Doação de órgãos, um ato de generosidade com o próximo
Faça a sua parte para a vida continuar
A campanha Setembro Verde é relativa ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, 27 de setembro de cada ano, instituído pela Lei nº 11.584/2.007. A data tem por objetivo conscientizar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos, tecidos e células, e pretende incentivar as pessoas a conversarem com seus familiares e amigos sobre o assunto, pois a ação só ocorre com autorização dos parentes mais próximos.
Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) identificou três motivos principais para a alta taxa de recusa familiar, presentes também em outros países: incompreensão sobre o diagnóstico de morte encefálica e, portanto, de entender que a pessoa faleceu; falta de preparo da equipe para fazer a comunicação sobre a morte e religião. Mas, esta postura pode ser mudada com compaixão e solidariedade.
No Brasil, a doação de órgãos após a morte só acontece com a autorização dos familiares. Avise sua família sobre o desejo de doar.
O que é doação de órgãos?
Doação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas. Muitas vezes, o transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para as pessoas que precisam. É fundamental que a população se conscientize da importância do ato de doar um órgão. Doar órgãos é doar vida.
A legislação determina que a família é a responsável por essa decisão. Isto significa, que a informação de doador ou não doador de órgãos, registrada no documento de identidade ou Carteira Nacional de Habilitação (CNH) não tem valor legal. Mas, pode ajudar a família a saber a vontade do seu parente falecido.
Transplante de órgãos e tecidos
- O que é?
O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na substituição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor), por outro órgão ou tecido normal de um doador vivo ou falecido.
- Doador Vivo
A pessoa maior de idade e capaz juridicamente pode doar órgãos a seus familiares. No caso de doador vivo não aparentado é exigida autorização judicial prévia.
- Quem pode doar em vida?
O médico deverá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças prévias. A compatibilidade sanguínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso.
- Quais os órgãos/tecidos podem ser obtidos de um doador não vivo?
Órgãos: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino.
Tecidos: córneas, válvulas cardíacas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias.
Ou seja, um doador falecido consegue beneficiar mais de uma pessoa que está aguardando por um órgão ou tecido, e com isso, possibilita qualidade de vida ao receptor.
- Quem recebe os órgãos/tecidos doados?
Após efetivada a doação, a Central de Transplantes do Estado é comunicada e por meio do seu registro de lista de espera seleciona seus receptores mais compatíveis.
A lista de espera é um sistema que busca organizar os potenciais receptores por prioridade clínica, priorizando os indivíduos mais graves e mais compatíveis com o órgão a ser doado.
Como a Unifesp se insere nesse contexto?
A Unifesp conta com um corpo de especialistas, mestres e doutores, que conduzem pesquisas visando o aprimoramento do processo de doação e transplante de órgãos e tecidos. Por meio das pesquisas são identificados os pontos críticos, são feitas sugestões de melhorias e não é medido esforços para que a doação e transplante no Brasil esteja cada vez mais próximo da excelência.
Na Escola Paulista de Enfermagem, Unidade Universitária do Campus São Paulo da Universidade Federal de São Paulo (EPE/CSP/Unifesp), há o Grupo de Estudos em Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Gedott), que conduz a maioria das pesquisas e os resultados são incorporados rapidamente na prática assistencial devido ao forte vínculo que a universidade mantém com esse cenário.
Por Bartira de Aguiar Roza*
Enfermeira especialista em doação e transplante de órgãos e tecidos e transplante pela Unifesp, com mestrado e doutorado sobre a temática na Unifesp. Líder do Grupo de Estudos em Doação de Órgãos e Tecidos e Transplante (Gedott/CNPq). Docente do Departamento de Enfermagem Clínica e Cirúrgica da Escola Paulista de Enfermagem (EPE/Unifesp). Coordena o Projeto de Implantação do Sistema Nacional de Biovigilância em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pesquisadores da área no Brasil, financiado pelo Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (Pnud).
(*) participação de Renata Leite e Alessandra Duarte Santiago
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