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Tenho um aluno com síndrome de Down. O que devo fazer?
21 de março, Dia Internacional da síndrome de Down
Dentre os 365 dias do ano, o “21/03” foi escolhido porque a síndrome de Down é uma alteração genética no cromossomo “21”, que deve ser formado por um par, mas no caso das pessoas com a síndrome, aparece com “3” exemplares (trissomia).
O dia 21 de março passou a ser o Dia Internacional da síndrome de Down e tem por objetivo contribuir para conscientizar a sociedade sobre a importância da luta pelos direitos igualitários e inclusão social das pessoas com essa síndrome.
Nos últimos anos vemos no mundo, e também aqui no Brasil, pessoas com síndrome de Down estudando, trabalhando, vivendo sozinhas, escrevendo livros, participando de filmes, se casando e chegando à universidade. Essa mudança acontece a partir de estudos científicos e do empenho de pais e organizações que têm demonstrado as possibilidades de desenvolvimento alcançadas, quando são proporcionadas condições favoráveis de ensino e inserção cultural.
O que é síndrome de Down
A síndrome de Down é uma das síndromes mais estudadas em todo o mundo, em função de sua grande incidência. Contudo, ainda há muitos mitos e mal entendidos em relação ao desenvolvimento da criança com esta síndrome, o que prejudica o relacionamento familiar e escolar.
Sua origem é genética e foi descrita inicialmente pelo médico inglês Jhon Langdon Down, em 1866, daí o nome de síndrome de Down. A ocorrência se dá ao acaso, durante a divisão celular do embrião. Em uma célula normal da espécie humana existem 46 cromossomos divididos em 23 pares. A pessoa que tem síndrome de Down possui 47 cromossomos, sendo que o cromossomo extra é ligado ao par 21, por isso também é denominada de trissomia do 21.
(Crédito: Hoje em dia)
O aluno no contexto da escola regular
A presença desses alunos nas escolas tem trazido dificuldades aos professores que nem sempre se sentem preparados para atender às necessidades dessa população.
A partir da adesão do governo brasileiro à Declaração de Salamanca (1994) a defesa do acesso à educação, em escolas regulares, de pessoas com deficiência vem ganhando cada vez mais espaço. Assim, os alunos com síndrome de Down passaram a frequentar as classes comuns do ensino regular nas diversas etapas ou modalidades da Educação Básica desde à publicação da Resolução CNE/CEB nº 02/2001.
Estudos recentes abordam as percepções de professores sobre seus alunos com alguma deficiência, dentre eles os alunos com síndrome de Down, destacando suas concepções e práticas pedagógicas que na maioria das vezes subestimam a capacidade dos estudantes, produzindo efeitos precários sobre a escolaridade dos mesmos. Todavia, pouco se tem discutido sobre quais os caminhos a seguir. Essa precariedade das práticas de ensino está também atrelada a uma concepção histórica sobre o modo de se compreender a pessoa com deficiência e sua educação.
(Crédito: FBASD)
A reflexão sobre como mudar práticas pedagógicas reducionistas requer a adoção de uma concepção de desenvolvimento humano que não se baseie exclusivamente nas condições orgânicas apresentadas pelo aluno, ou seja, é preciso considerar que o desenvolvimento não depende unicamente da alteração cromossômica, mas se constitui a partir da qualidade das vivencias sociais e culturais que são propiciadas ao aluno. Isto significa que não é o déficit orgânico em si que traça o destino escolar do aluno, mas sim, o modo como a deficiência é significada e as formas de cuidado e educação por ele recebidos.
Orientados por uma visão de que as possibilidades de desenvolvimento só́ se concretizam a partir das oportunidades oferecidas pelo grupo social, o professor é levado a olhar prospectivamente para seu aluno com síndrome de Down, atentando para suas dificuldades, mas sobretudo para suas possibilidades que se configuram na relação entre a plasticidade humana e as ações do grupo social. Assim, o docente é capaz de analisar e explorar recursos especiais e promover caminhos alternativos, considerando a participação do aluno em outros espaços do cotidiano, além do espaço escolar, apresentando desafios na direção de novos objetivos, sem se concentrar naquilo que falta, ou seja, na deficiência.
É claro que muito ainda precisa ser feito para conquistarmos a participação plena dessas pessoas na sociedade, mas os avanços revelam as possibilidades que se concretizam à partir das relações com os outros e das experiências proporcionadas em diferentes espaços da cultura.
Por Maria Inês Bacellar Monteiro
Fonoaudióloga com mestrado em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar, 1985) e doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP, 1992). Professora visitante do Programa de Pós-Graduação em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - campus Guarulhos. Outras informações, clique aqui.
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