Inquérito conduzido por docentes da Unifesp revela disparidades socioeconômicas e destaca a...
Menopausa não é doença, mas exige cuidado
O termo menopausa é, muitas vezes, utilizado indevidamente para designar o climatério
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A Sociedade Internacional de Menopausa (International Menopause Society - IMS), em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS), designou o dia 18 de outubro como o Dia Mundial da Menopausa. Ficamos honradas em poder dissertar sobre um assunto tão importante para todas as mulheres. Felizes as que conseguem viver muito tempo na pós-menopausa.
Maior expectativa de vida feminina
Em 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relatou que a expectativa de vida da população masculina chegou a 72,2 anos e a feminina atingiu 79,3. Com esse aumento da expectativa de vida, as mulheres passam 1/3 da vida no período pós menopausa, o que leva a medicina a estudar estratégias para assegurar uma qualidade de vida e evitar as consequências patológicas que a menopausa pode trazer à saúde feminina.
Menopausa ou climatério?
A menopausa é apenas um marco na nova fase de vida da mulher chamada climatério. Ela representa a data da última menstruação e denominamos uma mulher “menopausada” quando ela não apresenta menstruações por 12 meses. Quando os ciclos menstruais se modificam, ficam bem irregulares e a mulher ainda apresenta alguns dos sintomas característicos abaixo, essa mulher pode estar no que chamamos de Transição Menopausal:
- fogachos (calores),
- despertares noturnos,
- insônia,
- irritabilidade,
- diminuição de libido,
- dor à relação (penetração),
- batedeira,
- dor nas juntas,
- dor muscular,
- tontura,
- zumbido,
- cefaleia.
E finalmente quando a menstruação não apareceu durante um ano ou mais e há intensificação dos sintomas, a mulher realmente entrou na menopausa. Os seus ovários não produzem mais hormônios sexuais femininos (estradiol e progesterona) e os hormônios sexuais masculinos (androstenediona e testosterona) caem para metade na menopausa. Essa modificação de status hormonal (hipoestrogenismo fisiológico em decorrência da atresia folicular) é o que gera todos os sinais e sintomas da menopausa.
Menarca: primeira menstruação; Menopausa: fim da menstruação; Climatério: fase de transição do período reprodutivo para o não reprodutivo. (Imagem: Vitallogy)
O climatério é uma fase de transição do período reprodutivo para um período não reprodutivo, que pode ter muito impacto na qualidade de vida. A mulher climatérica pode apresentar repercussões psicológicas pela incapacidade reprodutiva, sinal marcante de envelhecimento; físicas com as mudanças metabólicas e de distribuição da gordura corporal; osteomusculares com a maior atividade de reabsorção óssea e sarcopenia; gênito-urinárias com secura e ardor vaginal, alteração do controle da urina; sexuais com redução importante da libido e maior dificuldade de atingir o orgasmo.
Além de todas essas repercussões, as mais importantes e com impacto em aumento da mortalidade são os riscos de doenças cardiovasculares (DCV), causa número um em mortalidade nas mulheres da pós-menopausa e as causas oncológicas, em especial, o câncer de mama, considerado o segundo maior câncer entre as mulheres, perdendo somente para o câncer de pele não melanoma. Sem dúvida o câncer de mama é a maior causa de mortalidade global por câncer nas mulheres.
Menopausa e Terapia Hormonal
Durante essa fase, mais de 70% das mulheres apresentam sintomas. E devemos ter atenção a essas mulheres. Segundo a Sociedade Brasileira de Climatério (SOBRAC) existem situações que as mulheres merecem receber Terapia Hormonal (TH), quando não apresentarem contra indicações, por exemplo, história prévia de câncer de mama e endométrio, infarto agudo do miocárdio.
Situações para uso de TH sistêmica (oral ou transdérmica por meio de gel ou adesivos), segundo a SOBRAC:
- Sintomas vasomotores, fogachos
- Prevenção e Tratamento de osteoporose
- Menopausa Precoce (<40 anos), independentemente de apresentar sintomas
Situações para uso de TH local (creme ou comprimidos vaginais), segundo a SOBRAC:
- Síndrome Génito Urinário da Menopausa (SGUM) – manifestações atróficas urogenitais – secura vaginal, dor na relação sexual, infecções vaginais/urina de repetição
Quando a mulher só apresenta queixas da SGUM, optamos sempre pelo tratamento local. No entanto, se ela apresenta queixas de fogachos associados a SGUM, optamos pelo tratamento sistêmico, que em geral resolve tudo. Mas, cerca de 30% das pacientes em tratamento sistêmico permanecem com queixas de atrofia vaginal e neste caso associamos os dois tratamentos, local e o sistêmico. A indicação de TH SEMPRE na janela de oportunidade, isto é, os primeiros dez anos a contar da última menstruação da mulher. Quanto mais perto da menopausa ela começar a TH, maiores os benefícios e menores os riscos associados. De acordo com estudos recentes, podemos observar uma tendência à proteção cardiovascular da mulher quando iniciada a reposição hormonal dentro da janela. No entanto, aquela mulher que nos procura com 15 ou mais anos de menopausa para iniciar uma reposição, a TH pode ser de fato um risco cardiovascular.
Cinco pilares do bem-estar
A mensagem mais importante que nós mulheres temos que ter é manter os 5 pilares do bem-estar para uma boa qualidade de vida e reduzir risco de doenças cardiovasculares/oncológicas:
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Alimentação saudável pobre em gorduras animais, gorduras saturadas, carboidratos simples e processados; rica em derivados do leite para um aporte de 1000 mg de cálcio por dia e baixo consumo de álcool.
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Atividade física regular, 150-300 minutos por semana.
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Sono de qualidade – faça a higiene do sono (menos luz, celular, e TV na hora de dormir.
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Relações sociais – saia com suas amigas, converse mais, sorria.
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Equilíbrio mental – vá em busca da sua espiritualidade, pratique yoga, técnicas de relaxamento.
Autoras
Marair Gracio Ferreira Sartori
Professora Titular e chefe do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Outras informações, clique aqui.
Rita de Cássia de Maio Dardes
Professora Adjunta do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Vice-chefe da Disciplina de Ginecologia Endócrina e Climatério da EPM/Unifesp. Membro da Comissão Nacional Especializada do Climatério da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Outras informações, clique aqui.
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