Pesquisadores da EPM e da Unicamp identificam molécula capaz de inibir o parasita da doença de Chagas
A pesquisa possibilita avanço no desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e menos tóxicos.
“Trata-se de um novo alvo potencial, dado o seu papel central na fase intracelular do ciclo de vida do Trypanosoma, ou seja, se inibirmos as suas funções, o parasita não se multiplica na mesma velocidade”, explica Sergio Schenkman, autor do estudo.
Clique acima para ouvir o conteúdo deste artigo.
Pesquisadores da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e estudantes da instituição estão envolvidos em uma pesquisa relacionada ao combate à doença de Chagas. Em colaboração com cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), eles identificaram uma molécula capaz de inibir a proliferação do Trypanosoma cruzi, parasita causador da doença.
A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) foi publicada no Journal of Biological Chemistry. A molécula em questão, chamada Dasatinib, já é utilizada no tratamento da leucemia. Uma das vantagens desse composto é sua capacidade de atacar e inibir especificamente o parasita, sem prejudicar as células humanas, como acontece com os medicamentos atualmente disponíveis.
Células do coração infectadas com Trypanosoma cruzi. Fonte: Folha de São Paulo
A doença de Chagas é uma das principais causas de mortes por doenças infecciosas e parasitárias no Brasil. Os tratamentos disponíveis atualmente são tóxicos e apresentam efeitos colaterais indesejáveis, o que leva muitos pacientes a interromperem o tratamento. A molécula Dasatinib demonstrou ser inibidora do Trypanosoma cruzi representa um avanço significativo no desenvolvimento de novos medicamentos mais eficazes e menos prejudiciais.
O estudo teve como alvo a enzima TcK2, encontrada no parasita. Após testar 379 moléculas inibidoras, a Dasatinib se destacou como a mais eficaz na inibição da enzima, reduzindo a proliferação do parasita em células de cultura. A validação desse alvo é fundamental para o desenvolvimento de novos fármacos.
Os pesquisadores agora buscam entender melhor a interação entre o inibidor e a enzima, visando tornar a molécula mais potente e específica. Além disso, pretendem testar a eficácia da Dasatinib em animais de laboratório, como parte das etapas para o desenvolvimento de um novo medicamento contra a doença de Chagas.
A pesquisa representa um avanço promissor no combate a essa doença negligenciada, e a participação dos professores e alunos da EPM na pesquisa demonstra a relevância da instituição na produção de conhecimento científico e no desenvolvimento de soluções para problemas de saúde pública.
Artigo completo: clique aqui
Redes Sociais