História - Departamento Fisiologia

Na fundação de uma escola médica, onde a existência de um Departamento de Fisiologia é uma obrigação legal, foi sábia a decisão dos fundadores da Escola Paulista de Medicina em trazer Thales Martins para nela instalar seu primeiro curso de Fisiologia. Convidado por iniciativa de Afrânio do Amaral, Thales Martins aceita, em 1934, a regência da cadeira de Fisiologia, a qual acumulou com as funções de Assistente-Chefe do Instituto Butantã onde viria a fundar o que todos ficariam conhecendo como “Instituto de Endocrinologia”. Como um dos precursores deste ramo da Medicina, logo demonstrou a importância da fisiologia para a formação médica. Auxiliado no início por Raul Franco de Mello, Ananias Pereira Porto e Silva, José Ribeiro do Valle e Maurício Rocha e Silva, trabalhavam na Escola Paulista de Medicina e Instituo Butantã em regime “sui generis” de tempo integral, na feliz expressão de Ribeiro do Valle. Com a volta de Thales Martins ao Instituto Oswaldo Cruz em 1941, foi contratado para seu lugar Paulo Enéas Galvão, que exercia naquela época as funções de Chefe do Serviço de Fisiologia do Instituto Biológico de São Paulo, para onde veio em 1928 com apenas 26 anos de idade e já como um fisiologista internacionalmente consagrado. Ninguém melhor do que Galvão para preencher a lacuna deixada por Thales Martins, como viria a demonstrar nos anos subsequentes com os trabalhos sobre metabolismo basal no homem e animais do clima tropical. Estabelecendo um padrão para o metabolismo do homem dos trópicos pôs ao mesmo tempo em cheque a validade da conhecida “lei da superfície corporal”. Efetivado em 1944, após concurso para a Cátedra de Fisiologia, teve ao longo de 25 anos de permanência na Escola Paulista de Medicina a colaboração de João Pereira Júnior, J. Papaterra Limonge, Luiz Gonzaga Saraiva, Sérgio Paladino, Geraldo Nogueira, Carlos A. E. Magalhães, João Batista Perfeito, Jacob Tarasantchi, Pedro Guertzenstein, Augusto Elias Limãos, Adriana Kowalesky e Mirian Sterman Dolnikoff.

Galvão aposentou-se aos 65 anos, quando ainda gozava plena saúde. Ficou em seu lugar Jacob Tarasantchi que acabava de passar por concurso de livre-docência. Galvão ainda continuaria na Fisiologia por cerca de um ano na qualidade de Coordenador de Pesquisas conforme decisão da Diretoria da Escola. Após a transformação do antigo Departamento de Biofísica e Fisiologia em dois Departamentos Tarasantchi preocupou-se desde logo em expandir o então Departamento de Fisiologia atraindo alguns docentes como Jurandyr D’Avila Assumpção, Newton Bernardi, Mauro Antônio Griggio, Vera Lídia Costa Silva, Antonio Carlos Silva, Turíbio Leite de Barros Neto. Mais tarde, em 1970, juntou-se ao grupo Ivan Izquierdo, vindo de Córdoba, Argentina e reunindo logo grande número de pós-graduandos interessados nos estudos de fisiologia do comportamento. Após curto espaço de tempo rumou para o sul deixando em seu lugar Esper Abrão Cavalheiro, mas não sem antes fundar a Disciplina de Neurofisiologia e Fisiologia Endócrina, vindo o remanescente do Departamento a compor a Disciplina de Fisiologia Geral. O Departamento de Fisiologia foi composto por estas duas Disciplinas até o início da década de 1990 quando, em função do aumento significativo em seu quadro docente houve a remodulação e criação de novas Disciplinas.