Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página

Semana da Tireoide

Publicado: Quinta, 26 de Maio de 2022, 09h31 | Última atualização em Terça, 31 de Maio de 2022, 11h28 | Acessos: 59804

Perguntas e respostas sobre a glândula e seus hormônios

Ouça acima o conteúdo deste artigo.

No dia 25 de maio comemora-se o Dia Internacional da Tireoide. Na Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) , teremos a semana da tireoide , de 23 a 27 de maio de 2022. Este ano, a campanha liderada elegeu o tema “MENOS É MAIS”, para refletir sobre as escolhas mais adequadas e “sem excesso” no diagnóstico e tratamento dos nódulos da tireoide e tratamento do hipotireoidismo no idoso. As mensagens da campanha visam discutir as abordagens em relação aos diversos exames disponíveis e orientações sobre o tratamento destas disfunções tireoidianas.

O que é a tireoide ? 

A tireoide é uma glândula, em formato de borboleta, que fica na região cervical anterior do pescoço. Ela é controlada pelo hormônio tireoestimulador (TSH), produzido por outra glândula, a hipófise. A tireoide produz os hormônios tireoidianos, T4 e T3.

como funciona a tiroideFuncionamento da tireoide - Fonte: CB Endocrinologia e Metabolismo

Onde atuam os hormônios da tireoide?

Os hormônios da tireoide agem em todo nosso corpo, estimulando os órgãos a exercer várias funções. Atuam, por exemplo, na pele, no cabelo, coração, intestino, ovário, testículo, auxiliam para manutenção da temperatura do corpo e controle do metabolismo. Eles são importantes também para a formação dos órgãos fetais (principalmente o cérebro), crescimento e desenvolvimento. Assim, eles também são importantes para a fertilidade e reprodução, formação dos órgãos fetais, crescimento e desenvolvimento. 

O que é hipotireoidismo?

É uma condição na qual a produção dos hormônios pela glândula tireoide (T3 e T4) está diminuída, ou seja, a tireoide funciona menos do que deveria, o que faz com que nosso organismo não funcione corretamente e nossas funções corpóreas fiquem lentas. Esse quadro clínico-laboratorial é chamado de hipotireoidismo. É a doença mais prevalente da tireoide . É mais prevalente em mulheres e aumenta com a idade. 

Quais são os sinais e sintomas do hipotireoidismo?

Quando o paciente tem sinais ou sintomas do hipotireoidismo como cansaço, obstipação, pele seca, queda de cabelo, intolerância ao frio, perda de memória, sonolência, alterações menstruais, entre outros, o médico deve fazer avaliação da função tireoidiana.

Como é realizado o diagnóstico do hipotireoidismo?

É realizado por meio do exame clínico e, principalmente, pela mensuração das concentrações do TSH e do T4 livre no sangue. Quando o TSH está acima dos valores de normalidade para uma determinada população e o T4 livre está normal, indica a presença de hipotireoidismo subclínico. Quando o TSH está aumentado e o T4 livre reduzido, temos o hipotireoidismo. Importante ressaltar que os idosos podem apresentar fisiologicamente valores de TSH mais elevados, com uma faixa de normalidade acima da faixa da população geral, por isso é preciso mais cautela na hora de fazer o diagnóstico de hipotireoidismo no indivíduo idoso, utilizando de preferência valores de referência específicos para a faixa etária.

Como é realizado o tratamento do hipotireoidismo?

O tratamento de escolha para o quadro é realizado com uma medicação chamada levotiroxina. Uma vez em tratamento, o indivíduo deve ser controlado adequadamente, evitando causar o oposto do hipotireoidismo, que é o excesso de hormônio - a tireotoxicose -definida como a situação clínica desencadeada pelo excesso de hormônios tireoidianos circulantes. Neste quadro de tireotoxicose, os hormônios tireoidianos estão aumentados no sangue e tudo funciona muito mais rápido, o que pode comprometer o funcionamento adequado de vários órgãos e sistemas, especialmente o coração, os ossos e o cérebro.. Para evitar as complicações como arritmia cardíaca, osteoporose e fratura dos ossos, entre outras complicações, devido ao excesso de tratamento em casos em que não seria indicado, a campanha de 2022 tem como objetivo alertar a população em geral e os médicos que “cuidado é fundamental na hora de diagnosticar e tratar o hipotireoidismo, principalmente no indivíduo idoso, pois nem sempre o tratamento é indicado”

O que é o hipertireoidismo?

A segunda principal doença que afeta essa glândula é o hipertireoidismo, quando funciona mais do que deveria. O hipertireoidismo é caracterizado pelo aumento na produção e liberação dos hormônios tireoidianos (T4 e T3) pela glândula tireoide e se não tratado pode levar a outros problemas de saúde. Desta forma, trata-se de uma hiperfunção tireoidiana, que tem como causa, em cerca de 80% dos casos, a Doença de Graves. O hipertireoidismo também é mais frequente em mulheres do que em homens.

Quais são os sinais e sintomas do hipertireoidismo? 

Deve-se ficar atento aos sinais e sintomas como pele quente e úmida, manifestações cardíacas (taquicardia, hipertensão, arritmia), nervosismo, ansiedade, irritação, fraqueza muscular, mãos trêmulas, sudorese excessiva, intolerância a temperaturas quentes, queda de cabelo, intestino solto, rápido crescimento das unhas com tendências a descamação, perda de peso importante, alterações no ciclo menstrual, acelerada perda de cálcio dos ossos com aumento do risco de osteoporose e fraturas, entre outros. Ainda, como mencionado, o hipertireoidismo pode complicar o período da gravidez e afetar a fertilidade feminina.

Atenção para o excesso de exames e tratamento dos nódulos da tireoide!

11745312 1046003512084931 8273513267161007348 n
Possíveis sintomas do Hipo e do Hipertireoidismo - Fonte: Ministério da Saúde

Todo mundo tem nódulo da tireoide?

Cerca de 4-7% da população apresenta um nódulo palpável na tireoide. A prevalência varia de acordo com o método de detecção utilizado. Quando métodos de alta resolução são utilizados, como ultrassonografia, a prevalência pode chegar até 67% na idade adulta. A prevalência de nódulo tireoide é baixa em crianças (cerca 1,5%) e aumenta linearmente com a idade. Ocorre 3 vezes mais nas mulheres do que nos homens. Importante ressaltar que a maioria dos nódulos tireoidianos são lesões benignas, apenas 5 a 10% deles são malignos. Sendo, o risco de malignidade igual para o nódulo palpável como para não-palpável do mesmo tamanho.

Com que frequência deve ser realizado o ultrassom da tireoide?

O ultrassom de tireoide não deve ser um exame de rotina. Diferente do ultrassom de mama, o screening de nódulos da tireoide utilizando ultrassom não é indicado, devido a alta prevalência do nódulo na população adulta, principalmente nas mulheres a partir dos 50 anos. As sociedades médicas do mundo todo são consensuais ao recomendar que o ultrassom de tireoide deve ser solicitado apenas aos pacientes com nódulo palpável ou com outras alterações detectadas no exame físico ou como forma de complementação diagnóstica. Desta forma, o ultrassom, além de gerar um estresse dispensável ao paciente, aumenta os custos para o sistema de saúde e, muitas vezes, pode levar a uma cirurgia desnecessária e associar-se a complicações, além da necessidade da reposição de hormônios da tireoide para resto da vida.

Assim: Devemos focar nos casos em que é indicado o uso de ultrassom.

Todo nódulo precisa ser puncionado?

O médico deve avaliar as características do nódulo para a indicação de punção por agulha aspirativa fina (PAAF). A indicação deve ser baseada nas características ultrassonográficas e no tamanho dos nódulos e estes devem ser avaliados individualmente. Nódulos pequenos e sem características suspeitas ao ultrassom não apresentam indicação de punção. Indicação de PAAF sem observação destes critérios além de gerar custos para o sistema de saúde, podem gerar desconforto ao paciente.

paaf tireoide

Punção Aspirativa de Tireoide por Agulha Fina (PAAF) - Fonte: Viver

Com que frequência deve-se realizar os exames de prevenção?

Em geral, recomenda-se a realização de um novo ultrassom dentro de seis a 12 meses. Se permanecer inalterado, o seguimento pode ser anual e, posteriormente, dependendo de cada caso, a cada dois ou três anos. A reavaliação com punção com agulha fina (PAAF) e exame citológico só será recomendada para nódulos que apresentarem aumento do volume ou alterações das características ultrassonográficas”.

Câncer da Tiróide

Devemos ainda lembrar que o câncer de tireoide tem comportamento de maneira geral indolente, geralmente evolui muito bem. O aprendizado sobre a evolução e tratamento do câncer sugere que após tratamento por cirurgia, nem todo câncer necessita ser tratado com iodo radioativo. Devemos procurar um médico especialista que vai avaliar a necessidade de tratamento de maneira individualizada.

Conduta Médica

Por fim, os testes moleculares devem ser indicados em casos específicos, quando o diagnóstico pela PAAF apresentar limitações nos nódulos denominados como indeterminados, pois não se consegue determinar se são benignos ou malignos pelas características das células e cujos resultados podem mudar a conduta. Em outras palavras, esses testes devem ser utilizados somente quando podem ser uma opção para definir o risco de malignidade dos nódulos indeterminados e indicação ou não de cirurgia. Como evidenciado, eles não vieram para substituir os testes existentes, mas auxiliar na conduta, fornecendo maiores informações sobre o nódulo.

Materiais para consulta:

Tireoide: Quando menos é mais

Estou com um nódulo na tireoide,e agora?

 

Autoras

janete cerutti

 

 

Janete M. Cerutti  
Professor Associado de Genética. Vice-Chefe da Disciplina de Genética. Outras informações: clique aqui

 

 

Maria Izabel Chiamolera

 

 

Maria Izabel Chiamolera
Médica do Ambulatório de Tireoide e do Laboratório de Endocrinologia Molecular e Translacional da Disciplina de Endocrinologia da Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp). Outras informações: clique aqui

 

 

 

Estrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativa
 
Categoria:

Insegurança alimentar atinge 12,5% da população em São Paulo

Inquérito conduzido por docentes da Unifesp revela disparidades socioeconômicas e destaca a...

Redução de morte súbita em pacientes com doença de Chagas com uso de CDI

Pesquisa publicada no JAMA Cardiology, com participação do docente da Unifesp Angelo Amato de...

Mortalidade por câncer supera a de doenças cardiovasculares em 727 municípios no Brasil

Pesquisa revela mudança nas principais causas de mortalidade no Brasil entre 2000 e 2019,...

Estudo revela novos fatores de risco para demência e abre caminhos para prevenção no Brasil

Publicado na revista The Lancet, estudo elaborado por uma comissão da qual a pesquisadora Cleusa Ferri da...

Fim do conteúdo da página