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Oficina do PDInfra discute estrutura e linhas de cuidado no serviço oncológico
A assistência e as linhas de cuidado na abordagem ao paciente oncológico foram temas norteadores de reflexão para os participantes do encontro
Por Loane Carvalho
As questões do serviço de oncologia e as linhas de cuidado ao paciente oncológico do Hospital São Paulo, hospital universitário da Universidade Federal de São Paulo (HSP/HU-Unifesp) foram discutidas na manhã dessa quinta-feira (13).
O encontro realizado faz parte das oficinas de trabalho organizadas pela Comissão do Plano Diretor de Infraestrutura do Campus São Paulo (PDInfra). Essa foi a terceira reunião dentro do Tema 1 (Desafios da organização das atividades assistenciais para o ensino no século XXI no contexto do sistema de saúde - perspectivas para 5, 10 e 20 anos).
O debate intitulado “Oncologia: como estruturar nosso serviço e a atuação baseada na convergência de práticas e saberes. Linhas de cuidado na abordagem ao paciente oncológico no HSP/HU” foi desenvolvido tendo como base as apresentações feitas pela diretora do Campus São Paulo, Rosana Fiorini Puccini, pelo chefe do Departamento de Oncologia Clínica e Experimental, Otavio Baiocchi, o chefe da Disciplina de Oncologia Ginecológica, Sérgio Mancini Nicolau, o diretor administrativo do Hospital São Paulo (HSP/HU), Marcelo Cincotto Esteves dos Santos, e a diretora da Gerência de Hospitalidade do Hospital São Paulo (HU/HSP), Raquel Gouveia.
A importância do trabalho articulado e a necessidade que a oncologia tem de agregar os saberes receberam destaque na abordagem da diretora do Campus São Paulo. Segundo Rosana, “a oncologia é uma especialidade médica de convergência de saberes e práticas. Ela traz esse exercício de agregar áreas, departamentos, e, de uma forma mais ampla, os diferentes saberes.”
Profa. Rosana Puccini abordou a importância do trabalho articulado e a convergência de saberes e prática.
As exposições contempladas nesse encontro trouxeram um panorama dos trabalhos que profissionais vinculados à área de oncologia da Unifesp elaboraram; o que já está em operação no Hospital São Paulo, com os recursos que a instituição dispõe atualmente; e os níveis de atenção que o serviço requer.
Cenário atual e perspectivas da oncologia
Dentre os tópicos contidos no material apresentado, o Prof. Baiocchi ressaltou a importância do câncer em contexto mundial e nacional; as razões que justificam a construção de um Instituto de Oncologia na Unifesp; o que somos e o que estamos fazendo para melhorar.
Dentre as perspectivas, Prof. Baiocchi apresentou o Instituto de Oncologia aos participantes da oficina de trabalho.
“Os estudos realizados pelos Estados Unidos demonstram que o câncer é a segunda causa de morte em indivíduos de ambos os sexos, dos 40 a 79 anos, no Brasil. Em termos de incidência, os mais comuns são o de próstata e o de mama”, informou o hematologista.
A questão de sobrevida dos pacientes oncológicos é um dos argumentos que, segundo Baiocchi, motiva o exercício de pensar na concepção de um centro que acomode as atividades assistenciais peculiares à oncologia e as especialidades convergentes. “Um dos nossos desafios é o que fazer com o paciente sobrevivente, pois ele tende a procurar o serviço que o curou. Outro desafio que, felizmente, estamos vivendo hoje é o aumento de sobrevida dos pacientes oncológicos, e este grupo requer um olhar especial, pois geralmente tem maior risco de ser acometido por outras doenças, o que dificultará o tratamento por conta do seu histórico de saúde.”
O grupo de oncologia e áreas afins, formado há quase dois anos, discutiu sobre as futuras aspirações, o que a Universidade pensa e o que quer da oncologia. E, na opinião de seu representante, “o trabalho ratificou que podemos estar em crise, mas temos material humano que facilitará a concretização do que almejamos para o futuro. É um trabalho de muitas mãos e de maior interação do serviço com outros departamentos da Unifesp”.
Prof. Sérgio, membro do grupo de discussão, comentou sobre a atuação de forma dimensionada e o trabalho multidisciplinar. “Esta forma multiprofissional de trabalhar impacta diretamente na assistência e na pesquisa. A assistência é melhor desta forma, e quando está integralizada no mesmo local fica mais fácil de ser realizada. O atendimento é muito especializado e específico e isto impacta diretamente na sobrevida.”
Na visão do chefe da Disciplina de Oncologia Ginecológica, o funcionamento adequado possibilita a captação de recursos, pois “aumenta a visibilidade institucional, e a falta desta adequação impacta negativamente na universidade. É preciso desenvolver o ensino, a pesquisa e a assistência para promover a sobrevida dos nossos pacientes.”
Tratamento Oncológico – Hospital Universitário
O Hospital Universitário da Unifesp (HSP/HU) atualmente faz 11% de todas as suas internações relacionadas ao paciente oncológico, nas áreas cirúrgica ou clínica. O serviço é oferecido em vários endereços da Vila Clementino. Segundo Marcelo Santos, esse percentual não contabiliza a pediatria, pois os pacientes desta faixa etária são atendidos no Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança com Câncer (Graacc), situado na Rua Pedro de Toledo, 572.
Em 2015 foram atendidos 2.700 pacientes com diagnóstico oncológico, dados que demonstram a complexidade do serviço. No ano de 2010 o HSP/HU passou por uma reestruturação e “um dos olhares foi direcionado à linha do processo de atendimento ao paciente, e em 2011 foi implantada a linha de cuidado horizontal”, ressaltou Marcelo.
O diretor administrativo do HSP/HU apresentou o organograma da Gerência Executiva de Hospitalidade do HSP/HU, principal gerência administrativa envolvida na assistência e que tem a função de oferecer o pré-atendimento. “As linhas de atendimento foram desenhadas utilizando a Política Nacional de Atenção Oncológica”, diretrizes que objetivam a prevenção e controle do câncer na rede de atenção à saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), informou.
O desenho da linha de cuidado conseguiu demonstrar a origem do paciente em tratamento no Hospital Universitário. Em 2014, temos que 64% são provenientes das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), e este número se manteve em 2016. E, também possibilitou medir o custo gerado desde a entrada do paciente no pronto-socorro até a sua saída, e segundo Marcelo, “foi possível reduzir drasticamente a despesa a partir do olhar específico destinado para essa especialidade.”
O atendimento oncológico prestado de forma convergente, de acordo com Raquel, facilitará o rastreio dos pedidos de exames e a eficiência das linhas de cuidado. “Ainda temos grandes desafios pela frente, mas temos a felicidade de contar com profissionais altamente qualificados. Só temos que unir forças para concretizar o sonho de todos e oferecer um atendimento digno aos pacientes, não somente pensando na legislação e no cumprimento da lei, mas pensando na assistência, na qualidade do que estamos oferecendo dentro da Universidade.”
Pontos de reflexão
Beatriz, coordenadora da Comissão do PDInfra – CSP e vice-diretora deste Campus, abordou a importância da continuação do trabalho feito pelo grupo de especialistas na área de oncologia. “O grupo de oncologistas e especialidades afins precisa voltar a se reunir e discutir, e deve levar esta questão ao Conselho Gestor do Hospital São Paulo”. Para a coordenadora, o Conselho precisa ter conhecimento dessas ações e o planejamento tem que ser fruto do trabalho conjunto desses profissionais. Outro ponto mencionado foi a participação dos membros do grupo de oncologia no próximo encontro dessa temática, pois, segundo Beatriz, “os outros aspectos da assistência, do envelhecimento e outros serviços, precisam ser trabalhados de forma conjunta e estão relacionados com o que almejamos e como será concretizado.”
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