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O tabagismo e o câncer de boca

Publicado: Segunda, 31 de Maio de 2021, 12h59 | Última atualização em Segunda, 31 de Maio de 2021, 15h09 | Acessos: 70550

Fumar é o principal fator de risco do câncer bucal

O dia 31 de maio foi instituído como o Dia Mundial Sem Tabaco, estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1988, com o objetivo de alertar sobre as doenças e óbitos relacionados ao tabagismo. 

Dentre os malefícios desse vício está o Câncer de Boca - mais comum em homens acima dos 40 anos, sendo o quarto tumor mais frequente no sexo masculino na região Sudeste.

Nos último dez anos, o número de adolescentes e jovens fumantes diminuiu, segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), que é considerado um “Centro Colaborador da OMS para o Controle do Tabaco”. Apesar destes números, é crescente o número de usuários de narguilé e cigarros eletrônicos, principalmente entre jovens de 16 a 30 anos. É importante reforçarmos que apesar dos níveis de substâncias cancerígenas serem maiores nos cigarros comuns, estes dispositivos também apresentam um alto risco para desenvolvimento do câncer de boca, devido a componentes prejudiciais ao DNA como o formaldeído, acroleína e metilglioxal.

A OMS possui um programa de prevenção ao fumo, e uma das suas estratégias é uma lista com 100 motivos para abandonar o hábito de fumar.

 

OMS tabaco

 

O que é o câncer de boca?

O termo “câncer de boca” engloba diversas neoplasias que acometem estruturas bucais, como as gengivas, mucosa oral (chamada também de mucosa jugal), lábios, ventre lingual, assoalho de boca e estruturas consideradas formadoras da orofaringe como os pilares amigdalianos, base da língua e palato mole. Normalmente os casos são identificados em estágios avançados, prejudicando o prognóstico e sobrevida destes pacientes.

 

Incidência do câncer no Brasil

Segundo o Inca, é estimado que entre 2020 e 2022, serão 11.180 novos casos da doença nos indivíduos do sexo masculino e 4.010 no sexo feminino por ano. Além disso, as regiões do Brasil com maiores taxas de incidência e de mortalidade da doença são o Sul e Sudeste.

Como se percebe pelos números citados acima é uma patologia que acomete mais homens, acima dos 40 anos de idade. De acordo com um relatório apresentado em 2020 pelo Inca o tempo entre o diagnóstico e início do tratamento da patologia foi superior a 60 dias na maioria dos casos notificados no país. Ainda no mesmo relatório, é citado que as neoplasias malignas de orofaringe foram mais recorrentes, seguidas pelas neoplasias de língua.

 

grafico cancer bucal

 

Sintomas e Diagnóstico

No câncer bucal, as lesões normalmente surgem como manchas ou placas brancas ou avermelhadas, nódulos endurecidos ou úlceras na mucosa bucal. Estas lesões normalmente são indolores, podendo haver sangramento e sem cicatrização por mais de duas semanas. Nos casos mais avançados podem surgir dificuldades na mastigação, deglutição e fala, dificuldade na movimentação da língua e sensação de engasgo ou algo preso na garganta.

Para o diagnóstico é necessário que o cirurgião-dentista ou médico estomatologista realize uma biópsia e encaminhe o material para um exame anatomopatológico, que irá analisar o material a nível celular, utilizando microscopia e diferentes técnicas de análise laboratorial.

 

Fatores de risco além do tabagismo

Além do hábito de fumar, diversos outras causas devem ser consideradas quando falamos sobre câncer bucal. Atualmente, podem ser considerados os principais fatores de risco para o câncer de boca:

  • Tabagismo (consumo de cigarros de tabaco, cigarros de palha, tabaco mascado, fumos de rolo, cachimbos, cigarros eletrônicos e narguilé);
  • Exposição ao sol sem proteção (protetores labiais, por exemplo);
  • Consumo regular de bebidas alcoólicas;
  • Má higiene bucal (devido à maior quantidade de microorganismos presentes na boca);
  • Traumas constantes na mucosa bucal (pelo uso de próteses mal adaptadas, dentes e restaurações com bordas cortantes);
  • Queimaduras repetitivas na mucosa oral (ocasionadas por exemplo por alimentos em altas temperaturas, como chimarrão ou café muito quente);
  • Infecção pelo vírus HPV;
  • Excesso de gordura corporal;
  • Exposição às substâncias cancerígenas no ambiente laboral (por exemplo, amianto, poeira de madeira, poeira de cimento, resíduos de cereais, resíduos têxtil, óleo de corte, formaldeído, sílica, fuligem de carvão, entre outros).

 

Qual a melhor maneira de prevenir?

diagnostico dental A prevenção é a principal estratégia para o controle desta patologia. Pode ser obtida através do auto-exame bucal, visita regular ao cirurgião-dentista, apresentar hábitos saudáveis e manter uma boa higiene bucal.

Dessa forma é possível manter uma boa saúde geral e possibilitar um diagnóstico precoce destas lesões, apresentando consequentemente um melhor prognóstico e controle da patologia.

 

Referências

 

Autoras

autoras cancer bucal

 

Denise Caluta Abranches

Cirurgiã-dentista, professora adjunta da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) – Campus São Paulo e coordenadora do Serviço de Odontologia do Hospital São Paulo, hospital universitário (HSP/HU Unifesp). Outras informações, clique aqui

Morgana de Menezes Maia

Cirurgiã-dentista com especialização em Residência Multiprofissional em Cuidados Intensivos de Adultos pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e voluntária  do Serviço de Odontologia do Hospital São Paulo, hospital universitário (HSP/HU Unifesp). Outras informações, clique aqui

 

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