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17/11 - Dia Mundial da Prematuridade

Publicado: Segunda, 16 de Novembro de 2020, 19h24 | Acessos: 66876

Brasil é o 10º no ranking mundial de partos prematuros

A idade gestacional ao nascimento é um dos preditores mais importantes da sobrevida e subsequente saúde dos recém-nascidos.

Novembro é considerado, mundialmente, o mês de conscientização e de alerta sobre a prematuridade. O nascimento prematuro é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como aquele que ocorre antes de 37 semanas completas de gestação e pode ser subdividido em: prematuros extremos (<28 semanas), muito prematuros (28-31 semanas) e moderados (32-36 semanas de gestação)1.

 

A prematuridade no Brasil

Globalmente, a cada ano, nascem cerca de 135 milhões de crianças e, destas, aproximadamente 15 milhões são prematuras2.

Em 2018, houve cerca de três milhões de nascimentos no Brasil, dos quais 11% foram prematuros3, colocando-o entre os dez países com maior número de nascimentos de prematuros. Dos 323.676 nascidos vivos abaixo de 37 semanas, 17.382 (5%) morreram no período neonatal, sendo a grande maioria nos primeiros dias de vida.

 

Brasil prematuridade

Crédito: Prematuridade

 

Intervenções efetivas

intervenção prematuridadeAinda que possa existir um pequeno número de intervenções efetivas para reduzir a incidência de nascimentos pré-termo (PT), o bebê que nasce antes de 37 semanas de idade gestacional, existem diversas que são comprovadamente eficazes para reduzir a mortalidade precoce de recém-nascidos prematuros4.

De acordo com a OMS, mais de 80% dos partos prematuros ocorrem entre 32-36 semanas de gestação e a maioria destes bebês poderia sobreviver com cuidados essenciais, sem intervenções de terapia intensiva1. O que indica um grande potencial de evitabilidade do óbito do neonato pré-termo, principalmente em países de baixa e média renda.

 

Intercorrências clínicas

Os recém-nascidos pré-termo podem apresentar intercorrências clínicas graves durante sua internação logo após o nascimento, incluindo alterações respiratórias, distúrbios hemodinâmicos, infecções sistêmicas, distúrbios metabólicos e alterações neurológicas. Tais morbidades expõem esses pacientes a maior número de intervenções diagnósticas e terapêuticas, associando-se à mortalidade e, nos sobreviventes, a morbidades graves como a displasia broncopulmonar, a hemorragia intracraniana, a leucomalácia periventricular (uma forma de lesão cerebral) e a retinopatia da prematuridade (distúrbio ocular que afeta a retina, o problema provoca alterações na visão e até mesmo a cegueira), entre outras.

 

Mortalidade e morbidade

A mortalidade e a sobrevida com morbidades graves é o principal marcador da qualidade do cuidado perinatal.

Nas 20 unidades da Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais, em 2012 e 2013, nasceram 3.629 neonatos com peso inferior a 1500g, dos quais 2.646 (71%) tinham idade gestacional de 23-33 semanas e ausência de malformações congênitas. Desses, 53% morreram ou sobreviveram com morbidades graves.

Na análise das variáveis associadas a esse desfecho e ajustada por centro de nascimento, destacaram-se como fatores de proteção o uso do esteroide antenatal e o parto cesárea. Como fatores de risco associados ao óbito hospitalar ou à alta com morbidade grave, observaram-se: idade gestacional inferior a 30 semanas, sexo masculino, desnutrição intrauterina, asfixia perinatal, hipotermia à admissão na UTI neonatal, síndrome do desconforto respiratório, sepse tardia comprovada, enterocolite necrosante e persistência do canal arterial5.

Além disso, o nascimento prematuro é uma das principais causas de comprometimento do desenvolvimento do potencial humano em longo prazo, por aumentar o risco para doenças graves, incapacidades e má qualidade de vida, pois muitos dos sobreviventes enfrentam dificuldades de aprendizagem, problemas visuais e auditivos6.

 

Assistência multiprofissional

prematuro equipeApós a alta hospitalar, o acompanhamento multiprofissional, que considere em conjunto os fatores que levaram ao nascimento prematuro e o impacto da morbidade neonatal na composição do risco para a saúde futura destes indivíduos, é fundamental para o planejamento das ações de prevenção e de tratamento das complicações da prematuridade.

Com o aumento da sobrevida e da expectativa de vida dos recém-nascidos prematuros, reconhecemos que os riscos associados à prematuridade acompanham estes indivíduos além da infância; o risco aumentado para doença cardiovascular, síndrome metabólica, infecções, doenças endócrinas, neurológicas e psiquiátricas, além de maior risco de óbito enquanto adultos jovens, reforçam a necessidade de um acompanhamento integrado, especializado e contínuo para estas crianças após a alta hospitalar7.

 

Referências Bibliográficas

1. Blencowe H, Cousens S, Chou D, et al. Born Too Soon: The global epidemiology of 15 million preterm births. Reproductive Health. 2013;10 (Suppl 1):S2.

2. Harrison MS, Goldenberg RL. Global burden of prematurity. Semin Fetal Neonatal Med. 2016;21:74-9.

3. Ministério da Saúde. Portal da Saúde [Homepage on the Internet]. Datasus: Estatísticas vitais [cited 2020 Nov 14]. Available from: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0205

4. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Saúde Brasil 2014: uma análise da situação de saúde e das causas externas. Brasília: Ministério da Saúde; 2015. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_brasil_2014_analise_situacao.pdf

5. Guinsburg R, de Almeida MF, de Castro JS, Silveira RC, Caldas JP, Fiori HH, et al. Death or survival with major morbidity in VLBW infants born at Brazilian neonatal research network centers. J Matern Fetal Neonatal Med. 2016;29:1005-9.

6. March of Dimes, PMNCH, Save the Children, WHO. Born too soon: the global action report on preterm birth. Geneva: World Health Organization; 2012. Available from: http://www.who.int/pmnch/media/news/2012/201204_borntoosoon-report.pdf

7. Crump C. Birth history is forever: implications for family medicine. J Am Board Fam Med 2015;28:121-123.

 

Autores

autores prematuridade

 

 

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