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Obesidade infantil: mais do que uma questão de medidas, uma questão de saúde

Publicado: Quarta, 01 de Junho de 2022, 13h21 | Última atualização em Quinta, 02 de Junho de 2022, 10h51 | Acessos: 43357

Um problema de saúde sério e traz riscos para a saúde adulta

Ouça acima o conteúdo deste artigo.

O Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil, celebrado neste 3 de junho, pretende alertar a população sobre os riscos e cuidados necessários para combatê-la.

 

O Ministério da Saúde e a Organização Panamericana de Saúde (OPAS/OMS) mostram que 12,9% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos de idade têm obesidade, e 21% dos adolescentes entre 12 e 17 anos estavam obesos. Destes, 2,6% já apresentaram a síndrome metabólica, quando tem três dos seguintes componentes: acúmulo de gordura na região abdominal, HDL-colesterol baixo, triglicérides elevado, glicose elevada ou pressão arterial elevada.

 

O que é obesidade?

A obesidade é quando a criança tem excesso de gordura no corpo. O diagnóstico é feito pela distribuição do peso do corpo em relação à estatura, pelo índice de massa corporal (IMC) ou pela distribuição do peso em relação à idade. No caso das crianças e adolescentes, estas relações são comparadas com a curva de crescimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) e avalia-se o quanto a medida está próxima ou distante do que foi observado no padrão de crescimento das crianças de mesmo sexo e idade. A partir do quanto a medida se distancia do padrão de crescimento, é classificado como sobrepeso ou obesidade.

 

curva de crescimento

As curvas de crescimento constituem um importante instrumento técnico para medir, monitorar e avaliar o crescimento de todas as crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, independente da origem étnica, situação socioeconômica ou tipo de alimentação. Desnutrição, sobrepeso, obesidade e condições associadas ao crescimento e à nutrição da criança podem ser detectadas e encaminhadas precocemente. Saiba mais em: Vigilância Alimentar e Nutricional 

 

O que causa a obesidade?

O ganho de peso adequado durante a gestação e uma boa nutrição para garantir a reserva de micronutrientes para o(a) bebê são formas de proteger a criança de várias doenças no futuro.

Acontece quando há um consumo de alimentos acima do que o organismo usará para manter as suas atividades do dia a dia. Assim, tudo o que o organismo não utiliza, é armazenado em forma de gordura.

Além do consumo excessivo de calorias após o nascimento, o ganho de peso durante a vida intrauterina é importante. O(a) bebê que passou por restrição calórica durante a vida intrauterina corre o risco de nascer com baixa estatura para idade. O(a) bebê exposto(a) ao ambiente obesogênico, com muita oferta de alimentos de alta densidade calórica, ganhará peso rapidamente na sua infância, com uma facilidade em acumular gordura na região abdominal, aumentando o risco de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis.

O que os estudos científicos têm mostrado é que filhos(as) de mães obesas ou com diabetes gestacional têm maior risco de desenvolver obesidade ou diabetes quando adulto(a). São as alterações metabólicas que aconteceram durante a vida gestacional.

 

Como a obesidade infantil afeta o corpo?

obesidade e saúde

Imagem: Guia Infantil

 

A obesidade pode causar várias doenças crônicas não transmissíveis como:

  • doença cardiovascular (infarto e derrame);

  • diabetes tipo 2;

  • hipertensão;

  • dislipidemia (caracterizadas pela presença de níveis elevados de lipídios, ou seja, gorduras no sangue);

  • alguns tipos de câncer como esôfago, estômago, pâncreas, vesícula biliar, fígado, intestino, rins, mama, ovário, endométrio, próstata, boca, faringe, laringe, tireoide;

  • Mas também asma, apneia do sono, cálculo biliar, cálculo renal, infertilidade e osteoartrite.  

 

Como evitá-la?

Manter o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade - além de ser o alimento completo para o(a) bebê, protege a mãe contra o câncer de mama e diabetes e proporciona o ganho de peso adequado ao(à) bebê; introdução da refeição a partir dos seis meses com qualidade, com a oferta de alimentos do grupo de feijões, cereais, raízes ou tubérculos; carnes ou ovos; frutas; legumes e verduras. Quando possível, colocar mais de um alimento desses grupos.

 

1 2 3 e já obesidade infantil

Imagem: Ministério da Saúde

 

Todos, independentemente da idade, devem evitar os alimentos ultraprocessados que são os alimentos industrializados ricos em açúcar e gordura. Evitar as bebidas adoçadas, refrigerante, sucos industrializados porque o organismo não consegue registrar que está ingerindo calorias e não emite o alerta de que atingiu a saciedade. Não substituir por bebidas com adoçantes artificiais porque esses alteram a flora intestinal e aumentam o risco de resistência à insulina. Substitua as bebidas adoçadas por água, se não conseguir, experimente água saborizada com fatias de abacaxi, morango, limão, folhas de hortelã e capim santo.

Leia o rótulo: se entre os ingredientes constar gordura hidrogenada vegetal, margarina, óleo de palma, evite ou consuma com moderação. Estes alimentos contêm gordura trans, que aumenta o colesterol total, colesterol ruim (LDL) e reduz o colesterol bom (HDL).

Além disso, se obesidade é quando tem o acúmulo de gordura no corpo, vamos queimá-las. Para isso, é recomendado praticar atividade física.

  • Entre as crianças de 0 a 2 anos de idade, incentivar a serem ativas várias vezes por dia.

  • De 3 a 5 anos, fazer pelo menos 180 minutos de atividade física de qualquer intensidade ao longo do dia. Brincadeiras como andar de bicicleta, atividades na água, jogos de perseguir e com bola, natação, danças, lutas.

  • Entre 6 e 19 anos, praticar atividade física de intensidade moderada a vigorosa por pelo menos 60 minutos diariamente, como: pedalar, nadar, correr, saltar.

  • O tempo em frente à tela como televisão, tablet, celular, jogos eletrônicos devem ser limitados a 2 horas por dia.  

 

Referência

Ministério da Saúde. Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos: versão resumida. Brasília- DF, 2021.

 

Por Luciana Yuki Tomita

Luciana Yuki Tomita

Professora adjunta do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Nutricionista com doutorado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP). É coordenadora dos projetos de extensão Compostagem, Horta e Jardinagem: cuidando da saúde, mente e planeta, Necessidades de saúde, território e cuidado no SUS e orientadora titular do Programa de Pós-graduação em Nutrição da Unifesp. Outras informações, clique aqui

 

 

 

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