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Quem vê cara, não vê epilepsia

Publicado: Quinta, 25 de Março de 2021, 19h41 | Última atualização em Quarta, 07 de Abril de 2021, 20h09 | Acessos: 67194

Dia Roxo é comemorado em 26 de março

O Brasil começou a participar mais ativamente do movimento a partir de 2011 e a cada ano mais pessoas se envolvem com a causa.

O “Purple Day” ou “Dia Roxo”, comemorado no dia 26 de março, foi criado em 2008, por uma menina canadense chamada Cassidy Megan que tinha 9 anos na época. Com a ajuda da Associação de Epilepsia da Nova Escócia, escolheu a cor roxa para representar a epilepsia, isso pois ela achava que a flor lavanda, muito associada com a solidão, representava bem a forma que as pessoas com epilepsia se sentiam, sozinhas e isoladas. Neste dia as pessoas são incentivadas a se vestir de roxo e ocorrem várias atividades em prol da conscientização da epilepsia.

 

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A doença - A epilepsia é uma doença neurológica crônica não contagiosa, que atinge quase 2% da população. Caracterizada pela ocorrência de pelo menos duas crises epilépticas espontâneas, ou seja, sem um estímulo que cause a crise, a epilepsia gera consequências para o cérebro, podendo prejudicar a aprendizagem, memória, questões psicológicas e sociais, afetando de forma direta a vida do paciente e de seus familiares e cuidadores.

CausasPode ser uma lesão no cérebro, decorrente de uma forte pancada na cabeça, uma infecção (meningite, por exemplo), neurocisticercose ("ovos de solitária" no cérebro), abuso de bebidas alcoólicas, de drogas, etc. Às vezes, algo que ocorreu antes ou durante o parto. Muitas vezes não é possível conhecer as causas que deram origem à epilepsia.

 

Tipos

Existem uma grande variedade de crises epilépticas, variando de paciente para paciente a constância e forma dos ataques. Atualmente, classifica-se as crises epiléticas em dois grandes tipos:

 

Diagnóstico e Tratamento 

É preciso ter em mente que nem toda perda de consciência, nem todo desmaio, nem toda câimbra é uma crise de epilepsia. O diagnóstico depende de uma entrevista entre médico e paciente e exames.

O médico conversa com o paciente analisando se o que está sendo relatado tem aspecto de crise. Muitas vezes, o paciente procura um neurologista porque alguém achou que era uma crise epiléptica, mas foi um desmaio simples causado por uma queda de pressão, por exemplo. Então, com o auxílio de um eletroencefalograma, um exame de imagem, uma tomografia ou uma ressonância, o médico consegue ter um diagnóstico mais preciso.

O tratamento é feito com o uso de um ou mais medicamentos que evitam o “curto circuito” cerebral, que são a origem das crises, mas cerca de 30% das pessoas com epilepsia possuem as epilepsias refratárias, que são aquelas onde a crise não é controlada com medicamento anticrise, neste caso, quando indicado, a pessoa deve fazer uma investigação cirúrgica.

 

Em caso de crise epiléptica

 

calma crise epiléptica

(Crédito: ABE)

 

Convivendo com a epilepsia

Atualmente ainda existem muitas dúvidas em relação a doença, como por exemplo: A pessoa com epilepsia pode dirigir? Estas pessoas podem praticar esportes? Essas pessoas podem fazer o uso de bebidas alcóolicas? A epilepsia é contagiosa? O que eu devo fazer quando vejo alguém tendo uma crise?

convivendo com a epilepsiaInfelizmente, as pessoas com epilepsia, precisam passar por diversos desafios diários, como a falta de oportunidades de emprego, necessidade de acompanhamento médico regular, além de ter que lidar com o preconceito da sociedade.

Através da história, inúmeras pessoas anônimas e famosas conviveram com a epilepsia, alguns exemplos são: o pintor Van Gogh, o cantor de rock Ian Curtis, a escritora Agatha Christie e Machado de Assis, o imperador Júlio César e o Papa Pio XI, mostranto que a epilepsia pode atingir pessoas de diferentes idades, regiões e níveis socioeconômicos.

Por causa da falta de conhecimento sobre a doença, desde o início dos tempos, foi relacionada com questões espirituais, antigamente quando uma pessoa tinha crise, os outros diziam que ela estava sendo possuída por demônios, recebendo algum tipo de castigo divino, ou até que estava mostrando sinais de loucura e demência. Com o passar dos anos, graças à evolução da Ciência e da Medicina, este conceito de possessão foi caindo por terra, mas até hoje em alguns nichos da sociedade esta crença perdura e o preconceito se inicia no próprio lar.

 

Promoção do conhecimento

Criada há mais de 30 anos, pelo professor Esper Abrão Cavalheiro, com o auxílio de diversos colegas e estudantes da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) tendo diversos docentes Epemistas como presidentes, a Associação Brasileira de Epilepsia (ABE) tem como objetivos centrais:

  • Promover o entendimento geral das epilepsias;

  • Disseminar conhecimentos e fornecer subsidios para o melhor entendimento médico e social das epilepsias;

  • Divulgar conhecimentos à população em geral para diminuir o estigma e o preconceito;

  • Formar grupos de auto-ajuda e possibilitar a reabilitação profissional;

  • Lutar pelo fornecimento regular dos medicamentos antiepilépticos nos Postos de Saúde e Hospitais Públicos.

A ABE realiza diversas campanhas, ações de assistência social e também uma série de lives mensais, falando sobre trabalho, cirurgia, medicamentos, exercício e epilepsia, bem estar, voltadas justamente para a conscientização e aumento da disseminação do conhecimento sobre a doença para as pessoas que a tem e para os que não a tem.

Este ano a ABE lançou a campanha “Quem vê cara não vê epilepsia” com a idéia justamente de mostrar às pessoas que a epilepsia é uma doença que pode afetar qualquer pessoa e que as pessoas devem ser definidas pelos seus atos e não pela sua doença. A epilepsia é apenas uma condição, não deve ser motivo para exclusão de ninguém.

 

Autoras

Débora Amado Scerni Bióloga com doutorado em Neurociência pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Professora aposentada da Disciplina de Neurociência da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp). Orientadora de mestrado, doutorado e supervisora de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Neurologia/Neurociência da EPM/Unifesp. Amanda Cristina Mosini Bióloga e doutoranda em Neurociências pelo Programa de Pós-Graduação em Neurociências da EPM/Unifesp. Representante discente suplente na Comissão de Ensino de Pós-graduação (CEPG) do Programa de Neurociências da EPM/Unifesp.

Currículo Lattes: Débora e Amanda

 

 

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