Obra traz Informações para portadores e familiares
Obesidade infantil, a conscientização começa em casa
03/06 - Dia da conscientização contra a obesidade infantil
Com o intuito de alertar a população sobre os riscos e cuidados necessários para o combate a obesidade infantil, hoje (03/06), é celebrado o Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil.
O que é obesidade?
A obesidade é uma doença crônica, decorrente do excesso de tecido adiposo no organismo, e associa-se a morbidades (hipertensão arterial, dislipidemia, intolerância à glicose, esteatose hepática) em curto e longo prazo. Cerca de 60% da população adulta no Brasil apresenta sobrepeso e obesidade. Na faixa etária pediátrica, o excesso de peso atinge 15% das crianças menores de 2 anos, 12% daquelas entre 2 e 5 anos e 25% daqueles entre 5 a 10 anos. Entre adolescentes essa prevalência chega a 30%.
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2025, o número de crianças obesas no mundo pode chegar a 75 milhões. (Fonte: LC Saúde e Bem-Estar)
O papel dos pais na educação alimentar
O estilo de vida da família influencia diretamente no da criança e consequente no risco de desenvolvimento de excesso de peso.
Os fatores de risco precoces para o desenvolvimento de obesidade na faixa etária pediátrica podem estar presentes desde o início da vida e envolvem a saúde e condição nutricional materna – índice de massa corporal pré-gestacional e ganho de peso durante a gestação -, baixo ou elevado peso ao nascer, ganho de peso exagerado nos primeiros anos de vida, não realização do aleitamento materno e introdução precoce de alimentos complementares.
O consumo de alimentos processados e ultraprocessados, bebidas açucaradas, tamanho exagerados das porções, propaganda abusiva de alimentos e o sedentarismo são todos itens relacionados ao ambiente obesogênico que crianças as crianças e adolescentes estão expostos atualmente.
Veja como acompanhar o peso e a altura de crianças:
Em crianças e adolescentes o crescimento, o desenvolvimento e o estado nutricional são avaliados por meio de indicadores antropométricos como peso/idade, altura/idade, peso/altura e Índice de Massa Corporal (IMC)/idade.
A curva do IMC/Idade, desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é um bom indicador do estado nutricional da criança. É calculado o IMC (peso/altura²), assim como a idade em anos e meses, depois estes valores são colocados nas curvas abaixo. A interpretação depende do sexo da criança. Calcule o IMC aqui
O resultado não deve ser utilizado isoladamente para dar o diagnóstico final de baixo peso, sobrepeso ou obesidade pelos pais, porém é um bom indicador para estes desvios nutricionais. Na avaliação individual, o mais recomendado é a associação de outros métodos de diagnóstico nutricional que avaliam a composição corporal. (Fonte: Medidinha Certa)
Diagnóstico precoce
O não reconhecimento pelos familiares da presença de excesso de peso nos filhos é a principal barreira para o diagnóstico precoce e planejamento terapêutico.
O tratamento da obesidade leva tempo, deve ser individualizado, envolver equipe multidisciplinar, respeitar o amadurecimento físico e psicológico da criança, estar associado a melhora da autoestima e envolver conscientização de todos da casa quanto a necessidade de mudança do estilo de vida. O objetivo do tratamento não deve ser apenas redução do peso, pelo contrário, as mudanças de comportamento, redução de morbidades e fortalecimentos dos vínculos com a equipe de saúde e entre a família devem ser valorizados durante todas as fases. A escola também deve estar envolvida nesse processo.
Como prevenir?
A prevenção é a melhor forma de enfrentar o excesso de peso. Isso pode ser feito do ponto de vista individual por meio do cuidado integrado à saúde da mulher (“família”) e da criança por meio do atendimento de saúde no pré-natal e nas consultas de puericultura. Os estudos mostram claramente que a saúde e boa condição nutricional materna na gestação, a prática do aleitamento materno (exclusivo por seis meses e com outros alimentos por dois anos ou mais), consumo variado de alimentos in natura e minimamente processados, não exposição exagerada a telas, com estímulo a brincadeiras, atividades ao ar livre e em companhia dos familiares, são comprovadamente fatores que protegem a criança do excesso de peso.
Medidas intersetoriais
Do ponto de vista coletivo é fundamental que haja políticas públicas que viabilizem educação nutricional, acesso à alimentação adequada para as famílias e oferecidos nas escolas, oferta e preservação de espaços públicos seguros para que as crianças possam brincar e desenvolver atividades esportivas, e que haja uma regulamentação mais severa quanto ao marketing e divulgação de alimentos processados e ultraprocessados direcionados para a família e crianças. Portugal e Países Baixos anunciaram, recentemente, redução dos seus índices de obesidade na faixa etária pediátrica depois de implantarem programas universais que envolveram estímulo à atividade física, modificação da rotulagem e taxação de alimentos com elevado conteúdo de gordura/açúcar.
1. Pais não devem ser culpados pelas condições de saúde de seus filhos e as crianças não devem ser julgadas por seu excesso de peso; 2. Cobrar políticas de incentivo à amamentação até os dois anos de idade, com o leite materno sendo o único alimento oferecido ao bebê até os seis meses.; 3. Proteger crianças da exposição precoce aos alimentos ultraprocessados, e o acesso à boa alimentação e às atividades físicas e lúdicas ser facilitado para estimular hábitos saudáveis, especialmente nas escolas; 4. Exigir que a publicidade dirigida a crianças seja efetivamente fiscalizada; 5. Cobrar que as embalagens de produtos alimentícios tenham rótulos claros, com alertas adequados sobre excesso de açúcar, sal e gorduras, conforme determinado; 6. Exigir que o poder público trate a epidemia de obesidade como um problema de saúde pública, envolvendo toda a sociedade e criando leis e ações efetivas; 7. Subsídios à indústria de refrigerantes precisam ser retirados e os impostos sobre bebidas com excesso de açúcar aumentados. (Fonte: Desiderata)
A obesidade na faixa etária pediátrica é uma doença que envolve a família e sociedade, passível de prevenção por medidas intersetoriais amplas. Cabe a cada um de nós encontrarmos o nosso papel na sua redução, o que trará enormes benefícios para o indivíduo, família, sociedade e planeta em curto e longo prazo.
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Por Fabíola Isabel Suano de Souza
Professora adjunta do Departamento de Pediatria e chefe da Disciplina de Pediatria Geral e Comunitária, ambos da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Médica pediatra especialista em Nutrologia Pediátrica e Terapia Nutricional Parenteral e Enteral pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Participou dos Grupos de Trabalho do Ministério da Saúde sobre o Guia Alimentar de Crianças menores de 2 anos e Obesidade infantil. Outras informações, clique aqui.
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