Novembro Dourado e o câncer infantojuvenil
Diagnóstico precoce é fundamental
Neste mês, a campanha Novembro Dourado enfatiza a importância do diagnóstico precoce do câncer em crianças e adolescentes - o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil, celebrado no dia 23 de novembro, data instituída pela Lei nº 11.650, de 4 de abril de 2008. O laço dourado da campanha simboliza a cor da fita da consciência do câncer infantojuvenil e o padrão “de ouro” necessário no tratamento desses pacientes.
O cenário brasileiro
Hoje, em torno de 70% das crianças e adolescentes (0 a 19 anos) acometidos de câncer podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados.
O câncer representa a primeira causa, de morte por doença, entre crianças e adolescentes (0 a 19 anos) no Brasil.
A incidência do câncer pediátrico é de aproximadamente 16 para cada 100 mil habitantes, menores do que 19 anos, o que leva à estimativa de 12 mil casos novos por ano no Brasil. Estima-se que menos da metade dos casos cheguem aos centros de tratamento multidisciplinar especializados.
O assunto é tão preocupante que, em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou uma nova iniciativa – Global Initiative for Childhood Cancer – com o objetivo de alcançar ao menos 60% de taxa de sobrevivência entre crianças com câncer até 2030, o que pode salvar mais de um milhão de vidas. Essa nova meta representa uma duplicação da taxa de cura para crianças com a doença em todo o mundo.
A iniciativa da OMS
A Iniciativa Global da OMS para o Câncer Infantil tem dois objetivos: aumentar a priorização do câncer infantil por meio da conscientização em níveis global e nacional e expandir a capacidade dos países de oferecer as melhores práticas no tratamento da doença entre crianças. Concretamente, a OMS apoiará os governos para avaliar as capacidades atuais no diagnóstico e tratamento do câncer, incluindo a disponibilidade de medicamentos e tecnologias; definir e priorizar programas de diagnóstico e tratamento do câncer; e integrar o câncer infantil em estratégias nacionais, pacotes de benefícios de saúde e esquemas de seguro social.
Mutações adquiridas e câncer do crescimento
As mutações adquiridas estão apenas nas células cancerígenas da pessoa, mas não são repassadas aos descendentes.
De modo diverso do câncer nos adultos, em crianças e jovens a doença não está diretamente associada a fatores de risco externos. A maior parte das neoplasias malignas que ocorrem nas crianças decorre de alterações no DNA que aconteceram antes do nascimento ou no início da vida da criança. E quando o processo de divisão celular não é perfeito essa mutação genética é chamada adquirida.
Nas crianças, são raras as formas de cânceres familiares ou hereditários. Por essa razão, o câncer da criança é chamado câncer do crescimento e tem correlação, em sua maioria, com a fase embrionária.
Quando é necessário procurar um médico?
As causas são indefinidas, difíceis de prevenir. Também não apresentam sinais específicos, pois, nas fases iniciais da doença, os sintomas podem ser confundidos com os de outras enfermidades (por exemplo, febre, palidez).
Pais, responsáveis e pessoas que convivem com as crianças, como avós, tios e professores, podem contribuir para identificar os primeiros sintomas, mas é importante salientar que não significa que a criança ou o adolescente tenha câncer. Várias outras doenças podem causar esses sinais. Por essa razão, somente um médico poderá indicar o momento de iniciar uma investigação mais especializada para o diagnóstico preciso.
Crédito: Graacc - Cartilha
Tipos de tumores infantis mais comuns
O câncer mais comum da infância é representado pelas leucemias, seguido dos tumores do sistema nervoso central e dos linfomas e outros, conforme figura abaixo:
Tratamento especializado e multidisciplinar
Trabalho feito em conjunto com especialistas de diversos setores, que interagem no tratamento multidisciplinar e contribuem, assim, para a obtenção de melhores resultados.
Os cânceres em crianças e adolescentes são considerados mais agressivos e se desenvolvem rapidamente; por outro lado, os pacientes infantis respondem melhor ao tratamento e, apesar da incidência ser bem menor que dos adultos, o número de vidas salvas é significativamente maior.
E com esse propósito, em 1991 o professor Antônio Sergio Petrilli, chefe do Setor de Oncologia, da Disciplina de Especialidades Pediátricas da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo, ao lado de outros médicos, enfermeiras e membros voluntários da comunidade, funda o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), uma organização não governamental (ONG) e, em parceria com a Unifesp, o Instituto de Oncologia Pediátrica, atualmente uma referência no tratamento oncológico para crianças e adolescentes no país.
O trabalho realizado pelos oncologistas pediátricos é destinado a crianças e adolescentes, e engloba as modalidades de tratamento ambulatorial, em regime de internação em enfermaria, terapia intensiva e transplante de medula óssea. Além disso, realiza procedimentos diagnósticos e terapêuticos, tais como cirurgia, quimioterapia, radioterapia e tratamento de suporte.
O Hospital do Graacc, localizado na Rua Pedro de Toledo, 572 - Vila Clementino/São Paulo, conta com um corpo médico e multiprofissional com grande experiência no tratamento de crianças e adolescentes com câncer; também oferece, em parceria com a Unifesp, Residência Médica em Cancerologia Pediátrica, em Transplante de Medula em Pediatria e Residência Multiprofissional em Enfermagem, Psicologia, Nutrição e Fisioterapia, com o objetivo de preparar profissionais para atuarem na assistência do paciente pediátrico oncológico.
Além disso, recebe médicos residentes da Pediatria, da Cirurgia Pediátrica, Anestesia, Neurocirurgia, Ortopedia e conta com diferentes especialidades da Unifesp para consultorias em casos especiais.
Por Flavio Luisi
Médico do Setor de Oncologia, da Disciplina de Especialidades Pediátricas do Departamento de Pediatria da EPM/Unifesp. Possui graduação em Medicina (Unesp, 1982), mestrado (Unifesp, 1995), doutorado (Unifesp, 2004) em Pediatria e Ciências aplicadas a Pediatria. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Oncologia Pediátrica, atuando principalmente nos seguintes temas: câncer, criança, Linfoma não Hodgkin, Linfoma de Hodgkin e terapia de suporte. Outras informações, clique aqui.