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“Eu não fiz uma faculdade de Medicina, fiz Escola Paulista de Medicina” - Paulo Muzy, egresso da EPM/Unifesp
Tenho um orgulho tremendo e falo até hoje, me formei na Escola Paulista, nem preciso falar Medicina… primeiro porque é obvio: se sou médico é porque minha graduação foi em Medicina, que não faria por exemplo na Escola Paulista de Direito… (a qual existe e também é uma Escola, para aqueles que a conhecem…)
O sistema da Escola era simples para cada procedimento, técnica ou raciocínio: Aprenda uma vez, faça uma vez e ensine uma vez. Isso fazia com que aprendêssemos a mesma coisa com nossos mestres, nossos veteranos e nossos colegas para finalmente aprender com a nossa experiencia e dominar o método. Contudo, embutido neste sistema, estava algo que aprendi no seio da minha família: que todo homem deve ter um objetivo moral, e na Medicina, este objetivo é ensinar seu sucessor mais jovem ou mesmo seu colega - algo que não se vê em uma série de trabalhos, já que a razão de uma pessoa estar numa determinada função é muitas vezes a habilidade singular que ela apresenta e portanto, guarda para si.
A Medicina da Escola Paulista sempre foi de uma generosidade intelectual ímpar… nunca tive uma porta de professor fechada em todos meus 10 anos de vida dentro da EPM.
A doutrina da Escola também era algo ímpar: ao contrário dos dogmas religiosos, o objetivo sempre foi jamais tratar a ciência como dogma e sim como um amálgama em formação, permitindo conhecimento ser criado e teorias reconstruídas a luz de verdades recentes possibilitadas através da tecnologia crescente. Esta era a única unanimidade no conjunto de ideias, crenças e opiniões que éramos expostos naquela época: Liberdade total desde que fosse para evoluir e desenvolver.
Os médicos da Escola têm este estilo, algo que transcende o jaleco e permeia o discurso e a ação: clínicos fabulosos ainda que cirurgiões e cirurgiões formados e forjados muito além da técnica cirúrgica, todos em uma Medicina que, apesar de ser muito difícil de ser executada, sempre pode ser habilidosamente explicada e compreendida.
Eu não fiz uma faculdade de Medicina, fiz Escola Paulista de Medicina. Esta diferença pode ser vista até no dicionário, que mostra com precisão a razão do orgulho que vejo brilhar nos olhos de todos meus contemporâneos. E que não reste dúvida:
Escola: sistema, doutrina ou tendência estilística ou de pensamento de pessoa ou grupo de pessoas que se notabilizou em algum ramo do saber ou da arte.
Faculdade: o conjunto das matérias que compõem cada uma das áreas do ensino superior.
Foto do nosso "O Menisco": onde eu era um apelido parte de um todo que aceitava e ansiava por ser superado.
No fundo, nós sambemos que os grandes médicos são aqueles que resolvem seus casos, mas os médicos excepcionais, àqueles com quem aprendi, estudei e dei continuidade neste fluxo de conhecimento, são aqueles que entregam os meios para serem superados.
A todos estes e à minha Escola, com amor,
Paulo Muzy
Por Paulo Muzy
Médico ortopedista e fisiologista - egresso da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp).
Graduação em Medicina (2004); Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia (2006 a 2008); Especialização (Pós-graduação) em Fisiologia do Exercício (2005 a 2006). Outras informações, clique aqui.
Este artigo faz parte do "Memórias do Campus São Paulo". Clique na imagem abaixo para acessar outras postagens e conhecer este projeto.
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