Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página

Muda perfil de doadores de corpos: pessoas têm procurado mais essa alternativa

Publicado: Quarta, 14 de Março de 2018, 11h53 | Última atualização em Segunda, 27 de Julho de 2020, 19h04 | Acessos: 24951

Diminui o cadáver de indigente e mais familias procuram as Escolas Médicas

Por Renato Conte

anatomia 1Já faz algum tempo que as faculdades de Medicina vêm chamando a atenção na dificuldade em conseguir doadores de corpos para estudos. Magno Vieira, 59, biólogo e professor de Anatomia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) há 33 anos, afirma que qualquer pessoa pode ser doador e não há limite de idade. A única regra é que a morte tenha ocorrido por causas naturais. "Todo o ritual, da doação dos órgãos ao velório pode ser realizado antes da família enviar o corpo para a faculdade", explica. "Mas, uma vez entregue, não é possível mais visitar o parente nem levar flores, por exemplo."

Um corpo doado pode ser utilizado por mais de 50 anos. Quando não tiver mais condições, ele (ou parte dele) é enterrado em um cemitério municipal. Os familiares são convidados a participar, no dia 31 de julho, de uma cerimônia ecumênica em homenagem ao cadáver, que é celebrada no Laboratório de Anatomia Descritiva na EPM/Unifesp. 

Caso haja a vontade e a decisão de ser um doador, a pessoa precisa preencher um documento (leia abaixo), assiná-lo, reconhecer firma em cartório e, depois, entregar o formulário original na faculdade escolhida. É imprescindível comunicar esse desejo aos familiares.

A lei 8.501, de 1992, e o artigo 14 da lei 10.406, de 2002, regulamentam a doação de cadáver para ensino e garantem que o corpo será utilizado apenas para esse fim. Também garantem o direito da pessoa voltar atrás e revogar a resolução em qualquer momento.

Abaixo, seguem alguns esclarecimentos sobre as principais dúvidas e a importância de ser um doador de corpo.      

1) Com a falta de corpos, quais os riscos para as escolas médicas darem prosseguimento ao ensino?

Magno Vieira: Sem o cadáver, o ensino de Anatomia seria comprometido, pois é por meio dele que o aluno tem o primeiro contato com o corpo real de um ser humano, reconhece as estruturas e suas relações regionais, bem como as camadas do corpo. É no Laboratório de Anatomia que os futuros médicos e enfermeiros começam a desenvolver o respeito ao corpo, a relação médico/paciente e, acima de tudo, é o contato mais próximo entre vida e morte. Muitas escolas médicas já utilizam modelos de partes do corpo humano e software no ensino de Anatomia, que considero como complemento do ensino e não como substituição ao cadáver. 

2) Na EPM já se utiliza de tecnologia para compensar uma possível falta?

MV: Não utilizamos nenhuma tecnologia. Nosso objeto de estudo continua sendo o cadáver. Por esse motivo, é importante esclarecer sobre doação de corpos, pois acreditamos que será, em curto prazo de tempo, a saída para a obtenção de material cadavérico para o estudo de Anatomia.

3) Por que estamos com mais dificuldades de doadores na cidade de São Paulo? Como podemos melhorar isso?

MV: As dificuldades, acredito, estão associadas ao desconhecimento, questões religiosas e familiares e preconceito. Para mudarmos esse cenário, precisamos de uma campanha ostensiva, se possível, na mídia televisiva e escrita, bem como, veicular em redes sociais o programa de doação de corpos da EPM/Unifesp, convidando as pessoas a visitarem o site e esclarecerem as dúvidas sobre o assunto.

4) Os parentes não respeitam o pedido/desejo do doador?

MV: Os familiares têm toda a liberdade para escolher, ou seja, seguir com a doação ou sepultamento/cremação. No entanto, apesar de não sabermos se um potencial doador veio a óbito, percebemos que os familiares têm respeitado o desejo de seu ente e a doação se concretiza.

Acesse este link e conheça as regras para ser um doador:  http://dmorfo.sites.unifesp.br/index.php/informes-2/27-programa-de-doacao-de-corpo

Avaliação do Usuário

Estrela ativaEstrela ativaEstrela ativaEstrela inativaEstrela inativa
 
Categoria:

Insegurança alimentar atinge 12,5% da população em São Paulo

Inquérito conduzido por docentes da Unifesp revela disparidades socioeconômicas e destaca a...

Redução de morte súbita em pacientes com doença de Chagas com uso de CDI

Pesquisa publicada no JAMA Cardiology, com participação do docente da Unifesp Angelo Amato de...

Mortalidade por câncer supera a de doenças cardiovasculares em 727 municípios no Brasil

Pesquisa revela mudança nas principais causas de mortalidade no Brasil entre 2000 e 2019,...

Estudo revela novos fatores de risco para demência e abre caminhos para prevenção no Brasil

Publicado na revista The Lancet, estudo elaborado por uma comissão da qual a pesquisadora Cleusa Ferri da...

Fim do conteúdo da página