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Pré-eclâmpsia: informação é fundamental para que mulheres tratem em tempo doença hipertensiva da gravidez

Publicado: Quinta, 23 de Fevereiro de 2023, 11h24 | Última atualização em Segunda, 27 de Março de 2023, 09h51 | Acessos: 18280

Números de casos preocupam; identificação dos sintomas e padronização nos protocolos de atendimento podem salvar vidas da mãe e do bebê

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Por Denis Dana

Grávida de perfil com as mãos na barriga
(Imagem ilustrativa)

Rápida e perigosa. Essas são duas potenciais características da pré-eclâmpsia, doença grave relacionada com o aumento da pressão arterial de grávidas. O termo eclâmpsia, inclusive, é uma palavra de origem grega que significa raio ou relâmpago. Ela pode acontecer em qualquer gestante durante a segunda metade da gravidez ou até seis meses após o parto. Identificá-la o mais cedo possível é fundamental para a garantia da saúde materna e dos bebês, de modo que a informação sobre a doença seja de amplo conhecimento não apenas das mulheres, mas também do companheiro, familiares e amigos que acompanham a gestação.

Os números sobre a doença assustam. A pré-eclâmpsia afeta de 5 a 10% das gestações em todo o mundo, sendo a principal causa de morte materna e de crianças, 75 mil e 500 mil, respectivamente, a cada ano. Mais de 99% das mortes maternas ocorrem em países pobres ou em desenvolvimento. Na América Latina, ela é responsável por uma em cada quatro mortes maternas.

“Para além da questão da mortalidade, a pré-eclâmpsia é a causa comum de prematuridade, sendo responsável por 20% de todas as internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), um dado que preocupa e que mostra toda a atenção que se deve dar para gestantes e seus bebês”, alerta Nelson Sass, professor do Departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) e membro da Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão na Gravidez (RBEHG).

Para Sass, embora a fisiopatologia da pré-eclâmpsia ainda não tenha sido totalmente desvendada e a sua completa prevenção seja algo ainda difícil, a ocorrência de eclâmpsia e suas consequências podem e devem ser evitadas. “Em pleno século 21, sabemos bem o que fazer para tratar a hipertensão na gestação e erradicar a morte por ela causada, e esse trabalho passa necessariamente pela informação, de modo que a gestante consiga reconhecer os sinais e sintomas precocemente e busque auxílio médico em tempo para iniciar o tratamento”.

Os principais sintomas que podem identificar a pré-eclâmpsia e que devem ser observados são dor de cabeça forte que não desaparece com medicação, inchaço no rosto e nas mãos, ganho de peso de um quilo ou mais em uma semana, dificuldade para respirar ou respiração ofegante, náusea ou vômito após os primeiros três meses de gestação, perda ou alterações na visão, como borramento e luzes piscando, e dor no abdome na região direita, próximo ao estômago.

“Esses são alguns dos sintomas que podem aparecer de maneira isolada ou conjugados e que podem apontar para um quadro de hipertensão e necessidade de intervenção médica. A urgência não é sem razão. As mães podem convulsionar e correm risco de morte. Bebês também correm risco de morte ou de nascimento prematuro”, ressalta o docente da Unifesp.

Tão importante quanto a posse dessas informações por parte das gestantes e de quem acompanha uma grávida é o aprofundamento do entendimento médico acerca da doença.

Nesse sentido, explica Sass, “médicos que atuam na RBEHG têm proposto projetos com o objetivo de se alcançar ‘zero morte materna por hipertensão’, ao mesmo em que a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), com sua educação continuada, atua na discussão da eclampsia em congressos e na emissão de protocolos de tratamento e de conduta de prestadores de saúde, como clínicos, obstetras e enfermeiros(as), muito adequados, procurando trazer luz a esse grave problema nacional, que é a hipertensão arterial na gestação”.

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