Inquérito conduzido por docentes da Unifesp revela disparidades socioeconômicas e destaca a...
A saúde auditiva merece atenção
Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez
Em 10 de novembro comemora-se o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, instituído pela Portaria de Consolidação MS nº 1/2.017, art. 527, com o propósito de educar, conscientizar e prevenir a população brasileira para os problemas decorrentes da surdez.
Cenário mundial e nacional
De acordo com o primeiro Relatório Mundial sobre Audição, publicado em 2021 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1,5 bilhão de pessoas experimentam algum declínio em sua capacidade auditiva durante seu curso de vida, e pelo menos 430 milhões destas precisarão de cuidados. É importante ressaltar também, que quase 60% das perdas auditivas em crianças se devem a causas evitáveis, como doenças preveníveis por vacinas; e que mais de um 1 bilhão de adultos jovens apresentam risco de perda auditiva permanente, porém evitável, devido a práticas auditivas inseguras.
No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde 2019 mostrou que 2,3 milhões de brasileiros (1,1% da população brasileira) declararam possuir muita dificuldade ou não conseguir de modo algum ouvir.
A OMS estima que 1 em cada 4 pessoas terão problemas auditivos até 2050. (Fonte: Opas)
Perda auditiva e ações preventivas
Muitas das causas que levam à perda auditiva podem ser evitadas por meio de ações de saúde pública, intervenções clínicas e cuidados pessoais com a audição.
A prevenção durante os períodos pré, peri e pós-natal incluem a imunização, o aconselhamento genético e os cuidados maternos e neonatais. Além disso, em todas as idades é preciso adotar práticas de escuta sonora segura, monitorar e controlar o ruído nos ambientes, identificar e tratar precoce e adequadamente as infecções e doenças da orelha, como a otite média, e monitorar o uso de medicamentos ototóxicos. É importante também educar e fiscalizar quanto ao uso de protetores auditivos e implementar os programas ocupacionais de saúde auditiva.
Algumas ações são essenciais para cuidar da audição e podem ajudar a prevenir perdas auditivas quando adotadas. Como por exemplo:
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Manter um estilo de vida saudável;
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Controlar e adequar o volume dos fones de ouvido e do som do carro;
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Não colocar objetos pontiagudos próximos a orelha, nem inserir substâncias ou medicamentos sem prescrição médica;
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Não inserir hastes flexíveis dentro da orelha. Limpando apenas a parte externa;
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Evitar a automedicação porque existem muitas medicações ototóxicas.
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Participar das campanhas de imunização e vacinar os familiares também; e,
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Evitar exposição prolongada a sons de forte intensidade e usar os protetores auditivos sempre que recomendados.
Outra ação muito importante é a realização do teste da orelhinha da triagem auditiva neonatal. Um exame rápido, indolor e muito útil para direcionar para o diagnóstico precoce da perda auditiva em recém-nascidos. Esse teste deve ser realizado ainda na maternidade antes da alta hospitalar.
(Crédito: Audimais)
Sinais e sintomas a serem observados
Há também sinais que podem indicar algo errado com a audição e se observados é preciso investigar. Fique atento diante de sinais e sintomas, como:
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Pedir para repetir o que foi dito e falar com frequência “o que?”;
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Falar muito alto;
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Não responder quando chamado;
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Assistir a TV ou ouvir rádio com volume muito alto;
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Comportamentos associados à desatenção;
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Atraso na aquisição da fala;
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Baixo desempenho escolar e dificuldades no aprendizado;
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Dificuldades para compreender em locais com ruído ou ao telefone;
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Sensação de que ouve, mas não entende;
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Aparecimento de zumbido.
(Crédito: AudioFisa)
Ações pessoais e coletivas no combate e prevenção da surdez
E você, já pensou o que você pode e deve fazer para cuidar melhor da sua audição? O Dia de Prevenção e Combate à Surdez é seu dia também! Participe. Divulgue. Reflita sobre seus hábitos auditivos. E caso você suspeite ou observe algum sinal ou sintoma de perda auditiva, procure um médico otorrinolaringologista e/ou um fonoaudiólogo.
Nas situações em que a perda auditiva já foi identificada, é muito importante que haja manejo e acompanhamento o mais cedo possível. A pessoa necessita ter acesso ao tratamento, à (re)habilitação auditiva, ao uso de dispositivos auditivos (próteses auditivas, implantes cocleares e outros implantes auditivos) e às tecnologias e serviços assistivos (sistemas de modulação de frequência, dispositivos de alerta e serviços de legenda).
É preciso realizar também campanhas de conscientização da população, maior divulgação na mídia sobre a temática da surdez, com o objetivo de desmitificar medos e informações falsas, trabalhar o preconceito, a discriminação e o capacitismo com pessoas surdas; e as dificuldades de autoaceitação e estigmas que levam à pessoa a não querer usar dispositivos auditivos.
A perda auditiva, quando não identificada e tratada, impacta a vida de uma pessoa em qualquer faixa etária e de diversas formas e graus. Podendo trazer prejuízos para a aquisição e desenvolvimento da linguagem e da fala, o aprendizado escolar, o desempenho acadêmico e profissional, a comunicação, a participação em atividades recreativas e de lazer, os relacionamentos, a saúde mental e socioemocional e a segurança. Pode interferir também no desenvolvimento da autoestima, do autocuidado, da independência e da autonomia, comprometendo a qualidade de vida da pessoa e da família nos diferentes estágios da vida(1,2) .
Referências Bibliográficas
- Vieira SS, Dupas G, Chiari BM. Cochlear implant: the family's perspective. Cochlear Implants Int. 2018a; 19:216-224.
- Vieira SS, Dupas G, Chiari BM. Effects of cochlear implantation on adulthood. CoDAS. 2018b;30(6):e20180001.
Autoras
Brasilia Maria Chiari
Professora titular do Departamento de Fonoaudiologia da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Fonoaudióloga com mestrado e doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana pela EPM/Unifesp. Outras informações, clique aqui.
Sheila de Souza Vieira
Enfermeira com doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana pela Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp, 2017). Graduanda do curso de Fonoaudiologia, usuária de Implante Coclear há 22 anos e possui experiência na área da surdez, implante coclear e reabilitação auditiva. Outras informações, clique aqui.
Prezados(as) pesquisadores(as), A Assessoria de Pesquisa, Parceria e Inovação da Escola Paulista de...
Pesquisa publicada no JAMA Cardiology, com participação do docente da Unifesp Angelo Amato de...
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