Doença é hereditária e afeta a coagulação do sangue
Oncologia já traz respostas mais precisas
27/11 - Dia Nacional de Combate ao Câncer
Os próximos anos serão desafiadores para pesquisadores, profissionais de saúde e governos diante do envelhecimento da população do país.
Hoje, os brasileiros com 65 anos de idade ou mais representam 8% da população, número que deve se alterar significativamente até 2030, quando 14% das pessoas estarão nessa fase da vida. Apesar de convivermos com males típicos de nações consideradas em desenvolvimento como acidentes de trânsito e enfermidades infecto-parasitárias, a longevidade começa a trazer uma mudança de perfil com prevalência das doenças tipicamente de países desenvolvidos. O crescimento do número de casos das enfermidades oncológicas é um exemplo típico dessa transformação, que aliada à melhoria do diagnóstico, tem permitido uma abordagem cada vez mais antecipada e positiva no tratamento.
Dia Nacional de Combate ao Câncer
A fim de conscientizar a população a respeito da importância do diagnóstico precoce e da adoção de medidas de prevenção contra o câncer, o Ministério da Saúde, por meio da portaria GM nº 707, de dezembro de 1988, instituiu o Dia Nacional de Combate ao Câncer. Na data, que é comemorada no dia 27 de novembro, diversas campanhas educativas sobre os vários tipos de câncer são divulgadas, assim como as formas de tentar barrar o avanço da doença.
Convidamos Ramon Andrade de Mello, professor de oncologia clínica da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) e professor do curso de medicina da Universidade do Algarve, Portugal, para abordar os avanços oncológicos e a produção do conhecimento científico.
A Oncologia e o câncer de pulmão
Crédito: Revista Saúde
No mundo, mais de 80% dos casos de câncer de pulmão estão diretamente relacionados ao consumo de tabaco e derivados.
No Brasil, o câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres (excetuando-se o câncer de pele não melanoma).
O tratamento personalizado, com uso de medicamentos com melhores resultados, tem sido possível graças às pesquisas com os biomarcadores – proteínas, genes e outras moléculas - que promovem alteração celular e permitem identificar tumores e determinar as dimensões da sua gravidade. Além disso, eles contribuem para que o tratamento alcance as células do câncer.
Produção do conhecimento científico
Crédito: Pixabay
Na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em Portugal, começamos a pesquisar 20 desses biomarcadores, que podiam estar associados ao risco e ao prognóstico do câncer do pulmão. Os estudos concluíram que uma variação genética (mais precisamente o polimorfismo do EGF+61) estava ligada a um risco adicional de desenvolver a enfermidade na população daquele país. A conclusão mostrou ainda que essa alteração impulsiona um mecanismo bioquímico promovendo a proliferação de células malignas, contribuindo com a disseminação do tumor, até mesmo alcançando a fase de metástase.
Essas descobertas estão ajudando a melhorar o diagnóstico e o tratamento desse tumor e ainda contribuem para a melhor alocação dos recursos de saúde pública. Além disso, são fundamentais para a criação de medicamentos específicos e, assim, personalizar o tratamento.
Os resultados animadores das primeiras pesquisas da Universidade do Porto estimularam novos estudos no Brasil.
Com a identificação da prevalência da mutação em determinado público, podemos traçar estratégias de identificação e tratamento para inibir esse tumor em parcelas específicas da população. A conclusão das pesquisas desse grupo de Portugal resultou na publicação, em 2012, do primeiro estudo europeu de vida real, revelando o impacto populacional dessa variação genética após um ensaio clínico internacional.
A Universidade Federal de São Paulo já tem empregado uma classe de medicamentos advindos das conclusões dessa pesquisa em pacientes com a mutação e o tratamento promove taxas de resposta positiva em cerca de 60% dos casos.
A Unifesp e o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos estão concluindo os trâmites burocrático para uma parceira que vai orientar trabalhos para novas investigações de mutações genéticas no câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram. Esse é mais um passo importante para o fortalecimento do país na produção de conhecimento científico indispensável para o diagnóstico e tratamento oncológico, além de permitir aos nossos pesquisadores caminhar em igualdade com estudos similares em outras partes do mundo.
Por Ramon Andrade de Mello
Professor de oncologia clínica da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) e professor do curso de medicina da Universidade do Algarve, Portugal. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (2004). Realizou residência na área de Oncologia Médica no Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, Porto (IPO, 2015). Título de especialista em Oncologia Clínica pela Associação Médica Brasileira/Sociedade Brasileira de Cancerologia/Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, pela ACSS, Ministério da Saúde, Lisboa, Portugal, e pela Sociedade Européia de Oncologia Médica. Fez Doutorado em Medicina e Oncologia Molecular pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em Portugal (2012). E realizou o post-doc clinical fellowship na Lung Unit - Department of Medicine - The Royal Marsden NHS Foundation Trust, Londres, Inglaterra (2013). Desenvolve pesquisa científica básica e clínica na área de câncer do pulmão e gastrointestinal. Outras informações, clique aqui.
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