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Dia Internacional da Mulher – entenda mais sobre essa data
A origem da comemoração do 8 de março
Muitas pessoas consideram o 8 de março apenas uma data de homenagens às mulheres, mas, diferentemente de outros dias comemorativos, ele não foi criado pelo comércio - e tem raízes históricas mais profundas e sérias.
Influência do movimento operário
É importante lembrar que nos primórdios do capitalismo industrial a força de trabalho era constituída majoritariamente por mulheres e crianças.
O nascente capitalismo industrial inglês submetia suas trabalhadoras a longas jornadas de trabalho, salários miseráveis e foi preciso muito luta para que, a partir da segunda metade do século XIX, a classe operária conquistasse alguns direitos relacionados à jornada de trabalho e aos salários.
Pode-se bem imaginar as duras condições que as mulheres enfrentavam não somente no local de trabalho como pelos preconceitos dos próprios companheiros.
A mobilização política de mulheres trabalhadoras contra a desigualdade de gênero, no âmbito profissional, foi uma das grandes influências para o 8 de março. (Crédito: Brasil Escola)
O feminismo revolucionário: Clara Zetkin e Alexandra Kollontai
Muitas das conquistas obtidas pelas mulheres no decorrer do século XX são o resultado da militância e da prática teórica da alemã Clara Zetkin (1857-1933) e da russa Alexandra Kollontai (1872-1952). Ambas dedicaram grande parte de suas vidas à causa socialista e à tarefa de construção de uma nova sociedade. Atuaram, ademais, na luta pela emancipação da mulher, escrevendo, debatendo e organizando trabalhadoras nos movimentos de mulheres socialistas.
Mas a mais destacada organizadora do feminismo socialista foi Clara Zetkin, professora, jornalista e militantes política. De todas as feministas socialistas é ela quem dá prioridade à organização e a militância com as mulheres, fundando em 1890 a revista Igualdade, órgão do movimento feminino operário alemão. Em 1907, por ocasião da 1ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, Clara foi coautora de uma resolução (aprovada) em que se exigia “direito a voto; igualdade de oportunidades e de salários para igual trabalho e proteção social à mulher e à criança”.1
Clara Zetkin |
Alexandra Kollontai |
Como tudo começou
Em 1910, por ocasião da Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, realizada em Copenhagen, Clara, que então era presidente da Secretaria Internacional das mulheres socialistas, e Alexandra propuseram a criação de um dia internacional das mulheres a ser comemorado todos os anos, e que defendesse o direito ao voto feminino.
As delegadas dos 17 países que participavam do encontro referendaram a proposta unanimemente.
A partir dessa decisão o dia da mulher passou a ser comemorado em várias partes do mundo, reunindo milhares de pessoas. Em 1917, num 8 de março, as mulheres russas saíram às ruas numa poderosa manifestação contra a guerra, a falta de bens essenciais à sobrevivência e os baixos salários, movimento que seria o pontapé inicial da Revolução Russa.
Mulheres nas manifestações de 1917. (Crédito: Arquivo Pessoal)
1ª greve geral no Brasil foi iniciada por mulheres
Em junho de 1917, as operárias do Cotonifício Rodolfo Crespi, indústria têxtil no município de São Paulo, no bairro da Mooca, entraram em greve por melhores condições de trabalho e em protesto por seus salários serem muito inferiores aos de seus companheiros do sexo masculino. A violenta repressão contra as manifestações em apoio ao movimento grevista causou a indignação popular e levaram à primeira greve geral de trabalhadores do Brasil.
Em junho de 1917, décadas antes da consolidação das leis trabalhistas no Brasil (CLT), cerca de 400 operários - em sua maioria mulheres - da fábrica têxtil Cotonifício, paralisaram suas atividades. (Crédito: BBC Brasil)
Reconhecimento internacional
Finalmente, em 1921, como reconhecimento da importância da presença das mulheres na derrubada do regime czarista, o presidente russo Lenin oficializou o Dia Internacional da Mulher.
Lênin durante a Revolução Russa de 1917. (Crédito: Jornal USP)
Assim, o dia 8 de março é um dia de lutas e de reconhecimento pelas conquistas das mulheres que nos antecederam. Honrar essa memória implica em dar continuidade às lutas que teremos de travar para não perder direitos adquiridos e conquistar muitos outros.
Referência
1, KOLLONTAI, Alexandra. Autobiografia de uma mulher emancipada. São Paulo, Editora Proposta, 1980, p.52.
Por Maria Lygia Quartim de Moraes
Professora visitante da Pós-graduação em Serviço Social e Politicas Sociais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - campus Baixada Santista. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Teoria Sociológica, atuando principalmente nos seguintes temas de pesquisa: movimentos sociais. memória política, feminismo e direitos humanos. Outras informações, clique aqui.
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