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Contra o câncer de ovário, a melhor prevenção é a informação

Publicado: Sexta, 07 de Maio de 2021, 16h56 | Última atualização em Sexta, 07 de Maio de 2021, 19h19 | Acessos: 52566

8 de maio conscientiza sobre o segundo tipo de neoplasia ginecológica 

Estima-se para o biênio 2020-2022, 6.650 novos casos no país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

No Brasil, o câncer do ovário é o segundo câncer ginecológico mais comum, ficando atrás somente do câncer do colo do útero. Excluídos os tumores da pele não melanoma, ocupa a oitava posição entre as neoplasias mais incidentes no sexo feminino. 

A maioria absoluta das neoplasias do ovário – 95% – é derivada das células epiteliais, ou seja, aquelas que revestem o ovário. Os outros 5% vêm de células germinativas (que dão origem aos óvulos) e de células estromais (as que produzem a maior parte dos hormônios femininos).(2)

 

Anatomia do útero: Localizados na região da pelve, os ovários são responsáveis pela produção de óvulos e de hormônios femininos, como estrógeno e progesterona. Eles são constituídos por três tipos básicos de células: as epiteliais, que revestem sua superfície; as germinativas, que dão origem aos óvulos; e as estromais (células da teca-granulosa), que produzem os hormônios femininos.

(Crédito: BP)

 

Subtipos do câncer do ovário

Os três principais grupos são(1):

  • Câncer epitelial do ovário – vem da superfície do ovário (o epitélio) e é o subtipo mais comum. O câncer de tuba uterina e o câncer primário do peritônio estão incluídos neste grupo.

  • Câncer de células germinativas do ovário – origina-se nas células reprodutivas ou germinativas dos ovários, ou seja, aquelas que dão origem aos óvulos.

  • Câncer de células dos cordões sexuais e estroma do ovário – forma-se nas células do tecido conjuntivo, de sustentação.

Como o câncer do ovário epitelial é a forma mais comum e de maior letalidade, nos referiremos a ele como “câncer do ovário”.

 

Tipos de Câncer - Os tipos de câncer de ovário mais comum nas células epiteliais: cistadenocarcinoma seroso-papilífero; carcinoma endometróide; carcinoma mucinoso e carcinoma de células claras; tumores não invasivos ou de baixo potencial de malignidade; e outros tipos de tumores de ovário são menos frequente, incluindo os das células da granulosa, os germinativos e o Sertoli-Leydig.

(Crédito: BP)

 

Sintomas 

O câncer do ovário é uma doença silenciosa e em seus estágios iniciais não costuma apresentar sintomas específicos.(2)

À medida que o tumor cresce, pode causar(2,5):

  • Inchaço no abdômen;

  • Dor no abdômen;

  • Dores na região pélvica, nas costas ou nas pernas;

  • Náuseas;

  • Indigestão;

  • Funcionamento anormal do intestino;

  • Fadiga constante;

  • Perda de apetite e de peso sem razão aparente;

  • Sangramento vaginal anormal, especialmente depois da menopausa;

  • Aumento na frequência e/ou na urgência de urinar.

 

gif de sinal de alertaSintomas como aumento do volume abdominal, dor abdominal, sintomas intestinais, sangramento vaginal e queixas urinárias, embora inespecíficos, quando persistentes, especialmente na pós-menopausa, devem ser levados em consideração pelas mulheres e pelos profissionais responsáveis pelos seus cuidados, pois podem anteceder os diagnósticos de câncer do ovário em vários meses.

 

Diagnóstico

Não existe exame para o rastreamento do câncer do ovário. Por esta razão e associado ao fato dos sintomas deste câncer serem facilmente confundidos com outras doenças e condições de saúde menos graves, seu diagnóstico é realizado em fase avançada da doença.(6)

Diante da suspeita clínica, serão realizados exame clínico ginecológico e exames laboratoriais e de imagem (que ajudam a identificar a presença de ascite – ou acúmulo de líquidos – e a extensão da doença). Caso haja suspeita de câncer do ovário, é feita uma avaliação cirúrgica.(7)

 

gif de sinal de alerta

A utilização rotineira de exames como ultrassonografia e marcadores tumorais não é recomendada como testes de rastreamento de câncer do ovário em mulheres assintomáticas, mesmo após os 50 anos de idade ou na pós-menopausa.

 

Tratamento

diagnostico de cancer de ovario ideia de saude e tratamento medico o medico verifica os ovarios doenca do sistema reprodutor feminino ilustracao 277904 4599O câncer do ovário pode ser tratado com cirurgia ou quimioterapia baseada em platina.(2,7) A escolha depende do tipo de tumor, do estadiamento (estágio em que a doença se encontra), idade e condições clínicas da paciente.(2)

Para estágios iniciais, a abordagem é a cirurgia com ou sem quimioterapia. Estágios avançados podem ser tratados com cirurgia seguida de quimioterapia, quimioterapia seguida de cirurgia ou quimioterapia exclusiva.(7)

 

Câncer de ovário e seus fatores de risco e proteção

 

fatores para o câncer de ovário

 

Os fatores de risco são(2,7):

  • Idade – quanto mais avançada a idade, maior a incidência de carcinoma epitelial do ovário;

  • Fatores reprodutivos – mulheres que nunca tiveram filhos tendem a apresentar risco aumentado para câncer do ovário;

  • Fatores hormonais – menarca precoce (primeira menstruação antes dos 12 anos) e menopausa tardia (após os 52 anos) podem estar associadas ao maior risco de câncer do ovário;

  • Obesidade;

  • Histórico familiar – de cânceres do ovário, colorretal e de mama, especialmente em parentes de primeiro grau;

  • Fatores genéticos – mutações genéticas, como BRCA1 e BRCA22. Para mutações em BRCA1, a estimativa de risco de câncer do ovário varia de 20 a 50%. Para BRCA2, as estimativas variam de 5 a 23%. Em pacientes com esta alteração, a retirada dos ovários e tubas uterinas conferem importante proteção contra o câncer do ovário.

 

gif de sinal de alerta

Diante de desconfianças, a mulher deve ser avaliada por seu(a) médico(a) ginecologista, que solicitará os exames necessários para o seu caso. 

 

Já entre fatores de proteção, temos:

  • Multiparidade;

  • Amamentação por 18 meses ou mais;

  • Menopausa precoce;

  • Dieta pobre em gordura;

  • Uso de contraceptivos orais (pílula anticoncepcional) por cinco anos ou mais;

  • Laqueadura tubária ou retirada das tubas.

 

Referências

1. World Ovarian Cancer Coalition – What is Ovarian Cancer? 

2. INCA – Câncer de Ovário

3. World Ovarian Cancer Coalition – Key stats

4. INCA – Estatísticas de câncer 

5. World Ovarian Cancer Coalition – Symptoms & Risks 

6. Agência Brasil - Especialista alerta para sintomas do câncer de ovário 

7. INCA – Câncer de Ovário – Versão para Profissionais de Saúde. Disponível em:

8. Chen S, Parmigiani G. Meta-analysis of BRCA1 and BRCA2 penetrance. Journal of Clinical Oncology. 2007;25(11):1329-1333

 

Autores 

autores cancer de ovario

Sérgio Mancini Nicolau

Professor Adjunto Livre Docente e chefe da Disciplina de Ginecologia Oncológica do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Graduado em Medicina (EPM/Unifesp, 1980), mestre e doutor em Ginecologia (EPM/Unifesp, 1992 e 1997). Outras informações, clique aqui

Michelle Samora de Almeida

Oncologista clínica do Departamento de Oncologia Clínica e Experimental da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Residência médica em Cancerologia Clínica (EPM/Unifesp, 2013) e doutorado em Ginecologia Oncológica (EPM/Unifesp, 2018). Outras informações, clique aqui.   

 

 

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