Inquérito conduzido por docentes da Unifesp revela disparidades socioeconômicas e destaca a...
Por Alexandre Milanetti
A microbiota intestinal humana é um ecossistema complexo feito de trilhões de microrganismos que exercem inúmeras funções importantes para nosso corpo. A já comprovada correlação estreita e bidirecional entre a microbiota intestinal e o cérebro indica que o desequilíbrio intestinal pode desempenhar um papel vital no desenvolvimento, função e distúrbios do sistema nervoso central, incluindo os distúrbios neurológicos, de humor e do sono.
A interação entre a microbiota e o cérebro é tamanha (eixo intestino-cérebro), que esta é considerada por muitos pesquisadores(as) como nosso segundo cérebro. O cérebro interage com a microbiota intestinal de forma direta e indireta por diversas vias, incluindo o nervo vago, vias endócrinas, imunes e bioquímicas. A disbiose intestinal – desequilíbrio de bactérias da microbiota intestinal – tem sido associada a distúrbios neurológicos de diferentes formas que envolvem ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, desequilíbrio na liberação de neurotransmissores, inflamação sistêmica e aumento da permeabilidade do intestino e da barreira hematoencefálica.
Um recente estudo, publicado no último dia 14 de agosto na revista Arquivos de Neuro-Psiquiatria, da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), enfatiza a importância da microbiota intestinal na prevenção e tratamento de distúrbios neurológicos e psiquiátricos. As doenças mentais e neurológicas se tornaram mais prevalentes durante a pandemia da covid-19 e são uma questão essencial na saúde pública em todo o mundo.
“Compreender a importância de diagnosticar, prevenir e tratar a disbiose é fundamental, já que o desequilíbrio microbiano intestinal é um fator de risco significativo para esses distúrbios”, explica Maria Fernanda Naufel, uma das autoras do artigo e pós-doutoranda em Nutrição pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A pesquisadora diz que esta recente revisão sintetiza a influência da disbiose intestinal nos transtornos mentais e neurológicos, incluindo Parkinson, Alzheimer, Esclerose Múltipla, Epilepsia, distúrbios do dono e distúrbios de humor como depressão e ansiedade (todos tratados nesta revisão). Maria Fernanda salienta ainda que a composição da microbiota pode ser afetada pela dieta, metabolismo, idade, estresse, temperatura, sono, medicamentos, entre outros fatores. “Nossa revisão também aborda os possíveis tratamentos para disbiose intestinal”, completa a pesquisadora da Unifesp.
A imagem (à direita acima) que acompanha o estudo foi usada, inclusive, na capa da edição 81 da publicação da ABN. Todos(as) os(as) autores(as) desta revisão são pesquisadores(as) da Unifesp. Além de Maria Fernanda Naufel, assinam o estudo Fernando Morgadinho Santos Coelho, professor livre-docente associado ao Departamento de Neurologia e Neurocirurgia; Giselle Truzzi, doutora pelo Departamento de Psicobiologia; e Caroline Marcantonio Ferreira, professora adjunta do Departamento de Ciências Farmacêuticas e orientadora pelo Departamento de Biologia Química e Patologia.
Fonte: DCI/Unifesp
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