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Pesquisa da Unifesp aponta que racismo sofrido por meio do bullying está relacionado ao início do uso de álcool e tabaco

Publicado: Quarta, 22 de Maio de 2024, 08h00 | Última atualização em Segunda, 20 de Maio de 2024, 17h13 | Acessos: 6037

Estudo indica também que as estudantes negras são as mais afetadas

 

Por Ligia Gabrielli 

Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) indicou que o bullying racial é um fator significativo para o início do uso de drogas, como álcool e tabaco, e que afeta, principalmente, as estudantes negras.

O estudo, de natureza quantitativa, intitulado Pior ainda para as meninas negras: a associação longitudinal do bullying racial com o início do uso de álcool e tabaco, envolveu estudantes do quinto e do sétimo anos de 30 escolas públicas estaduais da cidade de São Paulo e baseou-se em dois ensaios controlados randomizados por cluster conduzidos em 2019 pelo grupo Previna.

De acordo com a pesquisadora Alessandra A. S. Menezes, do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e egressa (doutorado) do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da mesma instituição, os resultados indicam que o bullying racial é um fator significativo para o início do uso dessas substâncias, principalmente entre estudantes do sétimo ano. "Não conseguimos abordar integralmente o racismo enfrentado pelos(as) estudantes no ambiente escolar. Nosso foco foi direcionado ao racismo expresso na forma de bullying, que inclui ataques físicos, insultos pessoais, utilização de apelidos pejorativos, ameaças por diversos meios, expressões preconceituosas e isolamento social deliberado, todos motivados pela cor ou raça do(a) estudante alvo do bullying. No entanto, ainda que capte apenas uma parcela do racismo sofrido pelo(a) estudante, esta pesquisa é fundamental para compreendermos como o racismo afeta comportamentos de risco entre os(as) estudantes, especialmente entre as meninas negras, que apresentaram uma maior vulnerabilidade”, completa.

As análises foram criteriosas, envolveram 1.334 estudantes do quinto ano e 1.739 do sétimo ano e indicaram que, comparados aos(às) estudantes que não sofreram este tipo de bullying (mesmo que tivessem sofrido bullying por outros motivos), aqueles(as) que foram alvos de bullying motivado por racismo estavam mais propensos(as) a iniciar o consumo de álcool e tabaco durante os nove meses de acompanhamento. Entre estudantes do sétimo ano, o bullying racial predisse de forma significativa o início do uso dessas substâncias, com uma razão de risco de 1,36 para álcool e 1,81 para tabaco. Ao considerarmos a cor ou raça em conjunto com o sexo, as meninas negras (pardas e pretas) se revelaram mais vulneráveis.

Os dados destacam a urgência de enfrentar o racismo e questões de gênero nas estratégias de prevenção ao uso de drogas nas escolas. “É essencial que as políticas públicas e as intervenções escolares sejam baseadas em dados sólidos que representem as realidades dos(as) nossos(as) estudantes", declara a pesquisadora. "E neste caso, os dados sugerem que o combate ao racismo no contexto da escola pode minimizar episódios de bullying e promover ambientes escolares seguros e inclusivos para o desenvolvimento saudável de todos(as) os(as) estudantes, pois as evidências mostram que o bullying é prejudicial para perpetradores(as), alvos e testemunhas", completa.

O estudo foi publicado no American Journal of Epidemiology e está disponível na íntegra neste link.

 

Fonte: DCI/Unifesp (https://unifesp.br/noticias-anteriores/item/6952-pesquisa-da-unifesp-aponta-que-bullying-racial-esta-relacionado-ao-inicio-do-uso-de-alcool-e-tabaco)

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