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Menopausa não é doença, mas exige cuidado

Publicado: Terça, 18 de Outubro de 2022, 15h52 | Última atualização em Quarta, 26 de Outubro de 2022, 09h05 | Acessos: 25570

O termo menopausa é, muitas vezes, utilizado indevidamente para designar o climatério

Ouça acima o conteúdo deste artigo.

A Sociedade Internacional de Menopausa (International Menopause Society - IMS), em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS), designou o dia 18 de outubro como o Dia Mundial da Menopausa. Ficamos honradas em poder dissertar sobre um assunto tão importante para todas as mulheres. Felizes as que conseguem viver muito tempo na pós-menopausa.

Maior expectativa de vida feminina

Em 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relatou que a expectativa de vida da população masculina chegou a 72,2 anos e a feminina atingiu 79,3. Com esse aumento da expectativa de vida, as mulheres passam 1/3 da vida no período pós menopausa, o que leva a medicina a estudar estratégias para assegurar uma qualidade de vida e evitar as consequências patológicas que a menopausa pode trazer à saúde feminina. 

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Menopausa ou climatério?

A menopausa é apenas um marco na nova fase de vida da mulher chamada climatério. Ela representa a data da última menstruação e denominamos uma mulher “menopausada” quando ela não apresenta menstruações por 12 meses. Quando os ciclos menstruais se modificam, ficam bem irregulares e a mulher ainda apresenta alguns dos sintomas característicos abaixo, essa mulher pode estar no que chamamos de Transição Menopausal:

  • fogachos (calores),
  • despertares noturnos,
  • insônia,
  • irritabilidade,
  • diminuição de libido,
  • dor à relação (penetração),
  • batedeira,
  • dor nas juntas,
  • dor muscular,
  • tontura,
  • zumbido,
  • cefaleia. 

E finalmente quando a menstruação não apareceu durante um ano ou mais e há intensificação dos sintomas, a mulher realmente entrou na menopausa. Os seus ovários não produzem mais hormônios sexuais femininos (estradiol e progesterona) e os hormônios sexuais masculinos (androstenediona e testosterona) caem para metade na menopausa. Essa modificação de status hormonal (hipoestrogenismo fisiológico em decorrência da atresia folicular) é o que gera todos os sinais e sintomas da menopausa.

 

climaterio

Menarca: primeira menstruação; Menopausa: fim da menstruação; Climatério: fase de transição do período reprodutivo para o não reprodutivo. (Imagem: Vitallogy)

 

O climatério é uma fase de transição do período reprodutivo para um período não reprodutivo, que pode ter muito impacto na qualidade de vida. A mulher climatérica pode apresentar repercussões psicológicas pela incapacidade reprodutiva, sinal marcante de envelhecimento; físicas com as mudanças metabólicas e de distribuição da gordura corporal; osteomusculares com a maior atividade de reabsorção óssea e sarcopenia; gênito-urinárias com secura e ardor vaginal, alteração do controle da urina; sexuais com redução importante da libido e maior dificuldade de atingir o orgasmo.

Além de todas essas repercussões, as mais importantes e com impacto em aumento da mortalidade são os riscos de doenças cardiovasculares (DCV), causa número um em mortalidade nas mulheres da pós-menopausa e as causas oncológicas, em especial, o câncer de mama, considerado o segundo maior câncer entre as mulheres, perdendo somente para o câncer de pele não melanoma. Sem dúvida o câncer de mama é a maior causa de mortalidade global por câncer nas mulheres.

Menopausa e Terapia Hormonal

Durante essa fase, mais de 70% das mulheres apresentam sintomas. E devemos ter atenção a essas mulheres. Segundo a Sociedade Brasileira de Climatério (SOBRAC) existem situações que as mulheres merecem receber Terapia Hormonal (TH), quando não apresentarem contra indicações, por exemplo, história prévia de câncer de mama e endométrio, infarto agudo do miocárdio. 

Situações para uso de TH sistêmica (oral ou transdérmica por meio de gel ou adesivos), segundo a SOBRAC:

  • Sintomas vasomotores, fogachos
  • Prevenção e Tratamento de osteoporose
  • Menopausa Precoce (<40 anos), independentemente de apresentar sintomas

Situações para uso de TH local (creme ou comprimidos vaginais), segundo a SOBRAC:

  • Síndrome Génito Urinário da Menopausa (SGUM) – manifestações atróficas urogenitais – secura vaginal, dor na relação sexual, infecções vaginais/urina de repetição

Quando a mulher só apresenta queixas da SGUM, optamos sempre pelo tratamento local. No entanto, se ela apresenta queixas de fogachos associados a SGUM, optamos pelo tratamento sistêmico, que em geral resolve tudo. Mas, cerca de 30% das pacientes em tratamento sistêmico permanecem com queixas de atrofia vaginal e neste caso associamos os dois tratamentos, local e o sistêmico. A indicação de TH SEMPRE na janela de oportunidade, isto é, os primeiros dez anos a contar da última menstruação da mulher. Quanto mais perto da menopausa ela começar a TH, maiores os benefícios e menores os riscos associados. De acordo com estudos recentes, podemos observar uma tendência à proteção cardiovascular da mulher quando iniciada a reposição hormonal dentro da janela. No entanto, aquela mulher que nos procura com 15 ou mais anos de menopausa para iniciar uma reposição, a TH pode ser de fato um risco cardiovascular.

 

Cinco pilares do bem-estar

 mulher na menopausa

 

A mensagem mais importante que nós mulheres temos que ter é manter os 5 pilares do bem-estar para uma boa qualidade de vida e reduzir risco de doenças cardiovasculares/oncológicas:

  1. Alimentação saudável pobre em gorduras animais, gorduras saturadas, carboidratos simples e processados; rica em derivados do leite para um aporte de 1000 mg de cálcio por dia e baixo consumo de álcool.

  2. Atividade física regular, 150-300 minutos por semana.

  3. Sono de qualidade – faça a higiene do sono (menos luz, celular, e TV na hora de dormir.

  4. Relações sociais – saia com suas amigas, converse mais, sorria.

  5. Equilíbrio mental – vá em busca da sua espiritualidade, pratique yoga, técnicas de relaxamento.

 

Autoras

Marair Marair Gracio Ferreira Sartori

Professora Titular e chefe do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Outras informações, clique aqui.

 

 

 

 

rita dardesRita de Cássia de Maio Dardes 

Professora Adjunta do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Vice-chefe da Disciplina de Ginecologia Endócrina e Climatério da EPM/Unifesp. Membro da Comissão Nacional Especializada do Climatério da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Outras informações, clique aqui.

 

 

 

 

 

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