O combate à violência começa com a prevenção. A prevenção começa com a saúde mental
Fibromialgia e Síndrome da Fadiga Crônica
12 de maio, dia de conscientização destas enfermidades
O dia 12 de maio foi reservado como o Dia Mundial da Fibromialgia e da Síndrome da Fadiga Crônica ou Encefalomielite Miálgica. O objetivo, ao reservar este dia para ambas as enfermidades, foi o de sensibilizar e consciencializar pacientes, seus familiares, médicos e demais profissionais da saúde sobre os desafios enfrentados diariamente por estes doentes. Muitos são incompreendidos por familiares, colegas de trabalho e até por profissionais da saúde, e por isso sofrem muito. Marcar uma data para comemorar ambas as enfermidades foi uma forma de chamar a atenção da sociedade para conhecê-las melhor e compreender o grau de sofrimento que afligem os pacientes, e desta forma aumentar o apoio para que recebam um cuidado mais aprimorado e um tratamento mais digno.
O que é fibromialgia?
(Crédito: Drauzio)
Além destes sintomas mais frequentes podemos observar outros, como problemas de memória e concentração, ansiedade, formigamentos e dormências, depressão, dores de cabeça, tontura e alterações intestinais.
A fibromialgia é uma síndrome clínica cujo principal sintoma é dor no corpo todo, por pelo menos três meses. Sua intensidade muda entre cada paciente, podendo ser de leve a intensa. O tipo de dor também não é uniforme, podendo por exemplo ser em pontadas, facadas ou queimação. Vários outros sintomas surgem com a dor, principalmente a fadiga e a piora na qualidade do sono. Quando falamos em fadiga, nos referimos a um cansaço, a falta de energia, com intensidades variáveis, chegando por vezes a ser muito intenso a ponto de impedir o paciente de realizar suas tarefas diárias. A piora na qualidade do sono pode se manifestar como uma dificuldade para iniciá-lo, um sono entrecortado durante a noite toda ou a sensação de acordar pela manhã como se não tivesse descansado.
Crédito: Hong)
E a Síndrome da Fadiga Crônica, como se manifesta?
Seu sintoma principal é a fadiga. Ela é caracterizada como um cansaço, falta de energia intensa que pode piorar com a atividade física ou mental, mas não melhora ao repouso. O paciente sente-se cansado logo ao despertar pela manhã e por quase todo o tempo, sem uma causa aparente, e por mais que o paciente tente descansar, ele mantem a fadiga e não recupera sua energia. Acompanhado desta fadiga intensa, o paciente pode apresentar dor de garganta, presença de gânglios linfáticos levemente aumentado e doloridos, principalmente a região do pescoço e axilas, dificuldades com a memória ou concentração, dores musculares e nas articulações, cefaleias e distúrbios na qualidade do sono.
As síndromes: causas, diagnósticos e tratamentos
Frequentemente observamos a ocorrência de ambas as síndromes em um mesmo paciente.
A fibromialgia e a síndrome da fadiga crônica fazem parte de uma constelação de várias outras síndromes que foram agrupadas por apresentarem alterações da função orgânica sem alterações estruturais anatômicas. Acometem jovens e indivíduos de meia idade, e são observadas mais em pacientes do sexo feminino.
No caso da fibromialgia bem como no da fadiga crônica, desconhecemos suas causas, mas sabemos que fatores estressantes orgânicos (infecções), físicos (trauma fisico, como acidente automobilístico) ou psicológicos (trauma emocional) podem desencadear o início dos sintomas.
O diagnóstico de ambas é feito clinicamente, sendo importante a experiencia do médico assistente. Não existem exames laboratoriais e tampouco de imagem que auxiliem no diagnóstico. O médico pode eventualmente solicitar exames, que servirão para afastar outras doenças.
Tanto na fibromialgia como na fadiga crônica, observamos uma deterioração importante na qualidade de vida em pacientes que apresentam acometimento mais acentuado. Estes muitas vezes acabam se afastando de suas atividades profissionais e do convívio social.
A prática de atividade física sob supervisão especializada é um requisito obrigatório no arsenal terapêutico, e a modalidade do exercício deve ser escolhida pelo próprio paciente.
O tratamento tem como objetivo primário melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Este deve receber o maior número de informações sobre sua doença de forma que possa planejar junto com seu médico a melhor estratégia de tratamento e aderira-las adequadamente. O emprego de medicamentos auxilia na redução da dor e outros sintomas, mas não devem ser utilizados como recursos isolados.
Para muitos pacientes haverá a necessidade de suporte psicológico e de outras medidas complementares, além é claro do apoio familiar, sempre essencial para um resultado positivo. Além da qualidade de vida deteriorada muitos isolaram-se socialmente e se afastaram de suas atividades profissionais, de forma que sua reinserção no seu meio social e laborativo, nestes casos, torna-se um dos objetivos a serem alcançados.
Para que o sucesso do tratamento seja cada vez aprimorado, faz se necessário disseminar conhecimento a respeito destas síndromes, quebrando tabus, dogmas e preconceitos, que muitas vezes servem de obstáculo para a redução do sofrimento deste grupo de pacientes.
Por Roberto Ezequiel Heymann
Médico reumatologista. Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC (1986), mestrado em Reumatologia pela Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp, 1993) e doutorado em Reumatologia (EPM/Unifesp,1997). Foi presidente do comitê de dor, fibromialgia da Sociedade Brasileira de Reumatologia, assistente doutor da Disciplina de Reumatologia da EPM/Unifesp. É membro da Comissão de dor, fibromialgia e outras doenças dolorosas da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Outras informações, clique aqui.
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