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Curso de Tecnologia em Informática em Saúde: Interdisciplinaridade e Excelência para a Inovação
Conheça o curso de graduação que forma profissionais interdisciplinares, com sólida formação em informática e biologia, impulsionando a inovação tecnológica na área da saúde e recebendo reconhecimento máximo do MEC
Por Marcelo R. S. Briones
O Curso Tecnologia em Informática em Saúde foi criado em 2009. O parecer 29/2002 do Conselho Nacional de Educação, determina que “o curso superior de tecnologia deve contemplar a formação de um profissional apto a desenvolver, de forma plena e inovadora, atividades em uma determinada área profissional, e deve ter formação específica para: aplicação e desenvolvimento de pesquisa e inovação tecnológica; difusão de tecnologias; gestão de processos de produção de bens e serviços; desenvolvimento da capacidade empreendedora; manutenção das suas competências em sintonia com o mundo do trabalho; e desenvolvimento no contexto das respectivas áreas profissionais”.
Imagem: Hanlon Creative
Desta forma a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) iniciou a estruturação do curso, em um primeiro momento em torno do Departamento de Informática em Saúde, que já atuava na área, e incorporando professores de áreas afins e cujas disciplinas fossem incluídas no programa do curso. A ideia central é formar um tecnólogo com capacitação em áreas biológicas e exatas em igual proporção. A tese é de que a capacitação interdisciplinar torna mais eficiente a aplicação e desenvolvimento de tecnologias nesta área, se comparados com times mistos multidisciplinares.
Em 2023, recebemos pela primeira vez a nota máxima (5) na avaliação do MEC, o que é especialmente significativo considerando que nosso curso possui um currículo único no sistema nacional e não fazemos o Enade.
Por experiência própria em pesquisa, tínhamos naquela época esta percepção e contávamos com pesquisadores-professores tanto na área das ciências biológicas, como das ciências exatas na EPM/Unifesp. Tínhamos um professor, Francisco de Assis Ribas Boscos, que foi instrumental na implementação do curso. Ele era físico, vindo da Bélgica do laboratório do Prof. Ilya Prigogine (Prêmio Nobel de Química em 1977). Neste período, o Prof. Bosco conseguiu vagas de docentes específicos para o curso nos quais participei das bancas. Neste concurso inicial foram incorporados os Professores Fernando Martins Antoneli Junior (matemático e vice-coordenador do curso até 2022), e a Profa. Raquel Santos Marques de Carvalho (física e atual vice-coordenadora). A interação do Prof. Bosco com diversos grupos de pesquisa em medicina e saúde propiciou publicações e um clima de interação entre estas áreas o que trouxe dinamismo ao curso.
Somado a isto, já tínhamos a experiência do departamento, iniciado pelo Prof. Daniel Sigulem, com atuação forte na interação pioneira entre medicina e informática. Esta combinação possibilitou a criação com sucesso do curso. Em 2018-19 o curso fez uma importante alteração em sua estrutura curricular sendo melhor adaptada para as diretrizes do Ministério da Educação e Cultura (MEC), tais como distribuição das disciplinas (Unidades Curriculares - UCs) e carga horária total de 2.400 horas. Este importante processo foi capitaneado pelo Prof. Paulo Roberto Miranda Meirelles, na época professor da Unifesp, e atualmente professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (USP).
Objetivos e estrutura curricular do curso
O objetivo do curso é formar profissionais que entendam de computação e biologia básica aplicada à saúde. Esse entendimento interdisciplinar deve ser o ponto de partida para criar métodos inovadores, no campo da tecnologia e trabalhos originais, e mesmo descobertas, no campo da pesquisa básica. O curso inicialmente compartilhava unidades curriculares com demais cursos de tecnologias (oftálmica e radiológica) mas ao longo do tempo se individualizou. Toda a formação, no que tange às unidades curriculares fixas, é feita dentro do curso e o estudante tem a possibilidade de fazer UCs eletivas e optativas compartilhadas com outros cursos. Há também estágios e atividades complementares que são feitas nos diversos departamentos e grupos de pesquisa da EPM/Unifesp. Os estudantes saem do curso com uma ótima compreensão da estrutura do conhecimento biológico aplicado à saúde e excelentes habilidades computacionais em programação e sistemas.
Metodologia de ensino adotada e recursos utilizados
Dado o processo de internacionalização das universidades, o curso tem como foco ter em seu corpo docente pesquisadores que dão aula (do termo em inglês “professors”) e não professores que fazem pesquisa (“teachers”). Na vasta maioria, nosso corpo docente é formado por bacharéis sem licenciatura, portanto, configurando-se no primeiro grupo. No meu caso particular, fiz bacharelado e licenciatura na Universidade de São Paulo (USP) na graduação, mas pelo que vi dos currículos é mais uma exceção do que o padrão.
Tradicionalmente a EPM/Unifesp adota uma proposta pedagógica construtivista. Portanto, o professor deve ser um mediador para a busca de novos conhecimentos pelos estudantes, e deve criar condições para que o estudante vivencie situações e atividades interativas, nas quais ele próprio vai construir o conhecimento. Mas se a pedagogia é a estratégia (macro escala), a didática é a tática (microescala). Assim sendo, o curso adota práticas de ensino que seguem a estratégia geral de construção do conhecimento.
No entanto, os coordenadores das unidades curriculares são livres para escolher os métodos didáticos específicos e mais eficientes para as suas matérias individuais. Em geral as aulas são um misto de aulas expositivas com um pouco de método socrático e aulas práticas onde são executados exercícios para aplicação prática do conhecimento. Sendo um curso com forte componente de informática, a ampla maioria das atividades práticas são em computadores, tanto em laboratórios de ensino, quanto nos laboratórios onde os estudantes fazem seus estágios em pesquisa, tanto em laboratórios da EPM/Unifesp quanto em empresas privadas e hospitais. Por exemplo, nas UCs sob minha coordenação prefiro adotar práticas ligadas ao método de Carl Rogers, com o qual mais me identifiquei durante minha formação em licenciatura. Carl Rogers é um representante da psicologia humanista e da corrente humanista em educação. Como proposta de metodologia, a não-diretividade é característica. É um método não estruturante de processo de aprendizagem, pelo qual o professor não interfere diretamente no campo cognitivo e afetivo do aluno. Portanto, apesar de pedagogicamente adotarmos uma proposta construtivista, na didática podem ser adotadas outras metodologias complementares na escala da interação professor-estudante em sala de aula.
A ideia central é que os estudantes estejam expostos a ambientes de desenvolvimento de tecnologias em alto nível e de originalidade e excelência na pesquisa científica. Muito da tecnologia e inovação nesta área vem da pesquisa científica básica, onde são feitos projetos de mais alto risco e ideias tidas inicialmente como absurdas ou perigosamente originais podem ser testadas e se comprovadas fermentam inovação.
Principais áreas de estudo e disciplinas abordadas
Conquistas acadêmicas e reconhecimentos recebidos, incluindo a nota máxima na avaliação do MEC
Ao longo dos anos, nosso curso tem se destacado por suas conquistas acadêmicas e reconhecimentos, incluindo a nota máxima na avaliação do MEC. Seguindo um padrão internacional, diferenciamos os "estudantes" - aqueles que estão cursando as Unidades Curriculares (UCs) - dos "alunos" - ex-estudantes ou egressos.
Diversos prêmios e reconhecimentos foram concedidos aos estudantes do curso, ressaltando as conquistas recentes dos estudantes Gustavo Vinícius Alves e Miguel Garcia, que participaram de projetos premiados, como o Prêmio Dasa de Inovação em Medicina e o título de melhor trabalho em forma de pôster no congresso da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular.
Nossos ex-estudantes têm se destacado em posições profissionais na gestão hospitalar, tanto em instituições públicas, como o caso de Leonardo Martins, quanto em instituições privadas, como Olosegun Cid. Além disso, alguns de nossos ex-alunos têm se destacado em suas carreiras na área de pesquisa no exterior, como é o caso de Luiza Fabreti e Fernando Marcon.
A participação ativa de nossos estudantes e ex-alunos (egressos) foi fundamental durante nossas reuniões com a comissão de avaliação do MEC em junho deste ano. Destacamos especialmente os representantes de turma, Juliana Meneses (3º ano), Caroline Correa (2º ano) e Gabriel Yoshioka (1º ano), cujas contribuições foram valiosas nesse processo.
Em 2023, recebemos pela primeira vez a nota máxima (5) na avaliação do MEC, o que é especialmente significativo considerando que nosso curso possui um currículo único no sistema nacional e não fazemos o ENADE. A avaliação do MEC desempenha um papel essencial no processo de renovação do reconhecimento do curso, consolidando nosso compromisso com a excelência educacional.
Destaques | Alunos |
SARS-CoV-2 altera o RNA das células infectadas, revela estudo | João Henrique Coelho Campos e Gustavo Vinicius Alves |
Duas pesquisas apoiadas pela FAPESP recebem o Prêmio Dasa de Inovação Médica com Veja Saúde 2021 | Gustavo Vinícius Alves e Miguel Antonio do Nascimento Garcia |
Discente da EPM/Unifesp recebe prêmio em evento da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular | Miguel Antonio do Nascimento Garcia |
Perspectivas futuras e contribuições do curso para a área de informática em saúde
O apoio da diretoria da EPM/Unifesp, tanto na gestão anterior do Prof. Fulvio A. Scorza tanto na atual, do Prof. Magnus Dias da Silva foi fundamental para o fortalecimento e sucesso do curso. Estou como coordenador do curso desde agosto-setembro de 2022 onde tive a oportunidade de rever a atualizar nosso projeto pedagógico. Este curso, como estrutura dinâmica, está em processo de desenvolvimento e expansão, dados os excelentes resultados obtidos.
Uma das nossas principais propostas é fortalecer a interação entre os estudantes do nosso curso e os estudantes de medicina. O ápice do nosso currículo é o "projeto integrador", no qual os alunos trabalham em grupo para desenvolver projetos tecnológicos específicos, como programas e dispositivos para controle de dados biológicos. A intenção é promover uma colaboração mais estreita entre estudantes de diferentes cursos no Campus São Paulo, possibilitando a participação conjunta em projetos desse tipo.
Além disso, pensamos em instituir as “honras latinas” nos diplomas de graduação (Summa cum laude, Magna cum laude e Cum laude) como adotado na vasta maioria das melhores universidades do mundo e também adotada em instituições brasileiras tais como na Universidade Federal do Ceará e no Instituto Tecnológico de Aeronáutica ITA.
Não basta falar de excelência, também é necessário promovê-la, reconhecer publicamente e formalizar no diploma. Estas honras latinas são dadas com base nas notas obtidas na média geral do curso. O orador da turma de formandos é o Valedictorian que em geral é quem obteve a maior média de aproveitamento. Este é o padrão internacional.
A introdução de mais conteúdos e material didático em inglês é também uma de nossas metas, que segue as diretrizes da pós-graduação e seu processo de internacionalização, como materializado no Programa Institucional de Internacionalização – CAPES - PrIntT. Devemos lembrar que internacionalização não é simplesmente intercâmbio acadêmico, onde a Unifesp já tem bons números. Internacionalização é muito mais extenso e implica na mudança de estrutura e gestão dos cursos e administração de forma a adequar ao padrão das melhores universidades internacionais. Isso é essencial para o fortalecimento e sucesso deste curso específico.
Mais informações sobre o curso: clique aqui
Marcelo Ribeiro da Silva Briones
Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Informática em Saúde.
Possui Bacharelado e Licenciatura em Biologia pela Universidade de São Paulo. Fez Mestrado pela Universidade de São Paulo e Doutorado pela Universidade Federal de São Paulo e Pós-doutorado pela New York University (EUA). É professor da EPM/Unifesp.Tem experiência na área de Genômica e Biologia Molecular, com ênfase em processos evolutivos e bioinformática. É membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, Life Fellow do Galton Institute (Reino Unido). É editor associado de bioinformática e biologia computacional do periódico "Frontiers in Genetics" e coordenador do Centro de Bioinformática Médica da EPM/Unifesp. É membro pleno eleito da Sociedade Científica "Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society" dos Estados Unidos (EUA). Outras informações: clique aqui
Pesquisa publicada no JAMA Cardiology, com participação do docente da Unifesp Angelo Amato de...
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