O Cine Debate é uma atividade proposta pela EPE e EPM e compõe a Semana da Consciência Negra...
Prof. João Chaker Saba
João Chaker Saba
(17/06/1948 – 26/07/2021)
Essa história começa de maneira irreverente, quando o então amigo e colega de equipe do meu pai (José Carlos S. de Andrade) pediu para ser o meu padrinho. Assim era o João Chaker Saba. Dessa forma, quando eu nasci, o João Saba já se preparava para me batizar e cumprir a bela missão de zelar por sua afilhada. E que padrinho maravilhoso e presente!
Logo trouxe a Samira para nosso convívio. Uma mulher linda e doce que com amor e delicadeza se dedicou ao João como ninguém. Porque o João sempre deu muito trabalho! Extremamente ativo e cheio de energia sofreu alguns acidentes devido a uma disritmia cerebral que se manifestava esporadicamente, resultando em batidas de carro e quedas de cavalo (uma outra paixão que nutria).
Com a Samira fez um lindo casamento. A família ficou completa com a chegada da Daniella e da Marina que fizeram o João criar juízo, deixando de dirigir e de montar cavalos. Passou a estudar, também, a modalidade do adestramento e se tornou juiz em competições.
Samira foi sua motorista oficial até o surgimento de uma possibilidade de tratamento cirúrgico que foi um sucesso e permitiu que o João gozasse plenamente de sua liberdade de ir e vir, de butecar com os amigos e se divertir com a família.
Formou-se médico na Escola Paulista de Medicina e, logo após o término da sua residência, atuou como perfusionista na Equipe Cardiocir (até então dos Drs. Enio Buffolo, José Carlos S. de Andrade e Antônio Carlos C. Carvalho) ganhando experiência e conhecimentos sobre os tratamentos cirúrgicos das cardiopatias. Neste mesmo período, acompanhando as atividades da Equipe, atuava também no Hospital do Coração, em São Paulo. Deu sequência a uma carreira pautada sempre em profundo saber e ética.
Participou das atividades da Cardiologia, da Cirurgia Cardiovascular e da Cardiologia Pediátrica. Teceu uma ampla rede de amigos por onde passou e fazia questão de brindar a vida junto a eles, como acontecia aos finais de semana no Jabuti.
O médico João Saba foi um apaixonado pela cardiologia e, em especial pela cardio-pediatria. Mestre na propedêutica, abrilhantava nossas reuniões clínicas semanais da Disciplina de Cirurgia Cardiovascular e do Heart Team, passando conhecimento, analisando a história clínica e o exame físico, descrevendo os achados radiográficos, discutindo o eletrocardiograma e exames complementares. Sua formação era em Cardiologia clínica mas seu conhecimento sobre os tratamentos cirúrgicos tornavam-no o mais clínico dos cirurgiões! Com uma personalidade forte e um espírito determinado, muitas vezes de forma calorosa e enfática, perdia a pouca paciência e se inflamava nas discussões que, invariavelmente terminavam com risadas e cafézinho no Xaxim.
A Medicina, para ele, constituia-se em uma verdadeira arte, ensinando e sempre reforçando que a anamnese e o exame físico são fundamentais e, na maioria das vezes, suficientes para a elucidação diagnóstica.
Sempre alegre e solícito, o Professor João distribuía afeto e dividia conhecimentos. Era acima de tudo generoso com seus colegas, alunos, amigos e pacientes.
Sua força de trabalho era invejável. Nos últimos anos passou por cirurgias de quadril e coluna, mas nunca acatava o tempo de afastamento recomendado; logo estava de volta aos corredores do hospital. Precisava colocar toda sua energia para “circular” e seu forte, definitivamente, não era obedecer!
Foi com essa força que enfrentou as bridas intestinais, sequelas causadas por um dos acidentes automobilísticos que sofreu há mais de 30 anos. Passou por várias cirurgias em pouco tempo, mostrando coragem e resistência. Enfrentou as complicações. Contou com a família e amigos ao seu lado. A Marina veio de Madri e a Dani veio de Paris com a Eva nos braços. Sim! O João virou vovô em 2021. Ficou aos cuidados do Dr. Abrão Cury, o Abrãozinho, competente profissional e incansável na dedicação em salvar o amigo. João lutou sua luta, persistiu e resistiu até onde pode.
Seu espírito aventureiro, agora, poderá desbravar outras dimensões. Deixa conosco as fortes lembranças que marcaram sua passagem.
Gosto de pensar como Henry Sobel: “Imagine que você está à beira-mar e vê um navio partindo. Você fica olhando, enquanto ele vai se afastando, cada vez mais longe, até que finalmente aparece apenas um ponto no horizonte. Lá o mar e o céu se encontram. E você diz: “Pronto, ele se foi. "Foi aonde? Foi a um lugar que a sua visão não alcança, só isso. Ele continua tão grande, tão bonito e tão imponente como era quando estava perto de você. A dimensão diminuída está em você, não nele. E naquele momento em que você está dizendo: "Ele se foi”, há outros olhos vendo-o aproximar-se e outras vozes exclamando com alegria: “Ele está chegando”.
Vai em paz querido João, sua próxima parada, certamente, está em festa e te aguarda com a alegria que você merece! Estará sempre em nossos corações.
Veridiana Silva de Andrade
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