Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página

Estamos avançando no controle das infecções hospitalares e da resistência antimicrobiana no Brasil?

Publicado: Quarta, 17 de Maio de 2023, 15h05 | Última atualização em Terça, 30 de Maio de 2023, 11h00 | Acessos: 9294

 A higiene das mãos é reconhecida, mundialmente, como a medida mais importante na prevenção das infecções

Clique acima para ouvir o conteúdo abaixo.

As infecções hospitalares, também chamadas de infecções relacionadas à assistência à saúde (Iras), são uma ameaça à segurança do paciente. As Iras estão entre as principais causas de morbidade e de mortalidade nos serviços de saúde e da elevação de custos para o tratamento do doente. Embora muitos progressos tenham sido feitos na prevenção de infecções associadas à assistência à saúde, há muitos desafios que precisam ser superados. A prevenção das infecções hospitalares e da resistência antimicrobiana devem ser vistas como um esforço multidisciplinar que envolve toda equipe de assistência ao paciente.

O mês de maio, nos traz três importantes datas que devemos lembrar:

  • 05/05 - Dia Mundial da Higiene das Mãos: instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS);

  • 12/05 -  Dia Mundial da Enfermagem: em homenagem a Florence Nightingale, que nasceu em 12 de maio de 1820, uma lutadora pela segurança do paciente com as práticas de higiene nos hospitais; e

  • 15/05 - Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares em homenagem a Ignaz Semmelweis (1847) e instituída no Brasil pela Lei nº. 11.723/2.008.

 

Ignaz Semmelweis 1818 1865

 Ignaz Semmelweis (1818 – 1865) descobriu que a incidência de infecção pós-parto poderia ser drasticamente reduzida pela desinfecção das mãos. Pintura: Robert Thom 

 

Há 175 anos, o diretor médico e obstetra Ignaz Semmelweis defendeu a prática de lavar as mãos com hipoclorito de cálcio como uma atitude obrigatória para os médicos e estudantes, em um Hospital Geral de Viena. Semmelweis observou importante redução na taxa de mortalidade das puérperas que desenvolviam sepse puerperal, após a implantação da higiene das mãos. Ele relacionou as mortes das puérperas com as mãos dos médicos e estudantes que eram contaminadas por “partículas cadavéricas” na sala onde estudavam peças anatômicas no início das manhãs, antes de irem realizar os partos. Na época, não se conhecia a origem microbiológica das infecções, posteriormente comprovadas por Louis Pasteur, Ferdinand Cohn e Robert Koch.

Outro grave problema que atinge os hospitais brasileiros, principalmente as unidades de terapia intensiva, é a emergência de microrganismos resistentes aos antibióticos. Estamos ficando sem alternativas terapêuticas para tratar diversas infecções hospitalares e as opções disponíveis têm custo elevado. O foco principal do controle da resistência microbiana está na prevenção das infecções com intensificação de três processos: a higiene das mãos, a limpeza e desinfecção do ambiente e no gerenciamento do uso adequado de antimicrobianos no tratamento das infecções. São raras as instituições brasileiras que promovem trabalho consistente de prevenção da resistência microbiana, incluindo a rede privada.

 

higiene das mãos HSP

Campanha de higiene das mãos do Hospital São Paulo, Hospital Universitário da Unifesp, 05 de maio de 2023. Foto: Arquivo Pessoal

 

A higiene das mãos é reconhecida, mundialmente, como a medida mais importante na prevenção das infecções. É um dos pilares no controle das infecções hospitalares, incluindo aquelas decorrentes da transmissão cruzada de vírus, bactérias, fungos e microrganismos resistentes aos antibióticos.

O Brasil tem um importante Programa de Controle de Infecção Hospitalar que tem sido apoiado por diversas entidades nacionais e internacionais. Porém, torna-se necessário maior investimento dos poderes públicos em práticas de prevenção de infecções. É necessário ampliar os programas de formação dos profissionais de prevenção e controle das infecções hospitalares, o que torna mais importante o papel dos hospitais de ensino, principalmente ligados as instituições universitárias.

Entidades de fomento como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) têm auxiliado projetos de pesquisa no combate a resistência antimicrobiana como a Chamada CNPq/MCTI/CT-Saúde nº 52/2022 - Ações em Ciência, Tecnologia e Inovação para o enfrentamento da Resistência Antimicrobiana (RAM) que a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São Paulo e a Disciplina de Infectologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) foram contemplados e o Programa Cepid (Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão) apoiado pela Fapesp.

Os Hospitais Universitários têm papel fundamental na formação de especialistas multidisciplinares altamente qualificados para o país como médicos, enfermeiros, farmacêuticos, biomédicos, biólogos que poderão gerar conhecimento em pesquisas de alto nível como atuarem em diversas instituições brasileiras melhorando a qualidade assistencial e a segurança do paciente.   

O país avança no controle das infecções hospitalares e no combate a resistência antimicrobiana, porém, no atual cenário, de crise econômica e assistencial, especialmente dos hospitais de atendimento público ligados ao Sistema Único de Saúde, é fundamental valorizar os programas de prevenção e controle de infecção hospitalar, tendo como princípios a ciência, a ética, a empatia e colocando o paciente como centro da assistência segura.

 

 Autores 

eduardo medeiros

Eduardo Alexandrino Servolo Medeiros

Professor Associado da Disciplina de Infectologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) e presidente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São Paulo – SPDM - Unifesp. Pesquisador do CNPq e diretor científico da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI). Outras informações, clique aqui.

 

 

dayana

Dayana Fram

Professora Afiliada da Disciplina de Infectologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) e enfermeira doutora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São Paulo – SPDM – Unifesp. Outras informações, clique aqui.

 

 

 

Comissão de Epidemiologia Hospitalar – CCIH

Hospital São Paulo – SPDM – Unifesp.

Rua Napoleão de Barros, 715, 1º andar, Vila Clementino, São Paulo/SP

 

Avaliação do Usuário

Estrela ativaEstrela ativaEstrela ativaEstrela ativaEstrela ativa
 
Categoria:

Insegurança alimentar atinge 12,5% da população em São Paulo

Inquérito conduzido por docentes da Unifesp revela disparidades socioeconômicas e destaca a...

Redução de morte súbita em pacientes com doença de Chagas com uso de CDI

Pesquisa publicada no JAMA Cardiology, com participação do docente da Unifesp Angelo Amato de...

Mortalidade por câncer supera a de doenças cardiovasculares em 727 municípios no Brasil

Pesquisa revela mudança nas principais causas de mortalidade no Brasil entre 2000 e 2019,...

Estudo revela novos fatores de risco para demência e abre caminhos para prevenção no Brasil

Publicado na revista The Lancet, estudo elaborado por uma comissão da qual a pesquisadora Cleusa Ferri da...

Fim do conteúdo da página