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Tecnologia e Autismo: avanços promissores para uma inclusão efetiva
Como aplicativos, realidade virtual e dispositivos vestíveis estão transformando a vida das pessoas no espectro autista
No dia 2 de abril, é celebrado o Dia Mundial do Autismo, uma data para refletir sobre a conscientização do autismo e promover a inclusão das pessoas que vivem dentro desse espectro. Atualmente o emprego da tecnologia tem se revelado uma aliada, fornecendo soluções inovadoras para lidar com os desafios cotidianos enfrentados por pessoas com autismo e suas famílias.
A definição clássica do transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por problemas no desenvolvimento neurológico que prejudica a organização de pensamentos, sentimentos e emoções afetando a comunicação, o comportamento e a interação social. As pessoas portadoras de TEA, muitas vezes enfrentam dificuldades na comunicação verbal e não verbal, como na compreensão das emoções e na interação social. Entretanto estudos mais recentes apontam que o espetro autista vai além dessa definições e necessita de mais pesquisas para o seu completo entendimento.
Aplicativos e Softwares
O uso de aplicativos e tecnologias em geral beneficia indivíduos com TEA, auxiliando na melhoria de habilidades e comportamentos. Pesquisas atuais indicam que aplicativos dedicados a auxiliar o indivíduo com TEA a melhoram efetivamente a comunicação verbal, oferecendo atividades envolventes e procedimentos sistemáticos de intervenção [1]. Grande parte dos aplicativos móveis se concentram na identificação de TEA, na utilização de intervenções da Applied Behavior Analysis (ABA) e na avaliação da usabilidade por meio de testes e observações [2].
Outros estudos apontam que dispositivos móveis podem efetivamente direcionar habilidades sociais e cognitivas em indivíduos com TEA, promovendo a participação em intervenções e a aplicação de habilidades práticas [3]. A tecnologia auxilia na comunicação, linguagem, interações sociais e desenvolvimento emocional, apresentando impactos positivos em seu bem-estar geral [4]. O artigo de Scarcella e colaboradores de 2023 apresenta uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados que investigaram intervenções baseadas em tecnologias de informação e comunicação (TICs) para crianças com TEA. A perspectiva adotada é a da "tecnologia positiva" ou seja, tecnologias que “trabalhem o lado bom”, buscando entender como as TICs podem ser efetivamente utilizadas para promover o bem-estar e o desenvolvimento das crianças com TEA. Os resultados indicaram que as intervenções baseadas em TICs podem trazer benefícios significativos para crianças com TEA em diferentes áreas, incluindo melhora na comunicação, interação social e habilidades funcionais. No entanto, os autores destacam a necessidade de mais pesquisas para compreender melhor os mecanismos de ação dessas intervenções e identificar quais abordagens, centradas no indivíduo e em seus pontos fortes são mais eficazes para os diferentes perfis de crianças com TEA [5].
Realidade Virtual
O uso da realidade virtual ou Virtual Reality (VR) para indivíduos com TEA despontou como uma ferramenta terapêutica valiosa, fornecendo um ambiente seguro e controlado para a prática de habilidades sociais, permitindo que os indivíduos enfrentem os desafios gradualmente e com perspectivas de poder refazê-los sempre que necessário [6,7]. Estudos como o de SOLTIYEVA e colaboradores, mostraram que as intervenções de VR onde em que as crianças foram expostos a cenários que incentivavam comportamentos altruístas, como ajudar personagens virtuais ou resolver problemas em equipe, teve um impacto positivo nas habilidades sociais e de comunicação das crianças com TEA, resultando em uma melhora significativa na interação social e na capacidade de expressar empatia e cooperação.
Outros sistemas de realidade virtual, como o Adaptive Immersive Virtual Reality Training System, oferecem experiências personalizadas que se adaptam às ações e emoções dos usuários, contribuindo para melhorar as habilidades de comunicação e interação social [8].
Dispositivos vestíveis
Outra tecnologia que surgiu como a perspectiva de ser valiosa no suporte a atividade física e coleta de informações em tempo real, foram os dispositivos vestíveis. Esses dispositivos, também tem beneficiando os indivíduos com necessidades complexas e deficiências intelectuais ao monitorar seus estados emocionais, oferecendo um meio mais atualizado de conduzir análises comportamentais detalhadas do cotidiano[9]. Importante destacar que o design persuasivo é essencial na criação de tecnologia vestível, ao adaptar os dispositivos às preferências dos indivíduos e em especial as crianças com autismo.
No entanto, apesar dos benefícios claros que a tecnologia pode oferecer, é importante reconhecer ela é coadjuvante e não uma solução única, isolada e milagrosa para todos os desafios enfrentados por aqueles que lidam ou estão dentro do espectro autista, sendo que, o acesso à tecnologia e a sua profunda adaptação às necessidades individuais de cada individuo são primordiais para garantir que essas ferramentas executem o que verdadeiramente prometem.
Autoria: Msc. Andrea Pereira Simões Pelogi
Revisão: Profa. Dra. Claudia Novoa e a Pedagoga Daiane Guedes Aragão (especialista em Neuropsicopedagogia)
Referências
1.MASERI, Marlyn et al. The Implementation of Application Software to Improve Verbal Communication in Children with Autism Spectrum Disorder: A Review. Children, v. 8, n. 11, p. 1001, 2021.
2.KRAUSE, Maico; NETO, Macilon Araújo Costa. Systematic mapping of the literature on mobile apps for people with Autistic Spectrum Disorder. In: Proceedings of the Brazilian Symposium on Multimedia and the Web. 2021. p. 45-52.
3. LEUNG, Phil Wai Shun et al. Effectiveness of using mobile technology to improve cognitive and social skills among individuals with autism spectrum disorder: Systematic literature review. JMIR mental health, v. 8, n. 9, p. e20892, 2021.
4. ZULKEFLI, Mohd Yusof; FUAD, Ahmad Farid Abdul; SAIFUDDIN, Abdul Hamid. " I am Tongue-tied": The Usage of Technology to Assist ASD Individuals in Social Interaction. 2022.
5. SCARCELLA, Ileana et al. Information and communication technologies-based interventions for children with autism spectrum conditions: a systematic review of randomized control trials from a positive technology perspective. Frontiers in Psychiatry, v. 14, p. 1212522, 2023.
6. Altruistic ASD (Autism Spectrum Disorder) Virtual Reality Game. International journal of multimedia and its applications, (2023). doi: 10.5121/ijma.2023.15301
7. SOLTIYEVA, Aiganym et al. My Lovely Granny’s Farm: An immersive virtual reality training system for children with autism spectrum disorder. Education and Information Technologies, v. 28, n. 12, p. 16887-16907, 2023.
8. KOURTESIS, Panagiotis et al. Virtual Reality Training of Social Skills in Autism Spectrum Disorder: An Examination of Acceptability, Usability, User Experience, Social Skills, and Executive Functions. arXiv preprint arXiv:2304.07498, 2023.
9. BELL, Maria et al. Lessons on Collecting Data from Autistic Children using Wrist-worn Sensors. In: Proceedings of the 2022 ACM International Symposium on Wearable Computers. 2022. p. 6-10.
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