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Brincar é a essência de ser criança

Publicado: Quarta, 26 de Maio de 2021, 20h56 | Última atualização em Sexta, 28 de Maio de 2021, 12h48 | Acessos: 71606

Dia Mundial do Brincar é comemorado neste dia 28

crianças de máscaras pulando

 

No dia 28 de maio é comemorado o Dia Internacional do Brincar. Esta data foi criada durante a 8ª Conferência Internacional de Ludotecas, em Tóquio, no ano de 1999, por iniciativa da então presidente da International Toy Library Association (ITLA) – Freda Kim, sendo celebrada pela primeira vez em 2000 e reconhecida no calendário do Fundo das Nações Unidas para a Infância. Em 2021, frente à crise instalada pela pandemia Covid-19, o tema central é Brincar é saúde1

Brincar é, atualmente, considerado a atividade mais importante da infância, por meio do qual a criança se desenvolve fisicamente, emocionalmente e socialmente, de forma natural. É uma necessidade que deve ser atendida, estando ela sadia ou doente e inclusive se estiver hospitalizada, por ter prioridade frente às outras necessidades consideradas básicas, a não ser que a criança esteja em elevado estado de tensão, medo ou privação2.

 

Mas, o que é brincar? Qual o significado desta palavra, além da diversão?

É em sua epistemologia que encontramos essa explicação: brincar deriva da palavra brinco, que vem do latim vínculo, que significa fazer laços, ligar-se. Tal definição evidencia o quanto a atividade lúdica é essencial ao desenvolvimento infantil, pois é brincando que, desde bebê, a criança se integra a ela mesma, às demais pessoas e ao meio ambiente. 

Brincar é, portanto, muito mais do que passar o tempo, é uma atividade integradora para a pessoa da criança2.

Daí, tanta preocupação que as crianças continuassem a brincar mesmo diante da atual pandemia, uma vez que elas ficaram e muitas ainda estão, durante esse longo período, impossibilitadas de interagir e brincar com outras crianças da mesma idade, em especial quando não têm irmãos de idade próxima. Assim,  a necessidade de a família favorecer o brincar durante esse período de pandemia. Esperamos que, a partir dessa experiência, as crianças percebam a importância de poderem brincar ao ar livre, de brincarem com os pais e passarem a solicitar esse tipo de interação com os mesmos. E que estes também percebam a importância de estarem mais tempo dos filhos e de brincarem com eles3, para favorecerem seu desenvolvimento e gozarem de uma interação agradável e construtiva para ambos. 

 

criança brincando com os pais

Montar cabanas com lençóis no meio da sala, pular na cama ou no sofá, desenhar, fazer circuitos entre a sala e o quarto, ajudar a lavar a louça, cozinhar. Essas são algumas das muitas ações que as crianças têm realizado entre quatro paredes há mais de um ano, desde que a pandemia chegou no Brasil e restringiu a circulação e o contato social. (Fonte: Cenpec)

 

O brincar é central na vida das crianças, em especial às que necessitam de cuidados de saúde.

Nestes cenários, as brincadeiras devem ser valorizadas, não apenas porque fazem as crianças felizes, mas também porque promovem seu bem-estar. É uma ferramenta fundamental para a criança dominar experiências desafiadoras, como a doença e a hospitalização que, em geral, são carregadas de emoções e necessidade de compreensão. As brincadeiras podem acontecer em silêncio, de forma séria e intensa, sobretudo, quando uma criança está se esforçando para lidar com algo importante, ou pode ser tão petulante e irreverente quanto contar uma piada e gargalhar4,5.

Essa representação é análoga ao trabalho que nós, adultos, fazemos quando pensamos em um problema, brincamos com uma ideia, imaginamos uma série de cenários antes de agir. É com esse brincar que criamos quem somos e quem nos tornaremos4.

Assim, é fundamental superarmos o conceito do brincar, como algo simples e oposto ao trabalho, ou ainda, como somente fonte de lazer e diminuição do tédio. Muito mais que isso, a brincadeira é uma importante fonte de afetividade, criatividade e aprendizagem, por meio da qual as crianças aprendem conteúdos sobre seu cuidado e soluções alternativas para os problemas6,7.

 

Enfermagem e o brinquedo terapêutico

brinquedo terapêuticoO Brinquedo Terapêutico (BT) é uma tecnologia de cuidado desenvolvida por enfermeiras, conceituado como um brincar estruturado para auxiliar a criança a aliviar a ansiedade gerada por experiências atípicas à sua idade, que costumam ser ameaçadoras e requerem mais do que recreação para resolver a ansiedade associada8, podendo ser desenvolvido com a colaboração da família e a participação de toda a equipe de saúde9.

O BT é também utilizado, com sucesso, para preparar a criança para os procedimentos diagnósticos e terapêuticos, tão comuns durante o atendimento de saúde tanto na atenção básica como no hospital2,9.

Ressaltamos que a promoção do brincar livre e terapêutico, é responsabilidade dos profissionais de saúde, não apenas pelo direito de a criança brincar, como também para auxiliá-la em seus processos de cura, sentir menos dor, sentir-se mais confiante e ter um melhor ânimo para se relacionar com os profissionais, sua família e consigo própria6.

Legenda da imagem: Boneca da enfermeira Juju e materiais para verificação de sinais vitais - pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura, saturação de O(Crédito: Blog da enfermeira Juju)

 

Por tudo isso, o brincar deve ser estudado durante a formação profissional dos que irão trabalhar com crianças nos diferentes contextos e, o dia do brincar, merece ser comemorado e celebrado, atendendo à solicitação de Freda Klin, que o propôs:

“Por favor, reconheçam e celebrem o valor do BRINCAR na vida de todos nós! Nunca foi tão importante quanto agora, em 2021, perceber o papel que o BRINCAR tem, pode e deve ter no nosso bem-estar. Espalhe pelo mundo ... você precisa ser saudável, então, brinque!”1

crianças brincando no parquinho

 

Referências

  1. International Toy Library Association. World Day Play. 2021.  
  2. Ribeiro CA, Borba RIH, Rezende MA. O brinquedo na assistência à saúde da criança. In: Fujimori E, Ohara CVS. Enfermagem e a saúde da criança na atenção básica. Barueri, SP – Manole, 2009.
  3. Ribeiro CA. Entrevista com Circéa Amalia Ribeiro. O Brinquedista – informativo da Associação Brasileira de Brinquedoteca., 2020, São Paulo, 63 (1):13-4.
  4. Thompson RH. The handbook of child life a guide for pediatric psychosocial care. New Rochelle, NY, 2º Ed, 2018.
  5. Nijhof SL, Vinkers CH, Van Geelen SM et al. Healthy play, better coping: the importance of play for the development of children in health and disease. Neuroscience and Biobehavioral Reviews. 2018. 95:421–429. 
  6. Ullan AM, Belver MH. Play as a source of psychological well-being for hospitalized children: study review. Integrative Pediatrics and Child Care, 2019, 2(1):92-98. 
  7. La Banca RO, Laffel LMB, Volkening LK, Sparapani VC, Carvalho EC, Nascimento LC. Therapeutic play to teach children with type 1 diabetes insulin self‐injection: A pilot trial in a developing country. J Spec Pediatr Nurs. 2020; e12309. 
  8. Steele S. Concepto f comunication. In: Steele S. Child health and the family. New York: Masson; 1981.p.710-38
  9. Maia EBS, La Banca RO, Ribeiro CA. Brinquedo terapêutico na assistência de enfermagem. In: Associação Brasileira de Enfermagem, Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras; Gaíva MAM, Toso BRGO, Mandetta,MA, organizadoras. PROENF Programa de Atualização em Enfermagem: Saúde da Criança e do Adolescente: Ciclo 15. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2021. p. 97-129. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v.3).

 

Autoras

autoras do brincar

 

Circéa Amalia Ribeiro

Enfermeira pediatra, professora associada aposentada do Departamento de Enfermagem Pediátrica e docente/orientadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (EPE/Unifesp). Membro do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Brinquedoteca (ABBri); pesquisadora líder do Grupo de Estudos do Brinquedo (GEBrinq/Unifesp), Outras informações, clique aqui

Edmara Bazoni Soares  Maia

Enfermeira pediatra, professora visitante do Departamento de Enfermagem Pediátrica, Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (EPE/Unifesp). Membro do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Brinquedoteca (ABBri); pesquisadora do Grupo de Estudos do Brinquedo (GEBrinq/Unifesp). Outras informações, clique aqui

 

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