-estrutura básica para o tráfego de informações intra e extramuros — desde as ferramentas mais simples, como correio eletrônico, até as mais complexas, como as videoconferências3. |
1994 |
A Unifesp se conecta à Rede FAPESP, permitindo o acesso à internet para seus alunos, professores e pesquisadores2. A REPM é inaugurada. Conectando de início 21 departamentos acadêmicos — número que logo cresceu para 44 com a entrada dos departamentos administrativos —, a rede foi fruto do trabalho de interligação física, através de cabos de fibras ópticas, de 17 prédios da Unifesp/EPM espalhados por cinco quarteirões em torno do edifício sede da Escola3. |
1995 |
A internet comercial começou a se popularizar no Brasil, impulsionando sua adoção em instituições de ensino superior, incluindo as universidades federais. O acesso à internet transformou o ambiente acadêmico, facilitando o acesso a informações, pesquisa e colaboração entre estudantes e pesquisadores6. |
1997 |
A Unifesp lança seu próprio site institucional, disponibilizando informações sobre a universidade, seus cursos, pesquisas e eventos3,7. |
1998 |
A Biblioteca Central da Unifesp implanta o sistema de acesso online ao acervo, permitindo que alunos e professores consultem livros e periódicos de forma eletrônica. |
2000 |
A Unifesp implementa o uso de e-mail para toda a comunidade universitária, facilitando a comunicação interna e externa3. |
2004 |
Acontece o crescimento exponencial da rede como instrumento da transformação da “universidade de papel” para a “universidade digital”. A REPM congrega 3.200 microcomputadores distribuídos em várias sub-redes, atendendo a cerca de 6.800 usuários cadastrados para uso dos serviços oferecidos pela Rede Acadêmica, os quais trocam mais de 60 mil mensagens/dia pelo correio eletrônico da Unifesp. O total de acessos, que vem crescendo ano a ano, atingia 3,4 milhões de acessos, dos quais 60% provenientes de usuários internos e 40% externos3,7. |
Impactos
A implantação da Rede Acadêmica (REPM) na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) resultou em uma série de impactos positivos na área da saúde. Primeiramente, houve uma significativa melhoria na comunicação e colaboração, permitindo uma interação mais eficiente entre a comunidade acadêmica da EPM e outras instituições de ensino ao redor do mundo. Além disso, a disponibilidade de recursos e informações online ampliou as oportunidades de aprendizado para os membros da EPM, enriquecendo o ensino, facilitando a pesquisa e contribuindo para o desenvolvimento de novos conhecimentos. A infraestrutura estabelecida pela REPM também promoveu a modernização dos processos acadêmicos, desde a implementação de ferramentas básicas como correio eletrônico até a realização de videoconferências, impactando positivamente o ensino, a pesquisa e a gestão da informação em saúde. A expansão da educação à distância foi outro resultado significativo, permitindo que os programas educacionais da universidade alcançassem um número maior de alunos, inclusive fora do campus, promovendo assim a democratização do acesso ao ensino superior e à formação em saúde. Além disso, a colaboração entre pesquisadores de diferentes instituições e países foi facilitada, impulsionando o desenvolvimento científico e tecnológico. Por fim, a implantação da REPM abriu novas oportunidades para a inovação na educação, pesquisa e administração da universidade, demonstrando seu papel crucial no avanço da área da saúde e na promoção do progresso acadêmico e científico.
Desafios e Perspectivas
No século XXI, a internet se tornou uma força transformadora inegável. A globalização da informação, o surgimento de novas formas de expressão e comunicação, o desenvolvimento de novas tecnologias e a crescente interconexão entre pessoas e culturas são apenas alguns dos exemplos do impacto profundo da internet na sociedade.
Curiosidades
- A primeira mensagem enviada pela ARPANET ocorreu em 29 de outubro de 1969, entre as universidades de UCLA e Stanford. Leonard Kleinrock, um dos cientistas envolvidos no projeto ARPANET, tentou enviar a mensagem "LOGIN" de um computador da UCLA para outro no SRI. No entanto, devido a um erro de digitação, apenas os dois primeiros caracteres "LO" foram enviados.
- O símbolo "@" foi escolhido para separar o nome do usuário do nome do host no endereço de e-mail por Ray Tomlinson, um dos pioneiros da ARPANET. Ele selecionou o "@" porque era um símbolo pouco utilizado na época e tinha uma aparência clara e distinta.
- O Protocolo de Controle de Transmissão (TCP) e o Protocolo de Internet (IP), juntos conhecidos como TCP/IP, são os principais protocolos de comunicação que permitem a conexão e a transmissão de dados pela internet. Eles foram desenvolvidos por Vinton Cerf e Bob Kahn na década de 1970.
- O primeiro navegador web, chamado WorldWideWeb (mais tarde renomeado para Nexus), foi desenvolvido pelo físico Tim Berners-Lee em 1990. Ele foi projetado para ser usado no NeXT Computer, uma das primeiras estações de trabalho da web.
- O primeiro site da web foi criado por Tim Berners-Lee e foi ao ar em 6 de agosto de 1991. Ele explicava o que era a World Wide Web e fornecia informações sobre como criar sites. O primeiro site ainda está online: O site ainda pode ser acessado em https://info.cern.ch
- O primeiro país fora dos Estados Unidos a ter acesso à ARPANET foi a Noruega, em 1973. Isso marcou o início da internacionalização da internet.
- Em 1993, a banda de rock Severe Tire Damage se tornou a primeira banda a transmitir um show ao vivo pela internet. Isso foi feito no laboratório de ciências da computação da Universidade de Cambridge.
- A década de 90 ficou conhecida como o “boom da internet”, com o surgimento de novos navegadores como Internet Explorer, Netscape, Mozilla Firefox, Google Chrome e Opera.
- Sites, chats e redes sociais (como Orkut, Facebook, MSN e Twitter) proliferaram, tornando a internet uma rede global de computadores conectados.
- Cerca de 37% do tráfego de internet não é feito por humanos, mas por bots.
- A Deep Web é pelo menos 500 vezes maior do que a internet que usamos diariamente.
- O primeiro e-mail foi enviado por acidente: Em 1971, Ray Tomlinson, um engenheiro da BBN Technologies, enviou a primeira mensagem de e-mail por engano enquanto testava um novo programa. A mensagem foi enviada para outro usuário na mesma rede, apenas em um computador diferente.
- A internet quase foi chamada de "Galactic Network": Durante o desenvolvimento da ARPANET, um dos nomes sugeridos para a rede foi "Galactic Network", mas a ideia foi logo descartada por ser considerada muito ambiciosa.
- A internet não tem um dono único: A internet é uma rede descentralizada, o que significa que não há uma única entidade que a controle ou possua.
- O primeiro provedor de internet comercial foi a CompuServe: Fundada em 1969, a CompuServe foi um dos primeiros serviços online a oferecer acesso à internet para o público em geral.
- O primeiro emoji foi criado em 1972: O símbolo ":-) ", que representa um rosto sorridente, foi criado por Harvey Ball, um designer gráfico, em 1972 para uma companhia de seguros.
- Nas primeiras décadas da internet, a velocidade de conexão era medida em kilobits por segundo (kbps), enquanto hoje em dia a velocidade padrão é medida em megabits por segundo (Mbps) ou gigabits por segundo (Gbps).
Referências
- Rebecca, Ann, Lind. History of the Internet, Search Engines, and More. (2022). doi: 10.1007/978-1-4842-8686-9_2
- Luis, Filipe, Nakayama., William, Binotti., Chrystinne, Oliveira, Fernandes., Pia, Gabrielle, I., Alfonso., Leo, Anthony, Celi. The Digital Divide in Brazil and Barriers to Telehealth and Equal Digital Health Care: Analysis of Internet Access Using Publicly Available Data.. Journal of Medical Internet Research, (2023). doi: 10.2196/42483
- Sigulem D. Memorial Daniel Sigulem. São Paulo; 2004.
- Sigulem D. Um Novo Paradigma de Aprendizado na Prática Médica da Unifesp/EPM. São Paulo; 1997.
- Evaldo, F., Vilela. National Experience of Scientific and Technological Develop-ment in Brazil – CNPq. (2023). doi: 10.52600/2965-0968.bjcmr.2023.1.suppl.1.20
- Dilton, Cândido, Santos, Maynard. An Introduction to the History of the Internet: A Brazilian Perspective. (2018). doi: 10.1007/978-3-319-99289-1_2
- Universidade Federal de São Paulo. Linha do tempo do portal, 2019. Disponível em: https://www.unifesp.br/linha-do-tempo-do-portal
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