Falar com seus familiares é o primeiro passo para ser doador
A campanha Setembro Verde é relativa ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, 27 de setembro de cada ano, instituído pela Lei nº 11.584, de 28 de novembro de 2.007. A data tem por objetivo conscientizar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos, tecidos e células, e pretende incentivar as pessoas a conversarem com seus familiares e amigos sobre o assunto, pois a ação só ocorre com autorização dos parentes mais próximos.
Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) identificou três motivos principais para a alta taxa de recusa familiar, presentes também em outros países: incompreensão sobre o diagnóstico de morte encefálica e, portanto, de entender que a pessoa faleceu; falta de preparo da equipe assistencial para fazer a comunicação sobre a morte; e crenças religiosas.
No Brasil, a doação de órgãos após a morte só acontece com a autorização dos familiares, portanto, comunique sua família sobre o desejo de doar.
Doar órgãos é doar vida. (Imagem: Biometrix)
O que é doação de órgãos?
Doação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas. Muitas vezes, o transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para as pessoas que necessitam. É fundamental que a população se conscientize da importância do ato de doar um órgão. Doar órgãos é doar vida, podendo ajudar até oito pessoas ou mais.
A legislação determina que a família é a responsável por essa decisão. Isto significa, que a informação de doador ou não doador de órgãos, registrada no documento de identidade ou Carteira Nacional de Habilitação (CNH) não tem valor legal. Mas, pode ajudar a família, a saber, a vontade do seu parente falecido, e assim, prezar pelo desejo de seu ente falecido.
(Imagem: Rádio Clube)
IMPORTANTE: O Brasil é referência mundial na área de transplantes e possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, cerca de 96% dos procedimentos de todo o País são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os pacientes recebem assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante, pela rede pública de saúde. (Fonte: Ministério da Saúde)
O que é transplante de órgãos e tecidos?
O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na substituição de um órgão (coração, pulmão, rins, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas, pele) de uma pessoa doente (receptor), por outro órgão ou tecido saudável de um doador vivo ou falecido.
No transplante renal, um rim saudável de uma pessoa viva ou falecida é doado a um paciente portador de insuficiência renal crônica avançada. Através de uma cirurgia, esse rim é implantado no paciente e passa a exercer as funções de filtração e eliminaçãode líquidos e toxinas. Seus próprios rins permanecem onde eles estão, a menos que estejam causando infecção ou hipertensão. O transplante renal é considerado a mais completa alternativa de substituição da função renal. Tendo como principal vantagem a melhor qualidade de vida, pois o transplante renal garante mais liberdade na rotina diária do paciente. (Fonte: Sociedade Brasileira de Nefrologia)
Doador vivo
A pessoa maior de idade e capaz juridicamente pode doar órgãos a seus familiares. No caso de doador vivo não aparentado é exigida autorização judicial prévia.
Lei nº 10.211, de 23 de março de 2001, Art. 9: É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes consangüíneos até o quarto grau, inclusive, na forma do § 4o deste artigo, ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial, dispensada esta em relação à medula óssea.
O esquema acima apresenta os graus de parentesco para fins de transplante de órgãos. É importante lembrar que em situações distintas a estas, a doação só ocorrerá mediante autorização judicial. (Fonte: UNA-SUS)
Quem pode doar em vida?
O médico deverá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças prévias. A compatibilidade sanguínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso.
Doador em vida: Precisa ser uma pessoa em boas condições de saúde, estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a sua própria saúde e aptidões vitais. O candidato a doador deverá realizar uma avaliação médica para afastar a possibilidade de doenças que comprometam sua saúde ou do receptor. Pacientes com diagnóstico de tumores malignos (com algumas exceções), doença infecciosa grave aguda ou algumas doenças infecto-contagiosas. Existem outras condições que impedem a doação de órgãos, cuja decisão é feita de maneira muito cuidadosa pelas equipes de transplante. (Fonte: Associação Brasileira de Transplante de Órgãos)
Quais os órgãos/tecidos podem ser doados?
O doador vivo pode doar um rim, medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue); parte do fígado (em torno de 70%) e parte do pulmão (em situações excepcionais).
Já um único doador falecido pode salvas mais de oito vidas, podendo doar:
- Órgãos: coração, pulmão, fígado, rins, pâncreas e intestino.
- Tecidos: córneas, válvulas cardíacas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias.
(Imagem: Viva Bem)
Quem recebe os órgãos/tecidos doados?
Após efetivada a doação, a Central de Transplantes do Estado é comunicada e por meio do seu registro de lista de espera seleciona seus receptores mais compatíveis.
A lista de espera é um sistema que busca organizar os potenciais receptores de acordo com seu quadro clínico, priorizando os indivíduos mais graves e mais compatíveis com o órgão a ser doado.
O tempo de isquemia é o tempo de retirada de um órgão e transplante deste em outra pessoa. A tabela acima demonstra o tempo de isquemia aceitável para cada órgão a ser considerado para transplante. (Fonte: Ministério da Saúde)
Como a Unifesp se insere nesse contexto?
A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) conta com profissionais de saúde, mestres e doutores, que conduzem pesquisas visando o aprimoramento do processo de doação e transplante de órgãos, tecidos e células. Por meio das pesquisas são identificados pontos críticos do processo doação-transplante em busca de melhorias.
Na Escola Paulista de Enfermagem, Unidade Universitária do Campus São Paulo da Universidade Federal de São Paulo (EPE/CSP/Unifesp), há o Grupo de Estudos em Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Gedott), que conduz pesquisas na área.
Neste ano, conforme a Resolução nº 3.340, de 31 de agosto de 2021, a EPE/Unifesp se tornou colaboradora e Centro de Cooperação da Rede Sentinela da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com o objetivo de fortalecer o Sistema Nacional de Biovigilância, além disso o Hospital São Paulo, hospital universitário (HSP/HU Unifesp), também se tornou participante, colaborador e Centro de Referência na vigilância de eventos adversos, fortalecendo sua importância no cenário da Rede Sentinela.
Dúvidas, encaminhar para: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
Ação em prol do Setembro Verde
Como mencionado anteriormente, no dia 27 de setembro comemora-se o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Com o intuito de prestigiar e divulgar esta data, os residentes do Programa de Residência Multiprofissional de Transplante e Captação de Órgãos e Tecidos da Unifesp realizarão neste ano uma homenagem simbólica com objetivo de dar visibilidade ao tema e reforçar a importância social do mesmo na Unidade de Internação de Transplante de Órgãos.
Autoras*
Bartira de Aguiar Roza
Professora associada do Departamento de Enfermagem Clínica e Cirúrgica da Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo (EPE/Unifesp), líder do Gedott/Unifesp e coordena o Projeto de Implantação do Sistema Nacional de Biovigilância em parceria com a Anvisa e pesquisadores da área no Brasil, financiado pelo Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (Pnud). Outras informações, clique aqui.
Janine Schirmer
Professora titular e livre docente do Departamento de Enfermagem em Saúde da Mulher da EPE/Unifesp, coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Transplante e Captação de Órgãos da Unifesp, vice-líder do Gedott/Unifesp e coordena o Projeto de Implantação do Sistema Nacional de Biovigilância em parceria com a Anvisa e pesquisadores da área no Brasil, financiado pelo Pnud. Outras informações, clique aqui.
(*) Colaboração: Carolina Francielli Soares Benedetti e Marina Chakmakian Nigro, residentes do Programa de Transplante e Captação de Órgãos da Unifesp.