Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página

Doença Falciforme

Publicado: Quinta, 02 de Julho de 2020, 20h08 | Última atualização em Sexta, 03 de Julho de 2020, 14h06 | Acessos: 80100

Em junho, celebra-se a Conscientização sobre a Doença Falciforme

Por Josefina Aparecida Pellegrini Braga

Em 2008, a Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu a data de 19 de junho para celebrar o dia Mundial da Conscientização sobre a Doença Falciforme. O acompanhamento ambulatorial dos pacientes desde os primeiros meses de vida é fundamental, principalmente para que os pais e/ou responsáveis sejam orientados sobre a doença. E, combinado a uma equipe que os assiste não só no ambulatório, como também no atendimento em setores de Emergência e Internação, contribui para menor morbidade e mortalidade. Tudo isso proporciona a melhora do prognóstico e da sobrevida dos pacientes.

A doença e suas implicações

A doença falciforme é uma anemia hemolítica crônica e hereditária de elevada prevalência no mundo e no Brasil, estando entre as doenças genéticas mais frequentes em nosso país.

Devido à mutação na molécula da hemoglobina (proteína sanguínea que transporta o oxigénio), inúmeras alterações poderão ocorrer, tais como o rompimento da hemácia (glóbulo vermelho do sangue), que ocasiona a anemia, e a vaso-oclusão, responsável pelos principais sintomas.

anemia falciforme falciforme imagem
Circulação prejudicada pelos glóbulos vermelhos. Crédito: Gfycat Imagem ilustrativa da anemia falciforme. (Crédito: Amino)

Dentre as crises vaso-oclusivas agudas estão a crise dolorosa, a síndrome torácica aguda, o acidente vascular cerebral, entre outras, sendo a crise dolorosa a mais frequente. Situações como hipoxemia (baixa concentração de oxigênio no sangue arterial), acidose (excesso de ácido no sangue) e infecção podem desencadear essas crises agudas.

Além dos eventos agudos, a doença acomete progressivamente pulmões, coração, ossos, rins, fígado, retina, pele (úlceras de perna), podendo também ocorrer retardo do crescimento e atraso puberal.

O cenário brasileiro

Em virtude da sua elevada taxa de morbidade e de mortalidade no Brasil, a Portaria nº 822/01 do Ministério da Saúde incluiu a detecção das hemoglobinopatias no Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), realizada por meio do Teste do Pezinho, permitindo o diagnóstico desde a primeira semana de vida e, beneficiando precocemente, os pacientes de cuidados e de tratamento.

Dados da Triagem Neonatal estimam que no Brasil, a cada ano, nascem 3.000 crianças com doença falciforme e 200.000 com traço falciforme. No Estado de São Paulo a incidência entre os nascidos vivos é de 1:4000.

As Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme estão definidas com base nas ações da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da População Negra, do Ministério da Saúde, e no regulamento do Sistema Único de Saúde (SUS).

Assistência e pesquisa na Unifesp

O serviço de Hematologia Pediátrica da Universidade Federal de São Paulo, prestado dentro do Hospital São Paulo, hospital universitário da Unifesp (HSP/HU Unifesp), é referência no atendimento dos pacientes com doença falciforme. Possui três ambulatórios para atendimento das crianças, além de dar suporte ao atendimento desses pacientes internados no serviço de emergência, na enfermaria e na UTI da Pediatria.

O acompanhamento ambulatorial dos pacientes desde os primeiros meses de vida é fundamental.

Semanalmente recebe crianças de dois a três meses que foram identificadas pelo Programa Nacional de Triagem Neonatal. Em parceria com os diversos setores e disciplinas da Unifesp, várias teses acadêmicas sobre a doença falciforme são desenvolvidas, o que contribui para aquisição de novos conhecimentos, resultando na publicação de diversos artigos científicos em revistas internacionais e nacionais.

O diagnóstico por meio da Triagem Neonatal de Hemoglobinopatias, aliado ao atendimento ambulatorial com orientações sobre a doença, acompanhamento regular, profilaxia com penicilina, vacinas e identificação de alterações clínicas ou laboratoriais, tem permitido precocemente a intervenção do tratamento necessário.


  

josefinaJosefina Aparecida Pellegrini Braga

Professora adjunto do Setor Hematologia Pediátrica da Disciplina de Especialidades Pediátricas do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp).Título de especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria/Associação Médica Brasileira. Título de especialista em Hematologia pela Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia/Associação Médica Brasileira. Membro do Comitê Científico de Hematologia Pediátrica da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. Presidente do Departamento Científico de Hematologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Mais informações em: lattes

 

Contatos da Disciplina de Especialidades Pediátricas
Telefone: (11) 55764848
E-mail : O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Referência Bibliográfica

Braga JAP. Medidas Gerais no tratamento da Doença Falciforme. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2007;29(3):233-238.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência. Doença falciforme: diretrizes básicas da linha de cuidado / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 82 p. il.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Doença falciforme: condutas básicas para tratamento / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. Brasília : Ministério da Saúde, 2012. 64 p.: il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)

Manual de Diagnóstico e Tratamento de Doença Falciformes. - Brasília : ANVISA, 2001. 14

 

 

Avaliação do Usuário

Estrela ativaEstrela ativaEstrela ativaEstrela ativaEstrela ativa
 
Categoria:

Insegurança alimentar atinge 12,5% da população em São Paulo

Inquérito conduzido por docentes da Unifesp revela disparidades socioeconômicas e destaca a...

Redução de morte súbita em pacientes com doença de Chagas com uso de CDI

Pesquisa publicada no JAMA Cardiology, com participação do docente da Unifesp Angelo Amato de...

Mortalidade por câncer supera a de doenças cardiovasculares em 727 municípios no Brasil

Pesquisa revela mudança nas principais causas de mortalidade no Brasil entre 2000 e 2019,...

Estudo revela novos fatores de risco para demência e abre caminhos para prevenção no Brasil

Publicado na revista The Lancet, estudo elaborado por uma comissão da qual a pesquisadora Cleusa Ferri da...

Fim do conteúdo da página