Água virtual e pegada hídrica: você sabe o que significam?
Cada pessoa consome um significativo volume de água que não sai das torneiras de casa nem do trabalho. Entenda como isso é possível.
A maioria das pessoas considera apenas o consumo direto de água para imaginar o impacto ambiental, normalmente aquele valor pago na conta de água mais a taxa de esgotamento. Entretanto, há um consumo indireto de água nos produtos que pode ser muito maior. Esse consumo indireto refere-se a toda água utilizada na produção, fabricação e transporte de vários itens de nossa rotina como o café, açúcar, chocolate, tecido, carne, etc., denominado água virtual.
Mas quais são as diferenças entre eles?
A pegada hídrica é mais abrangente que a água virtual. Enquanto a água virtual foca na água doce envolvida na produção de commodities e nos seus fluxos comerciais, a pegada hídrica considera outros fatores, como as formas de uso, a poluição gerada e a umidade da região geográfica. De acordo com Bleninger, a pegada hídrica pode ser usada como um indicador para mapear o impacto do consumo humano em recursos globais de água doce.
Apesar de serem conceitos relativamente simples, infelizmente, calcular a água virtual ou a pegada hídrica ainda é bastante complexo. Essa dificuldade ocorre devido a falta de informações, como a água usada nos processos de fabricação, ausência de metodologia padrão dentre outros empecilhos. Diante das informações apresentadas acima, é possível verificar a importância de considerarmos o consumo total de água em todo o processo produtivo dos bens e commodities. Há uma grande discussão sobre o que é mais sustentável, por exemplo, se o uso de copos descartáveis ou de reutilizáveis. Como já explicado, os dados são insuficientes e um tanto confusos em relação à água virtual e à lavagem de itens reutilizáveis, mas ainda é preciso considerar a inserção de mais plástico, mais resíduo gerado no mundo.
De acordo com o artigo elaborado por Montoya em 2020, na balança comercial de água virtual, o Brasil exportava 10.647 hm³/ano, enquanto a pegada hídrica nacional era de 22.012 hm³/ano. Aproximadamente metade da pegada hídrica (10.647.000.000.000 L/ano) correspondia à água virtual exportada, sendo os setores de agronegócio os principais responsáveis. Dessa forma, além de ser uma questão ambiental, por causa da escassez de água em várias partes do mundo, há uma questão econômica a ser considerada nos preços para que o consumo de água seja efetivamente sustentável.
Escrito por: Priscilla Marcelle
Referências:
MONTOYA, M. A. (2020). A pegada hídrica da economia brasileira e a balança comercial de água virtual: uma análise insumo-produto. Economia Aplicada, 24(2), 215-248. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ecoa/article/view/167721.
CARMO, Roberto Luiz do; OJIMA, Andréa Leda Ramos de Oliveira; OJIMA, Ricardo; NASCIMENTO, Thais Tartalha do. (2007). Água virtual, escassez e gestão: o Brasil como grande "exportador" de água. Artigo Scielo, Ambiente & Sociedade. Ambient. soc. 10 (2). Disponível em: https://www.scielo.br/j/asoc/a/NvzFvhH57HQWjMKMKZLm4ph/?format=html&lang=pt.
BLENINGER, Tobias; KOTSUKA, Luziadne Katiucia (2015). Conceitos de Água Virtual e Pegada Hídrica: Estudo de Caso da Soja e Óleo de Soja no Brasil. Recursos Hídricos. Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos. Volume 36# 01. Disponível em: https://www.aprh.pt/rh/pdf/rh36_n1-2.pdf.
Redes Sociais