De olho no tempo e na saúde: Como as variações de temperatura podem aumentar o risco de AVC
A conscientização sobre os riscos associados às mudanças climáticas e a adoção de medidas preventivas são cruciais para proteger a saúde e reduzir o impacto do AVC
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Você já deve ter ouvido falar sobre o Acidente Vascular Cerebral (AVC), uma condição de saúde séria que afeta milhares de pessoas em todo o mundo. Recentemente, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) divulgou dados preocupantes: houve um aumento significativo de 20,2% nos casos de AVC de janeiro a junho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Esses números chamam a atenção e nos levam a questionar o que está acontecendo.
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo registrou um aumento de 20,2% no número de casos por AVC. Imagem: Loane Carvalho/ComunicaSP
Neste artigo, vamos explorar o que é o AVC, seus sintomas, fatores de risco e, em particular, a possível influência das variações de temperatura na ocorrência desses casos em São Paulo. Vamos juntos entender como cuidar do nosso coração e proteger nossa saúde cerebral.
O que é o AVC?
O AVC, também conhecido como derrame cerebral, é uma condição médica que ocorre quando há uma interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro ou um sangramento para dentro do órgão. Portanto existem dois tipos de AVC, quando um vaso sanguíneo no cérebro se rompe (AVC hemorrágico) ou quando um vaso sanguíneo fica obstruído por um coágulo ou placa (AVC isquêmico). Ambos os tipos de AVC podem causar danos cerebrais significativos e até mesmo ser fatais.
Imagem: Sociedade Brasileira de AVC/Reprodução
Sintomas e Fatores de Risco
Os sintomas do AVC podem variar, mas é importante estar ciente de sinais comuns, como:
- Fraqueza ou dormência em um lado do corpo;
- Dificuldade de fala ou compreensão;
- Confusão súbita;
- Visão turva;
- Dor de cabeça intensa e súbita.
Fatores de risco incluem hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, obesidade, histórico familiar e idade avançada. É crucial controlar esses fatores para reduzir o risco de AVC.
A relação entre as variações de temperatura e o AVC
Agora, vamos abordar o aspecto que chamou nossa atenção: a possível influência das variações de temperatura nos casos de AVC. São Paulo é uma cidade com um clima variado, e as mudanças bruscas de temperatura podem afetar a saúde de maneiras surpreendentes.
Imagem ilustrativa: CanvaPro/Loane Carvalho/ComunicaSP
Estudos mostraram que exposição a temperaturas extremamente baixas ou extremamente altas pode aumentar o risco de AVC. Quando as temperaturas estão muito frias, o corpo tende a restringir o fluxo sanguíneo para manter o calor, o que pode levar a um aumento na pressão arterial e, consequentemente, ao risco de um AVC. Por outro lado, altas temperaturas podem desidratar o corpo, também aumentando o risco de coágulos sanguíneos.
Protegendo-se do AVC
A boa notícia é que podemos tomar medidas para proteger nossa saúde cerebral, independentemente das variações de temperatura. Aqui estão algumas dicas:
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Mantenha-se hidratado(a): Beba bastante água, especialmente em dias quentes. A hidratação adequada ajuda a manter o sangue fluindo suavemente.
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Controle sua pressão arterial: A hipertensão é um fator de risco importante para o AVC. Consulte um médico regularmente e siga suas recomendações.
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Tenha uma dieta saudável: Coma alimentos ricos em fibras, frutas, verduras e evite o consumo excessivo de sal, açúcar e gorduras saturadas.
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Pratique atividade física regularmente: O exercício ajuda a manter o peso sob controle e a promover a circulação sanguínea saudável.
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Evite o tabagismo e o consumo excessivo de álcool: Ambos são fatores de risco para o AVC.
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Esteja atento(a) aos sintomas: Conheça os sinais de alerta do AVC e, se você ou alguém que você conhece apresentar esses sintomas, busque ajuda médica imediatamente. O tempo é crucial no tratamento do AVC.
Imagem: Freepik/Reprodução
O aumento nos casos de AVC em São Paulo nos lembra da importância de cuidar da nossa saúde cerebral. Além dos fatores de risco tradicionais, como hipertensão e diabetes, devemos estar cientes do impacto das variações de temperatura em nosso corpo. Cuidar do nosso coração é cuidar do nosso cérebro, e a prevenção é a chave para um futuro saudável.
Esteja atento(a) aos sinais de alerta, siga um estilo de vida saudável e consulte um(a) médico(a) regularmente. Ao tomar medidas proativas, podemos reduzir o risco de AVC e desfrutar de uma vida longa e saudável.
Por Gisele Sampaio Silva
Médica neurologista e professora livre-docente da Disciplina de Neurologia da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Coordenadora de Ensaios Clínicos em Neurologia na Academic Research Organization do Hospital Israelita Albert Einstein. Ex-presidente da Sociedade Brasileira de AVC e membro ativo da Diretoria da World Stroke Organization. Outras informações, clique aqui