Doenças reumáticas também atingem crianças e adolescentes
Principal sintoma é o processo inflamatório na articulação levando à dor, ao inchaço e à rigidez
As doenças reumáticas acometem uma em cerca de 400 crianças, e os sintomas podem ser confundidos com doenças infecciosas, oncológicas e até mesmo com as “dores de crescimento”.
No dia 30 de outubro se comemora o Dia Nacional de Luta contra o Reumatismo. Embora se pense que esse dia é exclusivamente um alerta para os pacientes adultos com doenças reumáticas, a população de crianças e jovens está incluída e há necessidade urgente de uma conscientização.
Muitas pessoas acham que criança não tem “reumatismo”, e que este tipo de doença acomete apenas os adultos. Este pensamento, que é incorreto, costuma estar relacionado a um atraso no diagnóstico e no tratamento de várias doenças, muitas delas incapacitantes e até mesmo fatais. As doenças reumáticas acometem uma em cerca de 400 crianças, e os sintomas podem ser confundidos com doenças infecciosas, oncológicas e até mesmo com as “dores de crescimento”. O desconhecimento desta realidade pode levar a ausência ou atraso no diagnóstico com consequente falta de tratamento e má evolução destas doenças.
(Imagem: Sociedade Brasileira de Reumatologia)
Em publicação realizada pelo setor de Reumatologia Pediátrica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), observou-se uma média de até 1,4 anos para o diagnóstico da doença reumática em pacientes pediátricos e uma média de procura de 4 a 5 médicos até o encaminhamento para o reumatologista pediatra, que é o profissional mais indicado para realizar um diagnóstico correto. Em muitas cidades não dispomos deste especialista, mas o pediatra da família pode, juntamente com o reumatologista de adultos, suspeitar destas doenças e encaminhar cada caso adequadamente. O diagnóstico da maior parte destas doenças é clínico, e os exames laboratoriais são auxiliares.
Quais são as doenças reumáticas da infância mais comuns?
As doenças mais comuns são as doenças autoimunes (artrite idiopática juvenil - AIJ, lúpus eritematoso sistêmico, dermatomiosite, esclerodermia, vasculites), inflamatórias (outras artrites e doenças autoinflamatórias), osteoarticulares (dor de caráter mecânico, pós infecciosas), síndromes dolorosas crônicas (síndromes de amplificação dolorosa) e osteoporose que podem ocorrer em crianças e adolescentes dos 0 aos 21 anos de idade. Para se ter uma ideia da prevalência destas doenças, uma em cada 500 crianças da Cidade de São Paulo tem AIJ. Ou seja, em uma escola de 2.000 crianças, 4 podem ter a doença – o que não é pouco!
Entre os sintomas da AIJ está a inflamação de uma ou mais articulações, como joelhos, pulsos e tornozelos, que persiste por pelo menos 6 semanas no mesmo local. Assim, a criança ou adolescente sente dor, inchaço e rigidez na região. (Imagem: iStock)
Quando devo procurar o especialista?
As doenças reumáticas na infância têm apresentação clínica muito variável. Quadros de dor ou edema articular ou perda de deambulação são frequentes e podem caracterizar uma artrite aguda (como febre reumática) ou crônica (como artrite idiopática juvenil). A febre de origem indeterminada (febre por mais de 15 dias sem um foco aparente) é um sintoma frequente, assim como alterações na pele (como vermelhidão, úlceras, necroses, sensibilidade à luz solar), alterações na urina (presença de sangue, por exemplo), alterações cardíacas ou pulmonares (pericardite ou inflamação dos pulmões), ou neurológicas. Portanto, recomenda-se que os pais e os demais cuidadores falem e procurem o seu pediatra de confiança ou uma Unidade Básica de Saúde, para que o diagnóstico seja o mais precoce possível.
Autores
Maria Teresa Terreri
Professora Associada da Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Tem experiência na área de Pediatria, com ênfase em Reumatologia Pediátrica, atuando principalmente nos seguintes temas: vasculites, artrites crônicas, doenças reumáticas auto-imunes, uveítes auto-imunes, osteoporose e síndromes auto-inflamatórias. Outras informações, clique aqui.
Claudio Arnaldo Len
Professor Associado do Setor de Reumatologia da Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Tem experiência clínica na área de Pediatria e Reumatologia Pediátrica, com linhas de pesquisa nos seguintes temas: artrite idiopática juvenil, lúpus eritematoso sistêmico juvenil, febre reumática e vasculites. Outras informações, clique aqui.
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