Agosto Dourado, mês do aleitamento materno
Período de destacar a importância da amamentação e incentivá-la
A campanha conhecida como Agosto Dourado foi instituída no Brasil pela Lei nº 13.435 de 12 de abril de 2017 que determina que, no decorrer do referido mês, serão intensificadas ações de conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno. São trinta dias, em que são celebrados a promoção, a proteção e o apoio ao aleitamento.
Amamentar é um dos melhores investimentos para salvar vidas e melhorar a saúde pois, assegura um crescimento saudável da criança e reduz 33% os riscos de doenças crônicas na idade adulta, diminuindo significativamente os custos para as famílias e sociedade. O aleitamento materno é capaz de evitar a morte anual de 1,3 milhão de crianças menores de cinco anos.
Tema de 2020
As campanhas, que ocorrem em mais de 120 países, têm a missão de conscientizar as pessoas para essa prática tão relevante para a nutrição e saúde infantil, contribuindo para a discussão do tema e esclarecimento da população sobre a importância da amamentação. Quanto mais é discutida a temática, mais as mulheres buscam informação e apoio para amamentar, um benefício para as famílias e toda a sociedade.
O tema escolhido de 2020 foi “Apoie o Aleitamento Materno por um Planeta Saudável”, e o enfoque é informar sobre as ligações entre a amamentação e o ambiente/mudança climática; fixar a amamentação como uma decisão climática inteligente, uma vez que o aleitamento materno é natural, renovável e ambientalmente seguro; proteger, promover e apoiar o aleitamento materno para a saúde do planeta e de sua população. A proposta e seus principais objetivos vão de encontro com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, que destacam a repercussão negativa do não aleitamento não só para a saúde da criança, como para a poluição do planeta.
Origem e símbolo da campanha
A história da Semana Mundial de Aleitamento Materno teve início em 1990, durante o encontro da Organização Mundial de Saúde (OMS) com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (em inglês: United Nations Children's Fund - Unicef), momento em que foi elaborado documento conhecido como Declaração de Innocenti. Para pôr em prática o que foi acordado pelos países, em 1991, foi fundada a Aliança Mundial de Ação pró-Amamentação (WABA). A Aliança estabelece, a cada ano, o tema a ser trabalhado, distribuindo materiais que são traduzidos em 14 idiomas. Porém, a data e o tema podem ser adaptados em cada país, para que sejam alcançados melhores resultados.
No Brasil, o Ministério da Saúde é o órgão coordenador da Semana desde 1999, sendo responsável pela adequação do tema para o nosso país e pela elaboração e distribuição de cartazes e folders.
A importância do aleitamento e seus desafios
Inúmeros estudos comprovam os benefícios, tanto para a saúde da criança como da mulher que amamenta, a curto e longo prazo. O aleitamento materno é considerado como “a ação isolada mais eficaz para o combate à mortalidade infantil”, segundo a OMS e a Unicef.
O leite humano é tão especial, que é produzido na medida certa pela mulher, atende todas as necessidades do bebê, nas diferentes fases da vida, inclusive suas necessidades de proteção imunológica como na prematuridade. Considerado o alimento ideal para crianças de zero a seis meses de idade de forma exclusiva (somente leite materno) e complementado com alimentação saudável a partir desta idade até dois anos ou mais, segundo recomendação da OMS.
Apesar disso, as taxas de aleitamento no Brasil ainda estão abaixo do esperado. Pesquisa realizada entre fevereiro de 2019 e março de 2020 com 14.505 crianças menores de cinco, o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), apresentou números preliminares mostrando uma taxa de 45,7% de aleitamento materno exclusivo entre crianças até seis meses de vida, apesar de que 53% das crianças continua sendo amamentada no primeiro ano de vida.
O desafio entre as crianças prematuras é ainda maior, visto as condições de saúde da criança quando internada em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Por esta razão os Bancos de Leite Humano (BHL) atuam para a captação, processamento e distribuição do leite humano para as crianças em situação de internação, quando as mães não conseguem extrair seu leite. Além disso, os Bancos de Leite Humano atendem às mulheres que já estão em casa com seus filhos, mas que apresentam alguma dificuldade para amamentar. Esta política pública nacional possibilita proteger e promover o aleitamento materno, contribuindo para melhores taxas.
Centro Ana Abrão
A proteção, promoção e o apoio ao aleitamento materno são estratégias fundamentais para criar um ambiente favorável para a prática da amamentação e, consequentemente, para os padrões de alimentação infantil saudável.
O Centro Ana Abrão - Assistência, Ensino e Pesquisa em Aleitamento Materno e Banco de Leite Humano (antigo CIAAM - Centro de Incentivo e Apoio ao Aleitamento Materno) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) vem trabalhando desde 2002 para atender a população de mães e crianças. Em 2019, realizou 8.342 atendimentos de lactantes e doadoras, coletou e distribuiu 127 litros de leite cru de mães lactantes com filhos prematuros internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, coletou 466 litros de leite humano de mães doadoras e realizou 544 visitas domiciliares, contribuindo para uma sociedade mais saudável e sustentável.
Para a doação de leite humano, as mulheres devem entrar em contato com o banco de leite humano mais próximo de sua residência, uma vez que cada unidade possui sua área de cobertura específica. O Banco de Leite Humano da Unifesp atende bairros da zona sul do município de São Paulo: Vila Mariana, Vila Clementino, e região do Hospital São Paulo.
Caso não seja desta região, encontre o BLH mais próximo de sua residência por meio do link: https://rblh.fiocruz.br/localizacao-dos-blhs
Caso você tenha alguma dúvida ou esteja com dificuldade para amamentar, entre em contato pelo telefone / whatsApp 5576-4891, de segunda a sexta-feira, das 07h às 16h, exceto finais de semana e feriados.
Kelly Pereira Coca
Enfermeira obstetra, consultora em amamentação pela International Board Certified Lactation Consultant (IBCLC) desde 2008. Tem Mestrado e Doutorado em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Pós-doutorado pela La Trobe University na Austrália. Atualmente, é docente da Escola Paulista de Enfermagem (EPE/Unifesp) e coordenadora do Centro de Aleitamento Materno e Banco de Leite Humano da Unifesp, o Centro Ana Abrão.
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