Álvaro Guimarães Filho: 1º catedrático de Clínica Obstétrica da EPM
O médico e 3º diretor da EPM participou ativamente da fundação das duas Escolas Paulistas - Medicina e Enfermagem
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Álvaro Guimarães Filho nasceu em 29 de agosto de 1901, em São Paulo. Fez seus estudos em São Paulo e no Rio de Janeiro, no Colégio de São Bento e no Ginásio Oswaldo Cruz.
Graduou-se pela Faculdade de Medicina de São Paulo, em 1925. Durante o curso médico, foi interno da 2ª Enfermaria de Homens da Santa Casa de São Paulo, na cátedra de Clínica Médica dirigida por Rubião Meira, onde trabalhou com Álvaro Lemos Torres. Essa segunda enfermaria de homens da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo já era então renomado centro de estudos médicos e dela sairiam vários professores da Escola Paulista de Medicina (EPM).
Suas atividades didáticas iniciaram-se em 1931, quando foi nomeado professor de Enfermagem Cirúrgica na Escola de Obstetrícia e Enfermagem Especializada de São Paulo, anexa à Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina.
Álvaro Guimarães Filho. (Arquivo iconógrafico do CeHFi/Unifesp)
De fundador da EPM a jubilado
Em 1933, Álvaro Guimarães Filho fazia parte do grupo composto por 33 fundadores que participou da fundação da Escola Paulista de Medicina (EPM). Nesse mesmo ano foi designado professor catedrático de Clínica Obstétrica da recém-fundada EPM.
De 1942 a 1952 teve para si o encargo de consolidar a instituição, dando-lhe o entusiasmo de sua juventude; o equilíbrio de sua maturidade; e a energia do seu caráter.
Participou como sócio fundador da Associação Paulista de Medicina (APM), onde exerceu a presidência do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia. Em 1935 foi laureado pela Academia Nacional de Medicina (ANM), conjuntamente com Álvaro Lemos Torres e Jairo Ramos, com o prêmio e medalha de ouro “Madame Durocher” pelo trabalho “Coração na Gravidez”, em que posicionaram a conduta aplicada à gestante cardiopata.
Com o falecimento do professor Lemos Torres, ocorrido em 1942, Álvaro Guimarães Filho foi eleito o terceiro diretor da EPM. De 1942 a 1952 teve para si o encargo de consolidar a instituição, dando-lhe o entusiasmo de sua juventude; o equilíbrio de sua maturidade; e a energia do seu caráter.
Alguns fatos devem ser atrelados ao nome de Álvaro Guimarães Filho:
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A ampliação do prédio da Escola Paulista de Medicina;
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Início do curso regular de Clínica Obstétrica, em 1938;
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A fundação da Escola de Enfermeiras do Hospital São Paulo (EEHSP, atual Escola Paulista de Enfermagem - EPE) em 1939, e com grupo de senhoras da sociedade paulista o Amparo Maternal - dirigiu o Amparo por cerca de 37 anos. Impressionado com o desrespeito à vida, colocou todo seu cabedal de conhecimentos e sua forte personalidade em defesa da vida humana;
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Com pertinácia, colabora intensamente na reativação das obras do Hospital São Paulo, que foi o primeiro hospital de ensino universitário criado no Brasil;
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Ainda sob sua orientação foi construído o pavilhão de patologia médica, batizado em homenagem a Lemos Torres.
Tomou parte ativa nos cursos regulares e de extensão universitária da sua Cadeira, não abandonando as atividades cirúrgicas e assistenciais de sua clínica. Foi inúmeras vezes solicitado para bancas examinadoras de provimento de cátedras e docências livres em quase todas as escolas médicas do Brasil.
Os problemas éticos e morais na formação de médicos, enfermeiros e parteiras encontraram sempre em Álvaro Guimarães Filho devoto divulgador e defensor.
Ao atingir, em 1966, a idade limite, foi jubilado, após tantos esforços, dedicação e luta para conservar bem alto os ideais dos fundadores da EPM.
Serviços prestados à Obstetrícia
A Disciplina de Obstetrícia na Escola Paulista de Medicina teve início em 16 de março de 1938 com a aula inaugural – “Considerações Gerais sobre a Obstetrícia“– proferida pelo professor Álvaro Guimarães Filho, seu primeiro catedrático e fundador desta escola médica.
Foi, também, um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, e da Sociedade Latino Americana de Obstetrícia e Ginecologia.
Membro efetivo de inúmeras sociedades internacionais, projetou com sua personalidade e seu idealismo a Obstetrícia Brasileira no campo do ensino e da pesquisa. Em janeiro de 1966, afastou-se da Cátedra, atingida pela aposentadoria compulsória, e, em 1970, em reconhecimento aos notáveis serviços prestados à medicina brasileira, foi agraciado com a Ordem do Mérito Nacional, concedido pela Presidência da República.
Ainda sob a vigência do professor Guimarães cumpre ressaltar, como fato de grande importância assistencial, os serviços prestados pela Obstetrícia à entidade Amparo Maternal, criada em 1939. Situada próxima à Escola, com o propósito de dar assistência à mãe solteira, era utilizada para o aprendizado prático da disciplina, e ao curso de especialização de enfermeiras obstétricas da então Escola Paulista de Enfermagem, posteriormente anexada como Departamento à Escola Paulista de Medicina.
Irmã Anita, sua sucessora na direção da Amparo Maternal, descreve-o como uma pessoa de caráter enérgico e veraz; alegre e de um fino humor. Refere-se que uma de suas frases jocosas, dita de maneira bem popular: “Entrei pelos canos e saí canonizado”. Irmã Anita ainda salienta: “incontáveis foram as mães e crianças salvas pela sabedoria e zelo do grande obstetra: para isso não media nem dia, nem hora ... Substituiu para tantas o pai que não conheceram! Na hora do seu sepultamento, muitas delas, prestando-lhe a última homenagem diziam: Perdemos nosso Pai!”.
Imagem: Academia de Medicina de São Paulo
Álvaro Guimarães Filho faleceu em 12 de setembro de 1981, aos 80 anos, em São Paulo. Seu corpo foi velado no anfiteatro Leitão da Cunha da EPM e foi sepultado no Cemitério de São Paulo, também denominado “Necrópole São Paulo”. Seu nome é honrado como patrono da cadeira nº 61 da Academia de Medicina de São Paulo.
Fontes:
Academia de Medicina de São Paulo - Biografia
“Álvaro Guimarães Filho”, pelo Prof. Dr. Henrique A. Paraventi, in A Escola Paulista de Medicina – Dados comemorativos de seu 40º aniversário (1933-1973) e anotações recentes – Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1977, págs, 24 a 28.
Departamento de Obstetrícia da EPM/Unifesp - Nossa História
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