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Será que é autismo?
2/04 - Dia Mundial de Conscientização do Autismo
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Dia 2 de abril é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data, escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU), tem como objetivo levar informação à população em relação ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), a fim de reduzir a discriminação e o preconceito contra os indivíduos que apresentam o transtorno.
Em 2001, o Instituto Mauricio de Sousa foi convidado por uma representante da Universidade de Harvard para desenvolver um projeto com o objetivo de alertar a população sobre os sintomas do Transtorno do Espectro do Autismo. Após meses de estudos, em 2003, nasceu André, um personagem autista para fazer parte da Turma da Mônica. (Fonte: Revista Autismo)
O que é autismo?
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que se manifesta, essencialmente, por uma dificuldade do indivíduo se comunicar socialmente e por um repertório de interesses restrito. Isso significa que indivíduos com autismo, ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), podem ter dificuldades para interagir com outras pessoas e fazer parte de grupos sociais; para compreender e se comportar apropriadamente em diferentes situações; para entender nuances da comunicação e fazer amigos. É muito comum que crianças com TEA apresentem comportamentos “excêntricos” e desenvolvam interesses específicos por determinados temas, o que costuma lhes afastar ainda mais de situações de socialização. É claro que todos estes comportamentos podem estar presentes em diferentes graus e combinações, pois crianças com TEA podem ter habilidades e dificuldades muito variadas.
Quando a criança tem outras dificuldades associadas, como déficit de atenção, alterações de fala e/ou linguagem, por exemplo, o cenário pode se tornar ainda mais complexo. O dilema do “ovo ou a galinha” costuma estar muito presente neste processo de realização do diagnóstico diferencial: as dificuldades de interação e comportamento são causa ou consequência das dificuldades de atenção, fala e/ou linguagem? Às vezes pode ser difícil responder essa questão.
É relativamente comum a confusão entre TDL e TEA, especialmente para crianças que, à primeira vista, apresentam um conjunto semelhante de manifestações.
Existe um grupo de crianças que apresentam alterações primárias de linguagem, que não são explicadas por outras condições. Ou seja, elas não têm uma deficiência intelectual ou auditiva, lesão neurológica, síndrome genética nem TEA, mas ainda assim têm dificuldade para aprender linguagem. Estas crianças recebem o diagnóstico de Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL). A maioria das crianças com TDL tem interesse em buscar contato e interagir com os outros. No entanto, algumas podem não saber muito bem como fazê-lo, pois não é fácil construir amizades e socializar quando se tem dificuldades para compreender linguagem e se fazer compreender. Como consequência, muitas crianças com TDL acabam se retraindo e evitando situações comunicativas.
Como fazer para diferenciar estes quadros?
Em primeiro lugar, é muito importante que crianças com queixas de dificuldades na interação social e alterações de fala e/ou linguagem sejam avaliadas por uma equipe competente. Esta equipe pode incluir fonoaudiólogos, pediatras, psiquiatras ou neurologistas infantis, psicólogos e terapeutas ocupacionais, dentre outros profissionais. Uma avaliação minuciosa multidisciplinar geralmente resolve grande parte destas dúvidas e ajuda a direcionar a família na busca do melhor tratamento. Às vezes, no entanto, a equipe ainda pode ter dúvidas diagnósticas, mesmo depois de uma avaliação detalhada. Nestes casos, é recomendado aquilo que chamamos de “terapia diagnóstica”. Isso significa que a criança iniciará terapia e a equipe acompanhará o progresso terapêutico durante três a quatro meses, em média. Após este período, alguns comportamentos apresentados pela criança ficam mais claros e a própria evolução terapêutica contribui para a realização do diagnóstico diferencial.
Esta é uma área complexa que exige profissionais muito bem preparados para acolher a família e identificar as habilidades, potencialidades, dificuldades e necessidades das crianças. O diagnóstico preciso abre portas, pois ajuda os pais a buscarem o tratamento mais adequado para os seus filhos e oferecer melhores condições para o seu desenvolvimento. Este caminho se dá a partir da conscientização da população sobre os diferentes quadros que acometem a fala e a linguagem, e da formação de profissionais cada vez mais capacitados para diagnosticar e reabilitar crianças com TEA ou TDL de maneira inclusiva e completa.
Por Marina Puglisi
Fonoaudióloga especialista em Desenvolvimento da Linguagem e suas alterações. Professora adjunta do Departamento de Fonoaudiologia da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana da EPM/Unifesp, coordenadora do curso de especialização em Linguagem e Fala da Unifesp e coordenadora do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Assistência em Linguagem Infantil (NEPALI). Outras informações, clique aqui.
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