Inquérito conduzido por docentes da Unifesp revela disparidades socioeconômicas e destaca a...
Semana da Tireoide
Perguntas e respostas sobre a glândula e seus hormônios
Ouça acima o conteúdo deste artigo.
No dia 25 de maio comemora-se o Dia Internacional da Tireoide. Na Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) , teremos a semana da tireoide , de 23 a 27 de maio de 2022. Este ano, a campanha liderada elegeu o tema “MENOS É MAIS”, para refletir sobre as escolhas mais adequadas e “sem excesso” no diagnóstico e tratamento dos nódulos da tireoide e tratamento do hipotireoidismo no idoso. As mensagens da campanha visam discutir as abordagens em relação aos diversos exames disponíveis e orientações sobre o tratamento destas disfunções tireoidianas.
O que é a tireoide ?
A tireoide é uma glândula, em formato de borboleta, que fica na região cervical anterior do pescoço. Ela é controlada pelo hormônio tireoestimulador (TSH), produzido por outra glândula, a hipófise. A tireoide produz os hormônios tireoidianos, T4 e T3.
Funcionamento da tireoide - Fonte: CB Endocrinologia e Metabolismo
Onde atuam os hormônios da tireoide?
Os hormônios da tireoide agem em todo nosso corpo, estimulando os órgãos a exercer várias funções. Atuam, por exemplo, na pele, no cabelo, coração, intestino, ovário, testículo, auxiliam para manutenção da temperatura do corpo e controle do metabolismo. Eles são importantes também para a formação dos órgãos fetais (principalmente o cérebro), crescimento e desenvolvimento. Assim, eles também são importantes para a fertilidade e reprodução, formação dos órgãos fetais, crescimento e desenvolvimento.
O que é hipotireoidismo?
É uma condição na qual a produção dos hormônios pela glândula tireoide (T3 e T4) está diminuída, ou seja, a tireoide funciona menos do que deveria, o que faz com que nosso organismo não funcione corretamente e nossas funções corpóreas fiquem lentas. Esse quadro clínico-laboratorial é chamado de hipotireoidismo. É a doença mais prevalente da tireoide . É mais prevalente em mulheres e aumenta com a idade.
Quais são os sinais e sintomas do hipotireoidismo?
Quando o paciente tem sinais ou sintomas do hipotireoidismo como cansaço, obstipação, pele seca, queda de cabelo, intolerância ao frio, perda de memória, sonolência, alterações menstruais, entre outros, o médico deve fazer avaliação da função tireoidiana.
Como é realizado o diagnóstico do hipotireoidismo?
É realizado por meio do exame clínico e, principalmente, pela mensuração das concentrações do TSH e do T4 livre no sangue. Quando o TSH está acima dos valores de normalidade para uma determinada população e o T4 livre está normal, indica a presença de hipotireoidismo subclínico. Quando o TSH está aumentado e o T4 livre reduzido, temos o hipotireoidismo. Importante ressaltar que os idosos podem apresentar fisiologicamente valores de TSH mais elevados, com uma faixa de normalidade acima da faixa da população geral, por isso é preciso mais cautela na hora de fazer o diagnóstico de hipotireoidismo no indivíduo idoso, utilizando de preferência valores de referência específicos para a faixa etária.
Como é realizado o tratamento do hipotireoidismo?
O tratamento de escolha para o quadro é realizado com uma medicação chamada levotiroxina. Uma vez em tratamento, o indivíduo deve ser controlado adequadamente, evitando causar o oposto do hipotireoidismo, que é o excesso de hormônio - a tireotoxicose -definida como a situação clínica desencadeada pelo excesso de hormônios tireoidianos circulantes. Neste quadro de tireotoxicose, os hormônios tireoidianos estão aumentados no sangue e tudo funciona muito mais rápido, o que pode comprometer o funcionamento adequado de vários órgãos e sistemas, especialmente o coração, os ossos e o cérebro.. Para evitar as complicações como arritmia cardíaca, osteoporose e fratura dos ossos, entre outras complicações, devido ao excesso de tratamento em casos em que não seria indicado, a campanha de 2022 tem como objetivo alertar a população em geral e os médicos que “cuidado é fundamental na hora de diagnosticar e tratar o hipotireoidismo, principalmente no indivíduo idoso, pois nem sempre o tratamento é indicado”
O que é o hipertireoidismo?
A segunda principal doença que afeta essa glândula é o hipertireoidismo, quando funciona mais do que deveria. O hipertireoidismo é caracterizado pelo aumento na produção e liberação dos hormônios tireoidianos (T4 e T3) pela glândula tireoide e se não tratado pode levar a outros problemas de saúde. Desta forma, trata-se de uma hiperfunção tireoidiana, que tem como causa, em cerca de 80% dos casos, a Doença de Graves. O hipertireoidismo também é mais frequente em mulheres do que em homens.
Quais são os sinais e sintomas do hipertireoidismo?
Deve-se ficar atento aos sinais e sintomas como pele quente e úmida, manifestações cardíacas (taquicardia, hipertensão, arritmia), nervosismo, ansiedade, irritação, fraqueza muscular, mãos trêmulas, sudorese excessiva, intolerância a temperaturas quentes, queda de cabelo, intestino solto, rápido crescimento das unhas com tendências a descamação, perda de peso importante, alterações no ciclo menstrual, acelerada perda de cálcio dos ossos com aumento do risco de osteoporose e fraturas, entre outros. Ainda, como mencionado, o hipertireoidismo pode complicar o período da gravidez e afetar a fertilidade feminina.
Atenção para o excesso de exames e tratamento dos nódulos da tireoide!
Possíveis sintomas do Hipo e do Hipertireoidismo - Fonte: Ministério da Saúde
Todo mundo tem nódulo da tireoide?
Cerca de 4-7% da população apresenta um nódulo palpável na tireoide. A prevalência varia de acordo com o método de detecção utilizado. Quando métodos de alta resolução são utilizados, como ultrassonografia, a prevalência pode chegar até 67% na idade adulta. A prevalência de nódulo tireoide é baixa em crianças (cerca 1,5%) e aumenta linearmente com a idade. Ocorre 3 vezes mais nas mulheres do que nos homens. Importante ressaltar que a maioria dos nódulos tireoidianos são lesões benignas, apenas 5 a 10% deles são malignos. Sendo, o risco de malignidade igual para o nódulo palpável como para não-palpável do mesmo tamanho.
Com que frequência deve ser realizado o ultrassom da tireoide?
O ultrassom de tireoide não deve ser um exame de rotina. Diferente do ultrassom de mama, o screening de nódulos da tireoide utilizando ultrassom não é indicado, devido a alta prevalência do nódulo na população adulta, principalmente nas mulheres a partir dos 50 anos. As sociedades médicas do mundo todo são consensuais ao recomendar que o ultrassom de tireoide deve ser solicitado apenas aos pacientes com nódulo palpável ou com outras alterações detectadas no exame físico ou como forma de complementação diagnóstica. Desta forma, o ultrassom, além de gerar um estresse dispensável ao paciente, aumenta os custos para o sistema de saúde e, muitas vezes, pode levar a uma cirurgia desnecessária e associar-se a complicações, além da necessidade da reposição de hormônios da tireoide para resto da vida.
Assim: Devemos focar nos casos em que é indicado o uso de ultrassom.
Todo nódulo precisa ser puncionado?
O médico deve avaliar as características do nódulo para a indicação de punção por agulha aspirativa fina (PAAF). A indicação deve ser baseada nas características ultrassonográficas e no tamanho dos nódulos e estes devem ser avaliados individualmente. Nódulos pequenos e sem características suspeitas ao ultrassom não apresentam indicação de punção. Indicação de PAAF sem observação destes critérios além de gerar custos para o sistema de saúde, podem gerar desconforto ao paciente.
Punção Aspirativa de Tireoide por Agulha Fina (PAAF) - Fonte: Viver
Com que frequência deve-se realizar os exames de prevenção?
Em geral, recomenda-se a realização de um novo ultrassom dentro de seis a 12 meses. Se permanecer inalterado, o seguimento pode ser anual e, posteriormente, dependendo de cada caso, a cada dois ou três anos. A reavaliação com punção com agulha fina (PAAF) e exame citológico só será recomendada para nódulos que apresentarem aumento do volume ou alterações das características ultrassonográficas”.
Câncer da Tiróide
Devemos ainda lembrar que o câncer de tireoide tem comportamento de maneira geral indolente, geralmente evolui muito bem. O aprendizado sobre a evolução e tratamento do câncer sugere que após tratamento por cirurgia, nem todo câncer necessita ser tratado com iodo radioativo. Devemos procurar um médico especialista que vai avaliar a necessidade de tratamento de maneira individualizada.
Conduta Médica
Por fim, os testes moleculares devem ser indicados em casos específicos, quando o diagnóstico pela PAAF apresentar limitações nos nódulos denominados como indeterminados, pois não se consegue determinar se são benignos ou malignos pelas características das células e cujos resultados podem mudar a conduta. Em outras palavras, esses testes devem ser utilizados somente quando podem ser uma opção para definir o risco de malignidade dos nódulos indeterminados e indicação ou não de cirurgia. Como evidenciado, eles não vieram para substituir os testes existentes, mas auxiliar na conduta, fornecendo maiores informações sobre o nódulo.
Materiais para consulta:
Estou com um nódulo na tireoide,e agora?
Autoras
Janete M. Cerutti
Professor Associado de Genética. Vice-Chefe da Disciplina de Genética. Outras informações: clique aqui
Maria Izabel Chiamolera
Médica do Ambulatório de Tireoide e do Laboratório de Endocrinologia Molecular e Translacional da Disciplina de Endocrinologia da Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp). Outras informações: clique aqui
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