Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página

Câncer de Mama Masculino: uma realidade pouco discutida

Publicado: Quarta, 27 de Outubro de 2021, 00h00 | Última atualização em Quinta, 28 de Outubro de 2021, 10h11 | Acessos: 132997

Doença em homens geralmente está ligada a fatores genéticos

Imagem extraída de: https://www.rxlist.com/guide_to_male_breast_cancer_visual/article.htm

O câncer de mama, tumor maligno que ataca o tecido mamário, ocorre principalmente em mulheres, mas os homens também podem ter a doença. É importante mencionar que muitas pessoas não sabem que os homens têm tecido mamário e podem desenvolver o câncer de mama. Embora pouco frequente, sua incidência vem aumentando e a idade média de ocorrência é de 65 a 70 anos. É extremamente raro e corresponde a menos de 1% de todos os cânceres no homem. A proporção de número de casos é de 100 casos femininos para um masculino.

Principais riscos

Os principais fatores de risco são a idade (quanto maior a idade, maior o risco) e história familiar de câncer (principalmente câncer de mama, de ovário e de intestino). De fato, algumas mutações germinativas hereditárias (mutações que o paciente herda dos pais), como as mutações dos genes BRCA2, BRCA1, pTEN, P53, CHEK2, aumentam muito o risco de câncer de mama masculino. Se o câncer hereditário na mulher corresponde a 10% de todos os casos, no sexo masculino a forma hereditária chega a 40% dos casos. Em relação ao uso de anabolizantes, como a testosterona, aumenta muito o risco da ginecomastia, condição benigna caracterizada pelo aumento da glândula mamária no homem. Entretanto, pode também aumentar o risco de câncer de mama masculino. Alinham-se ainda como fatores de risco, anormalidades cromossômicas (Síndrome de Klinefelter), estrógenos exógenos, obesidade e alcoolismo.

 

Como identificar

Os sintomas do câncer de mama no homem são semelhantes ao do sexo feminino. 

O principal sintoma é o nódulo de consistência endurecida e indolor. Outro sintoma é a saída de sangue pelo mamilo (fluxo papilar patológico). Nos casos mais avançados, o paciente pode também apresentar aumento dos gânglios linfáticos na axila (adenomegalia axilar). 

Para realizar o diagnóstico utiliza-se a mamografia, a ultrassonografia e a biópsia percutânea com agulha grossa (denominada de core biopsy). Este tipo de biópsia em geral é feita guiada pela ultrassonografia e com anestesia local.

Uma vez estabelecido o diagnóstico de câncer de mama, nos casos de tumores volumosos e/ou metástase nos gânglios linfáticos (linfonodos) axilares, o mastologista solicita os exames de estadiamento, que visam estabelecer se a doença está localizada somente na mama/axila ou se já se propagou para outras regiões do corpo. Esta propagação da mama para outros órgãos é denominada de metástase. Os principais locais de metástase são os ossos, pulmões e pleuras, e o fígado.

Tratamento 

Se o diagnóstico é precoce, o prognóstico após o tratamento do câncer de mama masculino é excelente, com taxa de cura de 90 a 95% nos casos iniciais. Nódulo palpável na mama ou na axila e saída de sangue pelo mamilo são sinais de alarme e o paciente deve imediatamente procurar o mastologista para que seja feito o diagnóstico e o tratamento.

É semelhante ao da mulher. Quando não há metástases em órgãos distantes, o tratamento começa com a cirurgia, que é a retirada da mama (mastectomia) associada a retirada do primeiro gânglio linfático axilar que drena a mama (linfonodo sentinela). A retirada do linfonodo sentinela é importante para estabelecer se a doença está restrita na mama ou se já começou a se propagar para outros órgãos.

Se o câncer se propagou para a axila, só a cirurgia não é suficiente para o controle da doença. Nestes casos, após a cirurgia, indica-se a quimioterapia. Os medicamentos quimioterápicos têm como mecanismo de ação destruir as células que porventura estejam na circulação sanguínea ou em outros órgãos distantes da mama. Indica-se também quando há comprometimento dos gânglios linfáticos, a radioterapia; a radiação tem como objetivo destruir células mamárias tumorais que não foram totalmente retiradas na cirurgia, diminuindo o risco da recorrência local da doença. 

Imagem extraída de: https://www.rxlist.com/guide_to_male_breast_cancer_visual/article.htm

O câncer de mama masculino comumente expressa receptores de hormônios sexuais femininos (estrogênio e progesterona) e indica-se nestes casos medicamentos que bloqueiam estes receptores ou que inibem a produção de estrogênios pelo tecido gorduroso (tratamento denominado endocrinoterapia). Por fim, nos casos de câncer de mama no homem, deve-se sempre ser realizado o aconselhamento genético. Como referido anteriormente, algumas mutações germinativas hereditárias (isto é, o paciente herdou a mutação da mãe ou do pai) aumentam muito o risco de câncer de mama no homem, em particular a mutação do gene BRCA2. O gene BRCA 2 em condições normais é um gene supressor de tumor, isto é, evita que a célula normal se transforme em uma célula maligna. Se o gene BRCA 2 sofrer mutação, perde esta função e a transformação da célula normal para maligna não é reprimida. A avaliação genética é feita no paciente com câncer e se presente, preconiza-se a pesquisa da mutação encontrada em todos os familiares, masculinos e femininos. Vale lembrar que esta mutação também aumenta muito o risco de câncer nas mulheres.  

 

 

 

Autores 

afonsonazarioAfonso Celso Pinto Nazario


Professor Livre-Docente da Disciplina de Mastologia da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de Sâo Paulo (EPM/Unifesp). Coordenador do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Ginecologia da EPM/Unifesp. Vice-coordenador da Câmara de Pós-graduação e Pesquisa da EPM/Unifesp. Titular da Academia Brasileira de Mastologia. Outras informações, clique aqui

 

 

   


Vanesssa Monteiro SanvidoVanesssa Monteiro Sanvido 


Médica com residência em Mastologia (EPM/Unifesp, 2012), Mestrado em Ciências (2014) e Doutorado em Ciências pela EPM-Unifesp (2020). Pós-doutorado em andamento pela EPM-Unifesp. Possui experiência na área de Medicina, com ênfase em Mastologia, principalmente nos seguintes temas: câncer de mama, diagnóstico, biópsia percutânea, tratamento cirúrgico, reconstrução mamária, tratamento sistêmico e afecções benignas. Outras informações, clique aqui

 

 

 

 

Serviço

Ambulatório de Mastologia da Escola Paulista de Medicina - EPM/Unifesp 

R. Marselhesa, 249 · (11) 5576-4848

 

Avaliação do Usuário

Estrela ativaEstrela ativaEstrela ativaEstrela ativaEstrela inativa
 
Categoria:

Insegurança alimentar atinge 12,5% da população em São Paulo

Inquérito conduzido por docentes da Unifesp revela disparidades socioeconômicas e destaca a...

As inscrições para as Chamadas de 2024 do CNPq estão abertas

Prezados(as) pesquisadores(as), A Assessoria de Pesquisa, Parceria e Inovação da Escola Paulista de...

Redução de morte súbita em pacientes com doença de Chagas com uso de CDI

Pesquisa publicada no JAMA Cardiology, com participação do docente da Unifesp Angelo Amato de...

Fim do conteúdo da página