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Por Valquíria Carnaúba
Congresso contou com abertura informal, no formato de lounge, marcando o retorno às atividades presenciais
Foi realizada na manhã desta segunda (19/6), no Teatro Marcos Lindenberg, no Campus São Paulo, a abertura da primeira edição híbrida do Congresso Acadêmico Unifesp 2023. Evento ocorrido de forma gratuita e híbrida, e aberto à sociedade, registrou grande número de trabalhos científicos submetidos e conta com mais de 12 mil inscritos(as). A palestra de abertura "Saúde, Ciência e Democracia: um Projeto para o Brasil" foi proferida pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, primeira mulher a assumir a pasta no país. O evento segue com programação até a próxima sexta (23/6).
A ministra da Saúde, Nisia Trindade, proferiu a palestra de abertura do evento
Representantes da Unifesp participaram da cerimônia de abertura, a reitora pro tempore, Raiane Assumpção; a pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, Lia Rita Bittencourt; o diretor acadêmico do Campus Baixada Santista, representando as direções dos campi, Odair Aguiar Júnior; a assessora de Relações Acadêmicas e Institucionais e coordenadora do evento, Isabel Hartmann Quadros; a bióloga e coordenadora do congresso, Sylvia Maria Affonso; o estudante de Geografia do Campus Zona Leste e membro do Conselho Universitário, Josias Lima; a superintendente do Serviço Social do Comércio (Sesc) e membro do Conselho Estratégico Universidade Sociedade (CEUS), Marta Colabone; e Tamyres Barbosa, técnica em assuntos educacionais, que atuou como mestre de cerimônia.
Coral Unifesp se apresentou na abertura do Congresso Acadêmico Unifesp 2023
A coordenação deste ano propôs uma abertura informal, no formato de lounge, marcando o retorno às atividades presenciais, e apresentou o vídeo de lançamento com o tema do congresso e uma homenagem à professora Ieda Maugéri, coordenadora do evento entre 2015 e 2019. Na sequência, o Coral Unifesp fez sua apresentação com a interpretação das canções de Luiz Gonzaga - “Vida de Viajante” e “Qui Nem Jiló” - , além das composições “Todos Juntos”, dos Saltimbancos, e o cântico zulu “Siyahamba”: caminhamos pela luz de Deus”.
Raiane Assumpção, reitora pro tempore, discursou na abertura do evento
A reitora pro tempore da Unifesp iniciou a sequência de falas destacando a importância da unificação dos conceitos arte, ciência e cultura. "O Congresso Acadêmico 2023 não poderia iniciar de maneira melhor, com o Coral Unifesp, uma pequena amostra do que é produzido pela universidade por meio do ensino, da pesquisa e da extensão. A escolha do tema se deve ao sentimento que envolve o país neste momento, o de união e reconstrução. Estamos à disposição do Estado brasileiro para cumprir nossa missão institucional, para que o conhecimento produzido na universidade pública possa ser propulsor de políticas públicas". Raiane agradeceu ainda a todos nas comunidades dos campi, unidades universitárias e comissões locais, por viabilizarem a realização do evento.
Lia Bittencourt, pró-reitora de pós-graduação e pesquisa, durante sua fala de abertura
Lia Bittencourt, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, afirmou que é um privilégio dar início a uma semana inteira de apresentações de excelência acadêmica e de produção de conhecimento. "Desde 2015, nos reunimos para o planejamento e a produção desse importante evento. Durante os próximos dias, teremos oportunidades de compartilhar conhecimentos, experiências e ideias que, certamente, ampliarão os horizontes de cada um de nós".
Odair Aguiar Júnior, diretor do Campus Baixada Santista
O diretor do Campus Baixada Santista, Odair Aguiar Júnior, comemorou a retomada das sessões congressuais presenciais após três anos de atividades exclusivamente on-line e após 4 anos de uma "política de governo federal esterilizante e exterminadora para nossas instituições federais de ensino superior". Para ele, "esse retorno assinala a reconstrução paulatina das nossas relações acadêmicas habitadas nas nossas salas, nos prédios, anfiteatros, cantinas e restaurantes universitários. Ao longo dessa semana, demonstraremos como a Unifesp tem trilhado seus caminhos e colaborado com o alvorecer de novos e melhores tempos políticos no nosso país".
Isabel Quadros, assessora de relações acadêmicas e institucionais e coordenadora do evento
Já a professora Isabel Quadros lembrou que o tema se alinha ao contexto político e social do país, convidando-nos a reconhecer, refletir e discutir a missão das nossas instituições, da ciência, da educação, da saúde e da formação de pessoas, para trabalhar pela garantia do direito à vida, dignidade, cultura, democracia e autonomia da nação e de cada pessoa. Ela retomou o histórico do Congresso Acadêmico Unifesp, agora em sua nona edição, sendo a primeira experiência de um congresso híbrido. Mostrou ainda uma apresentação em homenagem a Ieda Maugéri, professora que dedicou 45 anos de trabalho à Unifesp.
A bióloga e coordenadora do congresso, Sylvia Maria Affonso
Sylvia Affonso comparou o trabalho de organizar o congresso com a atuação em equipe necessária para remar uma canoa - uma menção a uma reflexão de Davi Kopenawa Yanomami. "A cada dia estamos em uma posição na canoa e, às vezes, mudamos a direção. Foi o que aconteceu este ano quando trocamos mesa formal de abertura por um lounge para aproximar as pessoas”, afirmou.
Josias Lima, estudante e membro do Conselho Universitário e do Centro Acadêmico de Geografia do campus Zona Leste
Josias Lima homenageou os(as) trabalhadores(as) terceirizados(as) da Unifesp e parabenizou a escolha do tema do Congresso Acadêmico 2023. "Defender a educação pública é defender a soberania nacional. O que seria de um país que não produz sua própria ciência e tecnologia? É uma responsabilidade muito grande da Unifesp propor um outro modelo de sociedade mais justo, que combata as desigualdades sociais, a violência de gênero e o racismo. Contudo, temos focado muito na reconstrução, mas acho que precisamos direcionar esse movimento também na construção do novo, pois muito do que foi destruído já não respondia às nossas necessidades".
Marta Colabone, superintendente do Serviço Social do Comércio (Sesc) e membro do Conselho Estratégico Universidade Sociedade (CEUS)
Marta Colabone lembrou que sua formação aconteceu majoritariamente em escolas públicas e que seus familiares eram admiradores dos professores e professoras dedicadas ao ensino. "Estar em um ambiente de ensino público representa a oportunidade de construir e reconstruir o que for preciso, por meio de ideias e possibilidades, para preservação da democracia".
Convidada especial do Congresso Acadêmico 2023, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, frisou a importância do fortalecimento de um pensamento científico voltado para a democracia, pois são temas que devem estar juntos, mas também a pertinência da universidade na definição das políticas públicas e na reconstrução nacional. "Como cidadã, membro da comunidade científica e ministra de Estado da Saúde, me sinto representada por eventos como esse que abro hoje e muito alegre de estar numa casa que teve um papel muito importante nos últimos anos".
A ministra, que também foi a primeira mulher a presidir a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), trouxe para sua exposição uma crítica sobre a relação entre ciência e democracia, ao apresentar um texto do sociólogo Robert Merton. No trecho, ele trata dos ataques incipientes e reais à integridade da ciência, que levam os cientistas a dependerem de estruturas sociais, sob pena de serem obrigados a justificar os caminhos da ciência para a sociedade.
"Parece um texto atual, principalmente porque tanto falamos na comunidade científica sobre o negacionismo. Um negacionismo que, na verdade, começou no revisionismo histórico e na negação do que foi o holocausto durante o nazismo. Então, o revisionismo, na ciência, somente é estudado por vários autores quando há uma base política, na revisão da história. Por isso, vemos a importância de estarmos atentos às construções sócio-históricas", refletiu a ministra.
A ministra, então, avaliou impactos da pandemia de covid-19, que gravaram uma série de desigualdades socioeconômicas, como o acesso à saúde e à educação, além da sobrecarga nas demandas de proteção social. Apontou os aprendizados dessa experiência e as diretrizes a serem seguidas para que o país possa superar as consequências da pandemia, garantindo a capacidade de lidar com crises futuras. Destacou a necessidade de investimento contínuo e direcionado em ciência, tecnologia e inovação, com apropriação de seus produtos na assistência social, valorizando também a comunicação científica e o reconhecimento da relação profunda entre ciência e democracia.
Sua fala foi finalizada com a indicação dos planos do governo federal para lidar com os desafios para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e torná-lo "mais sustentável e resiliente", indicando melhorias na governança descentralizada e fortalecendo a atenção básica e propondo uma política nacional para demandas de alta e média complexidades. Nísia também sinalizou a necessidade de atuação conjunta ao Ministério da Educação (MEC) para alinhar a formação de profissionais de saúde, da graduação à pós-graduação, de forma a atender às necessidades regionais do SUS, além de ações para retomar a exemplar cobertura vacinal que tínhamos em nosso país.
O Congresso Acadêmico Unifesp 2023 segue até a próxima sexta-feira (23/6). Saiba mais sobre o evento neste link.
Fonte: DCI/Unifesp
Fotos: Alex Reipert
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