Estudo avaliará como a ansiedade pode impactar na saúde mental de gestantes
Serão avaliadas 1.330 mulheres, em 10 centros de instituições públicas
Por Denis Dana
Embora a ciência esteja amplamente dedicada ao entendimento acerca dos impactos da covid-19 na saúde, os potenciais efeitos da infecção materna no feto e da infecção neonatal são preocupações válidas e que devem permanecer sem respostas ainda por algum tempo. Essa incerteza se repete no íntimo e na psique das pacientes gestantes e puérperas, com implicações no seu estado emocional. Um estudo que está sendo realizado pelo Departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) no Hospital São Paulo, o hospital universitário da Universidade Federal de São Paulo (HSP/HU Unifesp), busca saber justamente o tamanho dessa interferência emocional, tanto para a mãe quanto para o bebê.
“Prognósticos incertos, restrição das liberdades individuais, isolamento social, perdas econômico-financeiras crescentes e mensagens conflitantes das autoridades somam-se como fatores estressores e, possivelmente, desencadeiam a ansiedade. Isso afeta ainda mais a saúde mental das mulheres no período gestacional, já alterado em razão das intensas modificações psicológicas, fisiológicas e físicas que passam nesse período”, afirma a professora Roseli Nomura, responsável por coordenar o estudo.
Para analisar o impacto da ansiedade nessas futuras mães, os pesquisadores avaliarão 1.330 gestantes, em 10 centros de instituições públicas do país, durante dois meses. “A pandemia da covid-19 pode exercer efeitos na ansiedade materna, principalmente, ao final da gestação, o que pode influenciar na adaptação materna ao período após o parto. Queremos entender o tamanho dessa influência, bem como se e quanto interfere no desenvolvimento saudável do feto”, destaca Roseli.
Para o estudo, serão avaliadas mulheres acima de 18 anos; puérperas com recém-nascido único, vivo e sem malformações; com ausência de transtorno psiquiátrico ou mental em tratamento; e com idade gestacional do parto acima de 36 semanas. As pacientes participantes deverão responder um questionário sociodemográfico e perguntas sobre conhecimento geral, cuidados no pré-natal, no parto e no pós-parto no contexto da pandemia da covid-19. A ansiedade materna será avaliada por meio do questionário Beck Anxiety Inventory (BAI), sobre sinais e sintomas observados nos sete dias antes do parto. Serão comparados os grupos de acordo com o grau de ansiedade detectada.
“A pesquisa permitirá comparar a ansiedade materna nas diferentes cidades onde o estudo será realizado, de acordo com o contexto local da pandemia. Dessa forma, esperamos dimensionar como a covid-19 pode impactar na saúde mental das gestantes e como a ansiedade pode interferir nesse momento tão especial”, conclui a pesquisadora.