Parceria entre Unifesp e USP investiga como o novo coronavírus afeta o olfato
Pesquisadores querem descobrir se a perda abrupta da capacidade olfativa pode ser um indicativo precoce da covid-19
Um grupo de pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) e do Departamento de Bioquímica da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo pretende investigar se a perda abrupta da capacidade olfativa pode ser um indicativo precoce da covid-19.
O projeto liderado pela professora Bettina Malnic, do IQ-USP, visa abordar mecanismos de expressão gênica associados aos receptores olfatórios, uma família de proteínas expressas em neurônios sensoriais do epitélio olfatório que atuam na sinalização da presença de moléculas odorantes na cavidade nasal. Pela Unifesp, colaborará Isaias Glezer, professor adjunto do Departamento de Bioquímica da EPM/Unifesp.
Parte dos recursos deste projeto serão direcionados para entender processos lesivos no epitélio olfatório provocados pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). O grupo está elaborando um questionário para monitorar nos profissionais de saúde do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HCFMUSP) tanto a presença de sintomas já bem estabelecidos da doença – como febre, tosse e dificuldade para respirar – como também eventuais mudanças olfativas.
“Diversas pessoas infectadas pelo vírus relatam perda de olfato, às vezes, sem mesmo desenvolver outros sintomas da covid-19. Como o vírus se replica nas vias áreas superiores, uma das hipóteses é que o vírus provoca, direta ou indiretamente, danos aos elementos neurais sensoriais presentes nas conchas nasais superiores. Desta forma, a infecção poderia promover prejuízo ao sistema responsável pela detecção de moléculas odorantes, e a transmissão deste sinal nervoso para o bulbo olfatório localizado no sistema nervoso central”, explica Glezer, que possui experiência em análise histológica de dano inflamatório e expressão gênica no epitélio olfatório.
*Com informações da Agência Fapesp