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Contra o câncer de ovário, a melhor prevenção é a informação
8 de maio conscientiza sobre o segundo tipo de neoplasia ginecológica
Estima-se para o biênio 2020-2022, 6.650 novos casos no país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
No Brasil, o câncer do ovário é o segundo câncer ginecológico mais comum, ficando atrás somente do câncer do colo do útero. Excluídos os tumores da pele não melanoma, ocupa a oitava posição entre as neoplasias mais incidentes no sexo feminino.
A maioria absoluta das neoplasias do ovário – 95% – é derivada das células epiteliais, ou seja, aquelas que revestem o ovário. Os outros 5% vêm de células germinativas (que dão origem aos óvulos) e de células estromais (as que produzem a maior parte dos hormônios femininos).(2)
(Crédito: BP)
Subtipos do câncer do ovário
Os três principais grupos são(1):
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Câncer epitelial do ovário – vem da superfície do ovário (o epitélio) e é o subtipo mais comum. O câncer de tuba uterina e o câncer primário do peritônio estão incluídos neste grupo.
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Câncer de células germinativas do ovário – origina-se nas células reprodutivas ou germinativas dos ovários, ou seja, aquelas que dão origem aos óvulos.
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Câncer de células dos cordões sexuais e estroma do ovário – forma-se nas células do tecido conjuntivo, de sustentação.
Como o câncer do ovário epitelial é a forma mais comum e de maior letalidade, nos referiremos a ele como “câncer do ovário”.
(Crédito: BP)
Sintomas
O câncer do ovário é uma doença silenciosa e em seus estágios iniciais não costuma apresentar sintomas específicos.(2)
À medida que o tumor cresce, pode causar(2,5):
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Inchaço no abdômen;
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Dor no abdômen;
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Dores na região pélvica, nas costas ou nas pernas;
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Náuseas;
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Indigestão;
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Funcionamento anormal do intestino;
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Fadiga constante;
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Perda de apetite e de peso sem razão aparente;
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Sangramento vaginal anormal, especialmente depois da menopausa;
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Aumento na frequência e/ou na urgência de urinar.
Sintomas como aumento do volume abdominal, dor abdominal, sintomas intestinais, sangramento vaginal e queixas urinárias, embora inespecíficos, quando persistentes, especialmente na pós-menopausa, devem ser levados em consideração pelas mulheres e pelos profissionais responsáveis pelos seus cuidados, pois podem anteceder os diagnósticos de câncer do ovário em vários meses.
Diagnóstico
Não existe exame para o rastreamento do câncer do ovário. Por esta razão e associado ao fato dos sintomas deste câncer serem facilmente confundidos com outras doenças e condições de saúde menos graves, seu diagnóstico é realizado em fase avançada da doença.(6)
Diante da suspeita clínica, serão realizados exame clínico ginecológico e exames laboratoriais e de imagem (que ajudam a identificar a presença de ascite – ou acúmulo de líquidos – e a extensão da doença). Caso haja suspeita de câncer do ovário, é feita uma avaliação cirúrgica.(7)
A utilização rotineira de exames como ultrassonografia e marcadores tumorais não é recomendada como testes de rastreamento de câncer do ovário em mulheres assintomáticas, mesmo após os 50 anos de idade ou na pós-menopausa.
Tratamento
O câncer do ovário pode ser tratado com cirurgia ou quimioterapia baseada em platina.(2,7) A escolha depende do tipo de tumor, do estadiamento (estágio em que a doença se encontra), idade e condições clínicas da paciente.(2)
Para estágios iniciais, a abordagem é a cirurgia com ou sem quimioterapia. Estágios avançados podem ser tratados com cirurgia seguida de quimioterapia, quimioterapia seguida de cirurgia ou quimioterapia exclusiva.(7)
Câncer de ovário e seus fatores de risco e proteção
Os fatores de risco são(2,7):
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Idade – quanto mais avançada a idade, maior a incidência de carcinoma epitelial do ovário;
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Fatores reprodutivos – mulheres que nunca tiveram filhos tendem a apresentar risco aumentado para câncer do ovário;
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Fatores hormonais – menarca precoce (primeira menstruação antes dos 12 anos) e menopausa tardia (após os 52 anos) podem estar associadas ao maior risco de câncer do ovário;
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Obesidade;
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Histórico familiar – de cânceres do ovário, colorretal e de mama, especialmente em parentes de primeiro grau;
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Fatores genéticos – mutações genéticas, como BRCA1 e BRCA22. Para mutações em BRCA1, a estimativa de risco de câncer do ovário varia de 20 a 50%. Para BRCA2, as estimativas variam de 5 a 23%. Em pacientes com esta alteração, a retirada dos ovários e tubas uterinas conferem importante proteção contra o câncer do ovário.
Diante de desconfianças, a mulher deve ser avaliada por seu(a) médico(a) ginecologista, que solicitará os exames necessários para o seu caso.
Já entre fatores de proteção, temos:
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Multiparidade;
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Amamentação por 18 meses ou mais;
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Menopausa precoce;
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Dieta pobre em gordura;
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Uso de contraceptivos orais (pílula anticoncepcional) por cinco anos ou mais;
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Laqueadura tubária ou retirada das tubas.
Referências
1. World Ovarian Cancer Coalition – What is Ovarian Cancer?
3. World Ovarian Cancer Coalition – Key stats.
4. INCA – Estatísticas de câncer
5. World Ovarian Cancer Coalition – Symptoms & Risks
6. Agência Brasil - Especialista alerta para sintomas do câncer de ovário
7. INCA – Câncer de Ovário – Versão para Profissionais de Saúde. Disponível em:
8. Chen S, Parmigiani G. Meta-analysis of BRCA1 and BRCA2 penetrance. Journal of Clinical Oncology. 2007;25(11):1329-1333
Autores
Sérgio Mancini Nicolau
Professor Adjunto Livre Docente e chefe da Disciplina de Ginecologia Oncológica do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Graduado em Medicina (EPM/Unifesp, 1980), mestre e doutor em Ginecologia (EPM/Unifesp, 1992 e 1997). Outras informações, clique aqui.
Michelle Samora de Almeida
Oncologista clínica do Departamento de Oncologia Clínica e Experimental da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Residência médica em Cancerologia Clínica (EPM/Unifesp, 2013) e doutorado em Ginecologia Oncológica (EPM/Unifesp, 2018). Outras informações, clique aqui.
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