Setembro Amarelo e a Valorização da Vida
Prevenir e conscientizar é o melhor caminho
O suicídio trata-se de uma violência autoprovocada, com a intenção de que a pessoa termine com sua própria vida, sendo um fenômeno de natureza multifatorial. Nesse sentido, deve-se evitar a atribuição de um único “motivo” que poderia levar o indivíduo a este comportamento e evitar culpabilizar outros por mortes dessa natureza. Há que considerar que, para cada vida perdida, existem pais, filhos, amigos e pessoas próximas, intensamente afetadas, que também estão em sofrimento e devem receber atenção, respeito e cuidado especializado.
Campanha mundial
No dia 10 de setembro, celebramos o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, idealizado pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio, possibilitando que as pessoas ao redor do mundo aumentem a conscientização sobre o suicídio e as estratégias de prevenção, visto que estas mortes podem ser evitadas.
Em 2020, a campanha mundial tem como tema “Trabalhando juntos para prevenir o suicídio”, com base na importância da colaboração de toda a sociedade para esta ação, como famílias, escolas de educação básica e superior, projetos comunitários, entidades religiosas, poder público, profissionais de saúde, de segurança pública e de imprensa.
Recentemente, foi promulgada a Lei nº 13.819/2019, que institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, apresentando, dentre seus objetivos, a prevenção da violência autoprovocada, a garantia de acesso das pessoas em sofrimento aos serviços de saúde e o cuidado aos familiares e pessoas próximas impactadas por este fenômeno.
Alguns fatores podem estar relacionados ao risco para o suicídio e, apesar de não serem determinantes para que um suicídio ocorra, podem ser entendidos como “pontos de alerta” para a prevenção: histórico pessoal e familiar de transtorno mental, histórico familiar de suicídio, tentativas de suicídio anteriores, abuso físico ou sexual, conflitos familiares, ausência de apoio social, crises financeiras, perdas afetivas, situações altamente estressantes e acesso a meios letais. Ressalta-se que estas são condições tratáveis e/ou passíveis de serem manejadas com apoio profissional, daí a importância de obter ajuda adequada.
Desse modo, a disposição pessoal para buscar e/ou receber a ajuda e também a boa comunicação familiar, crianças pequenas na família, rede de apoio familiar e social, práticas religiosas/espirituais, emprego, manter o sono, a alimentação e a atividade física regulados, bem como o acesso a serviços de saúde mental, são fatores que podem proteger as pessoas contra o risco de suicídio.
No Brasil, a campanha acontece durante o mês de setembro. No entanto, devemos conceber a prevenção do suicídio como uma ação imprescindível no decorrer do ano todo.
Valorização da vida
A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) tem realizado ações à comunidade interna e externa, no sentido de prevenir o suicídio e valorizar a vida. Acesse aqui o folder contendo dicas elaboradas por especialistas. Aos nossos estudantes, é garantido atendimento no Núcleo de Apoio ao Estudante1 (NAE) e no Serviço de Saúde ao Corpo Discente2 (SSCD).
Pesquisadores, docentes, profissionais e estudantes também realizam suas práticas de ensino, de pesquisa e de assistência à prevenção do suicídio no Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental (Caism) da Vila Mariana, oferecendo cuidado a pessoas com transtornos psiquiátricos, encaminhadas pelo sistema da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (CROSS), além dos atendimentos no Pronto Socorro Psiquiátrico.
Fonte: Divulgação/CVV
Onde buscar ajuda?
Caso necessite de ajuda próximo à sua residência, procure pela equipe profissional de uma Unidade Básica de Saúde, que pode oferecer cuidado especializado ou direcioná-lo a outros serviços, se for o caso. Para situações de emergência, é possível dirigir-se a um pronto socorro, acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (Samu), pelo número telefônico 192 e até mesmo entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) por meio de chat ou ligação gratuita para o número 188, que funciona 24 horas por dia, em todo o território nacional.
Atualmente, nosso país atravessa desafios que precisam ser superados para atender à recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), de considerar a prevenção do suicídio como alta prioridade nas políticas públicas. Para tal, o investimento e o acesso a serviços de saúde mental são fundamentais, para idosos, adultos, adolescentes e crianças, pois estas também podem apresentar sofrimento mental que culmine com comportamento suicida.
Setembro Amarelo no Campus SP
Vamos juntos prevenir o suicídio e valorizar a vida!
Neste ano, a promoção da saúde mental de crianças e adolescentes será o foco de evento realizado pela Escola Paulista de Enfermagem (EPE) e Escola Paulista de Medicina (EPM) - Unidades Universitárias do Campus São Paulo da Unifesp, promovido pelo grupo de pesquisa SleepEMent e pela Liga Acadêmica de Enfermagem Pediátrica (LAEnPed). Esta população tão especial, vivenciando tantos desafios em tempos de pandemia, deve ser uma responsabilidade de toda a sociedade, visando o futuro desenvolvimento do País.
Para mais informações sobre o evento, clique aqui.
Por Lucía Silva
Enfermeira especialista em Saúde da Família pela Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp). Mestre em Enfermagem Psiquiátrica e Doutora em Ciências pela EE-USP. Pós Doutora pela EE-USP, na área de suicidologia. Atualmente é docente do Departamento de Enfermagem Pediátrica da Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (EPE/Unifesp) e líder do Grupo de Pesquisa SleepEMent (sono, ambiente e saúde mental), cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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