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Tecnologia a serviço da segurança do paciente: avanços e desafios no Brasil

Publicado: Quarta, 27 de Março de 2024, 08h47 | Última atualização em Segunda, 08 de Abril de 2024, 19h08 | Acessos: 1414

Inovação em prol da saúde

Semana da Segurança do Paciente: abril 2024

Na primeira semana de abril, o Brasil celebra o Dia Nacional da Segurança do Paciente, um momento crucial para refletir sobre a importância de garantir a qualidade e a segurança da assistência à saúde. Embora o Brasil tenha progredido na segurança do paciente, erros médicos (iatrogenias) e eventos adversos continuam sendo um problema significativo. Estimativas sugerem que cerca de 400.000 pacientes sofrem incidentes a cada ano em hospitais brasileiros.[1]


A incidência de eventos adversos evitáveis em pacientes adultos internados em hospitais públicos no Brasil é alta, com 15,7% dos pacientes apresentando eventos adversos, predominantemente relacionados às infecções e procedimentos relacionados à saúde.[2]


Queixas técnicas e eventos adversos relacionados aos equipamentos também são uma preocupação, com um alto número de notificações no Brasil, particularmente na região sudeste.[3] já os acidentes de trabalho com material biológico também são uma preocupação, com um aumento significativo nas notificações ao longo dos anos.

A implementação de protocolos de segurança do paciente em unidades de saúde no país enfrenta desafios, incluindo a necessidade de participação da gestão corporativa e a adesão de procedimentos e diretrizes pelas equipes de saúde.[4] Nessa perspectiva, a implementação do Programa Nacional de Segurança do Paciente (NPSP), criado pelo Ministério da Saúde, levou a mudanças estruturais e melhorias substanciais na cultura de segurança do paciente nos serviços de saúde.[5]

 

A tecnologia como aliada

A tecnologia emerge como uma poderosa aliada na busca por um sistema de saúde mais seguro, responsável e eficaz, tanto para pacientes quanto para os profissionais. As soluções inovadoras estão sendo desenvolvidas e implementadas com o objetivo de reduzir os riscos e melhorar a qualidade da assistência.

Exemplos de tecnologias que já estão em uso:

Tecnologia

Descrição

Prontuários eletrônicos

Permitem o acesso rápido e seguro às informações do paciente, facilitando a comunicação entre os profissionais de saúde e reduzindo o risco de erros de medicação.

Sistemas de alerta de medicação

Identificam potenciais erros de medicação e alertam os profissionais de saúde, evitando eventos adversos.

Telemedicina

Permite o acompanhamento de pacientes à distância, facilitando o acesso à saúde e reduzindo o risco de infecções hospitalares.

Robôs cirúrgicos

Oferecem maior precisão e segurança nas cirurgias, reduzindo o tempo de internação e o risco de complicações.


O que ainda pode ser feito:

  • Implementação mais ampla das tecnologias existentes:Apesar do potencial, muitas tecnologias ainda não são utilizadas de forma widespread no Brasil. É necessário investir na infraestrutura e na capacitação dos profissionais de saúde para que essas soluções sejam utilizadas de forma eficaz.
  • Desenvolvimento de novas tecnologias:A pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias para a segurança do paciente devem ser incentivados. Há um grande potencial para inovações que podem revolucionar a forma como a segurança é gerenciada no sistema de saúde.
  • Cultura de segurança:A criação de uma cultura de segurança no sistema de saúde é fundamental para o sucesso das iniciativas de segurança do paciente. É necessário promover um ambiente em que os profissionais de saúde se sintam seguros para reportar erros e aprender com eles.

Números

400 mil:

Estimativa do número de pacientes que são vítimas de algum tipo de incidente a cada ano nos hospitais brasileiros. Estimativas sugerem que cerca de 400.000 pacientes sofrem incidentes a cada ano em hospitais brasileiros[1].

70%

Percentual dos erros médicos que podem ser evitados com a implementação de medidas de segurança adequadas[11].

20 bilhões

O custo anual estimado dos erros médicos no Brasil é de R$ 20 bilhões [12]. No entanto, é importante observar que essa estimativa é baseada em dados mundiais e não é específica para o Brasil. A ocorrência de erros médicos no Brasil tem sido uma preocupação crescente, levando ao aumento de ações judiciais e à judicialização da saúde [13]. Estudos têm mostrado que há uma falta de treinamento e apoio específicos para os médicos ao lidar com erros médicos, e a culpa geralmente é colocada nos profissionais de saúde [14]. É crucial implementar programas de treinamento e práticas institucionais para melhorar a prática médica no Brasil e reduzir a ocorrência de erros médicos [15].

 

Conclusão

Investir em soluções tecnológicas inovadoras e criar uma cultura de segurança são essenciais para melhorar a segurança do paciente no Brasil [6] [7] [8]. A tecnologia pode auxiliar a padronização e otimização dos fluxos e processos de trabalho de saúde, diminuindo erros e custos [9]. A exemplo dessas aplicabilidades, pesquisadores investigaram o uso de biologia molecular – PCR, em amostras microbiológicas, que resultou em controle eficaz das infecções [10]. Outrossim, iniciativas regulatórias podem desencadear ações que promovam a segurança do paciente e impulsionem mudanças estruturais. 

Por outro lado, projetar e implantar recursos tecnológicos para adoção bem-sucedida de dispositivos eletrônicos para o atendimento aos pacientes, pode melhorar a segurança nas unidades de cuidados hospitalares. Os alarmes e alertas gerados por tais dispositivos têm o objetivo de chamar a atenção dos profissionais de saúde, porém, a fadiga de alarmes, que refere-se ao aumento no tempo de resposta do profissional tendo em vista o excesso de alarmes, é um desafio. Portanto, é premente promover uma cultura de segurança para estabelecer um sistema de saúde mais seguro e eficaz, beneficiando a todos os envolvidos.

 

Autoria: Msc. Andrea Pereira Simões Pelogi

Revisão: Profa. Dra. Maria Elisabete Salvador


Referências:
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Claudia, Aparecida, Godoy, Rocha. Perfil das queixas técnicas e reações adversas relacionadas aos equipos no Brasil, 2018-2022: estudo descritivo. Amazônia, (2022). doi: 10.18606/2318-1419/amazonia.sci.health.v11n2p127-138 http://ojs.unirg.edu.br/index.php/2/article/view/4222

Débora, Rigo, Viganó., Marco, Antonio, Costa. Dificuldades encontradas na implantação dos protocolos de segurança do paciente no Brasil. Research, Society and Development, (2023). doi: 10.33448/rsd-v12i2.40178 https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/40178

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Insook, Cho. Frameworks for Evaluating the Impact of Safety Technology Use. Healthcare Informatics Research, (2023). doi: 10.4258/hir.2023.29.2.89 https://e-hir.org/journal/view.php?doi=10.4258/hir.2023.29.2.89

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Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude/pt-br

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA): https://www.gov.br/anvisa/pt-br/english

Sociedade Brasileira de Segurança do Paciente (SBSP): https://en.wikipedia.org/wiki/SBSP

Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP):https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/pnsp

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