Projetos foram selecionados em votação aberta
Ouça acima o conteúdo deste artigo.
Já temos o resultado da votação do edital de Emendas Parlamentares de 2023 de uma deputada federal e seis projetos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) foram escolhidos em votação popular. A Unifesp teve 11 projetos pré-selecionados. Foram 111 projetos para a votação final e mais de 50.000 votos.
Experiências dos autores
Luana Caran Roque, uma das autoras do projeto Saúde Ginecológica, relata que "a experiência foi muito interessante, fez a gente pensar na estrutura do projeto e criar um planejamento mais detalhado, bem como uma ampliação nas atuações, uma vez que teríamos maiores ferramentas para que fizéssemos as ações." Já a pesquisadora do projeto Medidas de apoio psicossocial para gestantes vítimas de violência e adversidades residentes em regiões de alta vulnerabilidade, Andrea Parolin Jackowski, ressalta que "foi uma ótima experiência" e que achou "o edital bastante específico e com instruções claras para o preenchimento".
Uma das autoras do projeto TransAcesso, Renata Rangel Azevedo, disse que "foi muito gratificante" e que "o edital possibilitou retornarmos o diálogo com a sociedade e a comunidade trans e, assim, sensibilizar parceiros/as e parlamentares frente às demandas específicas de ampliação de acesso às tecnologias de saúde a serem oferecidas para as pessoas trans, travestis ou com vivências de variabilidade de gênero".
A professora Maria Elisabete Salvador Graziosi, autora do projeto Inteligência Artificial em apoio à promoção de saúde, predição de riscos de abusos, violência, doenças e agravos de mulheres e meninas em situação de vulnerabilidade social e emocional, considerou o "processo tranquilo". Segundo Elisabete, os "prazos e as orientações foram adequados; e as temáticas relevantes e necessárias".
Girliani Silva de Sousa, autora do projeto Concepções e Itinerários Terapêuticos de Adolescentes que tentaram suicídio no período da pandemia por COVID-19 em São Paulo, "acredita que a votação expressiva pelo projeto se deve à comunidade externa ter reconhecido a necessidade desse estudo por ter ou conhecer casos de comportamento suicida entre jovens".
E por fim, Emérita Opaleye, autora do projeto Programa FO-CO: educação socioemocional e convivência compassiva entre adolescentes, familiares e educadores relata que, "para nossa equipe, participar desse edital foi uma oportunidade para divulgação do nosso trabalho, especialmente na parte de votação popular, pela articulação da rede, quando sentimos o apoio das pessoas e reconhecimento da necessidade do nosso projeto por parte da população".
Os contemplados
Confira a lista com os seis projetos selecionados:
Saúde
Saúde Ginecológica
Autores: Luana Caran Roque, Manuella de Azevedo Janoni Hernandes, Zsuzsanna Di Bella, Marair Gracio Sartori, Carlos Francisco dos Santos Junior.
Objetivos:
- A disseminação de informações importantes da área de ginecologia às comunidades do Fórum das Comunidades da Vila Clementino (CVC), projeto desenvolvido pelo Voluntariado da Escola Paulista de Medicina (EPM), e à comunidade HSP/Unifesp (trabalhadores, alunos e residentes);
- A identificação das dificuldades de conhecimento e acesso a informações ou serviços relacionados à ginecologia;
- O compartilhamento de informações e a tentativa de suprir as dificuldades que forem observadas dentro das comunidades e do complexo HSP/Unifesp;
- O auxílio de comunidades, por meio de parcerias, para suprir as demandas por conhecimentos ou até mesmo atendimentos e exames na área de ginecologia.
Os objetivos do projeto são cruciais para atenuar a distância entre o saber acadêmico de uma Universidade Pública e a população geral. No território em que o Hospital São Paulo está inserido foi possível fazer o levantamento de 50 comunidades em situação de vulnerabilidade, sendo 18 com alto adensamento social. Além disso, o território do Distrito Administrativo (DA) da Vila Mariana não é atribuído como área sob responsabilidade de nenhuma Unidade Básica de Saúde(UBS), o que torna essa população desassistida em saúde. Os relatos mensais dos líderes das comunidades, no Fórum das CVC, exibem as carências específicas dessas mulheres, demonstrando com maior clareza a demanda de cada comunidade. Isso permite a elaboração de materiais e ações específicas para os locais, que atendam com maior plenitude suas demandas. Assim, abre-se um canal de comunicação da Universidade com a população, auxiliando diretamente na garantia do direito à saúde dessas mulheres. A disseminação de informações acerca dos cuidados da mulher é fundamental para o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) que preconiza a universalização, a equidade e a integralidade na Saúde (Ministério da Saúde, 2020). As ações propostas por este projeto, encontram subsídio nos incisos V, VI e VIII do Art. 7° da 8.080/90 que institui o SUS, defendendo a participação ativa da sociedade e o direito à informação. Vale ressaltar que o projeto tem como público-alvo as moradoras das comunidades que integram o Fórum das CVC, o complexo HSP/Unifesp e outros grupos que procuram e demonstram interesse por ações do projeto, como a Casa de Assis do Serviço Franciscano de Solidariedade (SEFRAS).
Segundo a autora do projeto, Luana Caran Roque, a divulgação do projeto para votação foi feita por meio do Instagram e WhatsApp. "A expectativa é ampliar o alcance do projeto, atendendo mais pessoas, de uma forma mais efetiva e com maior possibilidade e diversidade de ações."
Site do Projeto: clique aqui
Link do site do projeto Instagram: @voluntariado.epm
Medidas de apoio psicossocial para gestantes vítimas de violência e adversidades residentes em regiões de alta vulnerabilidade
Autora: Andrea Parolin Jackowski, professora associada do Departamento de Psiquiatria da EPM/Unifesp
Objetivo geral:
- Promover medidas de apoio para gestantes vítimas de violência, residentes em regiões de alta vulnerabilidade e com poucos recursos e usuárias do Sistema Único de Saúde de Guarulhos.
Objetivos específicos da proposta:
- Promover saúde física, mental, bem-estar, hábitos de higiene e qualidade de vida para as gestantes;
- Auxiliar na identificação de sinais e sintomas de depressão na gestação e puerpério;
- Promover a identificação dos tipos de adversidades e violência doméstica contra a mulher (violência física, psicológica, moral, sexual e patrimonial);
- Orientar quanto às formas de denúncia de violência contra a mulher;
- Orientar quanto ao uso de serviços de saúde;
- Orientar quanto aos hábitos de higiene e cuidados com o recém-nascido;
- Orientar quanto a importância dos vínculos familiares na gestação e puerpério;
- Promover ações que fortaleçam o vínculo entre a mãe e o bebê no puerpério.
O projeto está vinculado ao Projeto Temático financiado pela FAPESP e pelo NIH. Segundo a autora do projeto, Andrea Parolin Jackowski, para a votação, o projeto foi divulgado entre os pares nos diferentes grupos de WhatsApp. Foi enviado o link da votação para os colegas de outras Instituições no Brasil e no exterior via email. "A expectativa para a utilização dos recursos é alta pois o projeto está na fase de coleta de dados. Espera-se que em breve haja acesso aos recursos para início do projeto proposto na emenda", ressalta Andrea.
TransAcesso
Autores: Todo o corpo multiprofissional do Núcleo TransUnifesp é coautor desse projeto, no entanto, a execução do recurso será feita pela coordenação – Profa. Renata Rangel Azevedo e Prof. Renan Honório Quinalha.
Lista dos(as) colaboradores(as)/autores(as):
Profa. Dra. Renata Rangel Azevedo (Fonoaudiologia),
Prof. Dr. Renan Honório Quinalha (Direito),
Natalia Tenore Rocha (Enfermagem),
Prof. Dr. Magnus R. Dias da Silva (Endocrinologia),
Profa. Dra. Denise Leite Vieira (Psicologia),
Profa. Dra. Samira Yarak (Dermatologia),
Drª. Mariana Rosa Borges (Endocrinologia),
Dr. Joaquim Bastos (Endocrinologia),
Ísis Gois (Nutrição),
Dr. Victor Leite Perini (Ginecologia),
Dr. Miranda Lima (Psiquiatria),
Dr. Adriano Brasolin (Cirurgia Plástica),
Dr. Matheus Brandão Vasco (Urologia).
Objetivo:
Ampliar o acesso e oferecer acompanhamento especializado e de tratamento efetivo para atender demandas mais complexas e específicas de pessoas trans, travestis ou com vivências de variabilidade de gênero que buscam modificações corporais.
O projeto foi divulgado entre os pares pelas mídias sociais do Núcleo TransUnifesp (Instagram @nucleotransunifesp; Facebook @NucleoTransUnifesp, grupos de WhatsApp) , associações e movimentos sociais parceiros como Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT) e Associação Brasileira Profissional para a Saúde Integral de Pessoas Travestis, Transexuais e Intersexo (ABRASITTI). Segundo a autora do projeto, Renata Rangel Azevedo, para a utilização do recurso no projeto, espera-se a execução do recurso ainda neste ano e, tão logo instalados os equipamentos de depilação à laser e cabina de voz, iniciar os atendimentos específicos. Depois da etapa piloto de testes, esses serviços serão ampliados para mais acesso de outras pessoas trans usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) e somente depois de reguladas pelo sistema CROSS (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) de agendamento no estado de São Paulo.
Link do site do Projeto: clique aqui
Inteligência Artificial em apoio à promoção de saúde, predição de riscos de abusos, violência, doenças e agravos de mulheres e meninas em situação de vulnerabilidade social e emocional
Autora: Maria Elisabete Salvador Graziosi, professora do Departamento de Informática em Saúde (DIS/EPM - Unifesp).
Objetivo: Aplicar sistema de algoritmos a partir da adoção de técnicas de Aprendizado de Máquina para promoção de saúde, predição de riscos de abusos, violência, doenças e agravos de mulheres e meninas em situação de vulnerabilidade social e emocional, por meio da implantação do plano de cuidado personalizado. Aumentar sobremaneira a atuação da equipe de saúde no cuidado integrado e personalizado; promover análises e predição de riscos de abuso, violência e doenças mentais; aumentar à adesão ao tratamento e, monitorar a trajetória da saúde da população supracitada de forma rápida e eficaz são ações prementes no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS).
Segundo a autora do projeto, Maria Elisabete Salvador Graziosi, a votação foi divulgada por WhatsApp e a expectativa para utilização dos recursos é que trata-se de um estudo com objetivos e métodos exequíveis a partir dos recursos propostos. De fato, são os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que motivam nossos estudos e ações. "Pretendemos promover debates e reflexões a respeito da implantação de inovações tecnológicas que favoreçam pessoas e comunidades, sobretudo, na perspetiva das periferias e população vulnerável" ressalta Maria Elisabete.
Concepções e Itinerários Terapêuticos de Adolescentes que tentaram suicídio no período da pandemia por COVID-19 em São Paulo
Autores: Professores da Disciplina de Enfermagem em Saúde Mental da Escola Paulista de Enfermagem (EPE/Unifesp - Campus São Paulo). A coordenação do projeto é da Profa. Dra. Girliani Silva de Sousa que atua na temática de suicídio há dez anos.
O objetivo do projeto é analisar os itinerários terapêuticos de adolescentes que tentaram suicídio no período da pandemia por COVID-19 na Coordenadoria Regional Sudeste do Município de São Paulo, identificar os fatores que favoreceram e dificultaram a adesão ao tratamento proposto e analisar as percepções dos adolescentes, cuidadores familiares e profissionais de saúde sobre os serviços e tratamentos propostos em relação ao adoecimento psíquico, como violências autoprovocadas e outros transtornos mentais, suas implicações subjetivas, sociais e econômicas e o manejo das diferentes situações, tendo em vista subsidiar a construção de um sumário executivo com propostas de ação para a promoção e prevenção da saúde mental de adolescentes.
"Foi uma experiência enriquecedora de pensar em um projeto de pesquisa que responda aos problemas emergentes oriundos da pandemia como o aumento do comportamento suicida entre jovens. A escolha da Coordenadoria Regional Sudeste se deve ao fato da parceria ensino-serviço estabelecida com a Escola Paulista de Enfermagem (EPE). A divulgação do projeto ocorreu por meio dos grupos de whatsapp entre os docentes e estudantes da EPE, bem como de amigos e familiares. Acredita-se que a votação expressiva pelo projeto se deve a comunidade externa ter reconhecido a necessidade desse estudo por ter ou conhecer casos de comportamento suicida entre jovens".
Segundo a autora do projeto, Girliani Silva de Sousa, a "expectativa é que o recurso possibilite a aquisição de materiais permanentes para o desenvolvimento da pesquisa e também a divulgação dos resultados da pesquisa por meio de seminários, educação permanente com os profissionais, elaboração de cartilhas e sumários executivos para profissionais, familiares e adolescentes, bem como, a disseminação dos resultados da pesquisa em publicações científicas nacionais e internacionais, participação de eventos científicos nacionais e internacionais e o fomento de bolsas científicas, contribuindo para a qualificação profissional de estudantes como profissionais críticos, reflexivos e com a clínica baseada em evidências científicas".
Contato: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
Educação
Programa FO-CO: educação socioemocional e convivência compassiva entre adolescentes, familiares e educadores
Autoras: Tatiana Amato, Emérita Opaleye, Juliana Grasso e Ana Regina Noto.
Objetivo:
O projeto FO-CO objetiva o desenvolvimento de um programa de educação socioemocional aliado a valores de ética e cultura de paz para adolescentes, com módulos também voltados para professores e familiares de adolescentes. O programa FO-CO (Formar para Conviver) é uma tecnologia social com base em evidência científica desenvolvido por pesquisadores da Unifesp, que associa o ensino de práticas contemplativas a processos de autoconhecimento e habilidades de comunicação para fortalecer os vínculos entre as pessoas, visando uma vida mais compassiva para a comunidade de escolas públicas brasileiras.
"Para a votação, foi utilizado o Instagram (@nepsisedu), disparo de mensagem pelo mailing de pessoas cadastradas no site e também rede de contatos pessoais/profissionais. Tendo em vista a expressiva redução de investimento em pesquisa no Brasil nos últimos anos, a equipe tem empreendido esforços para garantir a continuidade do projeto. Tivemos apoio financeiro da Fapesp, CNPq e mais recentemente, o projeto foi contemplado com um prêmio internacional, inédito para brasileiros, que permitiu ações importantes de desenvolvimento do programa. Todos os financiamentos foram cedidos para projeto de pesquisa e esse novo recurso tem um valor especial para nossa equipe, porque é uma oportunidade de se ver o propósito da pesquisa, que foi desenvolver uma tecnologia social, estar finalmente na prática a serviço da sociedade. Essa é uma conquista que emociona qualquer pesquisador."
Segundo a autora do projeto, Emérita Opaleye, "com esse recurso pode-se melhorar os equipamentos de trabalho e oferecer o curso gratuitamente para adolescentes e familiares interessados de todo o país. Também será possível oferecer uma formação para profissionais das áreas de saúde, educação e assistência social que trabalham com adolescentes e com perfil para multiplicar o programa no futuro. A estimativa é de beneficiar mais de 30 mil pessoas, direta ou indiretamente".
Link do site do Projeto: clique aqui
{/slider}
Fim do conteúdo da página