Carta redigida por egresso da 1ª turma da EPM para o 50º aniversário da Escola

"S.Paulo, 5 de julho de 1983

Prezado [ilegível] Magid Iunnes

Saudações

É esta para agradecer ao prezadíssimo colega a inesquecível iniciativa tomada ao comemorar os 50 anos da Escola Paulista de Medicina.

Para mim, da 1ª turma, a lembrança foi muito gratificante, posto que me permitiu revolver no interior das “gavetinhas” do cerebro, as varias etapas do modelar Estabelecimento de Ensino Superior desde os seus primordios, quando tudo aparentemente titubeava, até o presente, passando pela sua consolidação e imposição nos meios científicos, até o presente no auge de sua profícua Direção.

Desfilaram os Mestres Inclitos de então, chefiados pelo inimitável Octavio de Carvalho, bem como os colegas, meninos de então, hoje brilhando como sóis no Universo da elevada Profissão.

As minhas homenagens, tambem aos que tombaram nesse interim – Professores e Alunos – que continuam a iluminar a E.P.M.

Ao prezado colega, tambem, os meus melhores agradecimentos pelo destaque permitido aos alunos da 1ª turma a qual me honro pertencer.

Aguardando novo encontro dentro da programação comemorativa, subscrevo-me, atenciosamente, [assinatura de Demosthenes Martino]"

 

 

Fonte: Acervo documental do CeHFi/Unifesp - pasta 7

Transformação da EPM em Unifesp

Em agosto de 1979, o Ministério da Educação e Cultura solicitou à Escola Paulista de Medicina (EPM) que sugerisse como pretendia enquadrar-se em lei de 1968 que tratava da incorporação de estabelecimento isolado de ensino superior em universidade federal (“Os estabelecimentos isolados de ensino superior deverão, sempre que possível incorporar-se a universidades ou congregar-se com estabelecimentos isolados da mesma localidade ou de localidades próximas, constituindo, neste último caso, federações de escolas, regidas por uma administração superior e com regimento unificado que lhes permita adotar critérios comuns de organização e funcionamento.”).

Após avaliar o assunto e entender que a proposta de incorporação ou associação não atendia aos interesses e à história da EPM, a Congregação decidiu por unanimidade que a “Escola Paulista de Medicina oferece todas as condições de estrutura e tradição para constituir o núcleo de uma universidade dedicada seriamente ao ensino e a pesquisa na área das ciências biológicas e da saúde”. Mas foi apenas em dezembro de 1994 que a lei 8.957 transformou a EPM em Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com a característica proposta, isto é, de ser universidade temática (universidade da saúde).

A instituição ganhou autonomia acadêmica, passou a reconhecer seus diplomas, iniciou processo de reformulação e avaliação de seus cinco cursos de graduação e elaborou seu Estatuto. Este manteve a estrutura departamental vigente e criou quatro pró-reitorias encarregadas de organizar as atividades de ensino, pesquisa e extensão da universidade. Iniciativas integradoras, como o Programa MD-PhD, puderam ser implantadas.

Em 2004 a Unifesp iniciou processo de expansão institucional com a instalação de novos campi e a criação de novos cursos de graduação, agora em áreas do conhecimento além do das ciências da saúde. Após dez anos de experiência a Unifesp deixou de ser universidade temática e passou a ter amplo espectro de cursos de graduação e de áreas de pesquisa.

Fonte: A Universidade Federal de São Paulo aos 75 Anos - pág. 23

 

Curso Biomédico criado em março de 1966

 O desenvolvimento da Genética e da Biologia Molecular redirecionou o rumo da pesquisa e abriu debates. A formação superior nessas áreas foi reformulada, de modo a atualizar e acompanhar continuamente as novas descobertas científicas e seus desdobramentos. Nesse quadro, foi criado em março de 1966 o curso de Ciências Biomédicas, no Campus São Paulo, pelos professores José Leal Prado e José Ribeiro do Valle, que contaram com o apoio de Nylceo de Castro e Antonio Cechelli de Mattos Paiva, titulares de Histologia e de Biofísica.

 

Na foto acima, figuram – entre outros integrantes – os professores: A. C. M. Paiva, Eline Prado, J. Ribeiro do Valle e J. Leal Prado (primeira fileira); Catharina Brandi e Zuleika P. Ribeiro do Valle (segunda fileira)

 

Na época, o objetivo do curso, que agregava novas disciplinas para a EPM – entre elas, Matemática, Física, Química Orgânica e Analítica, Genética e Evolução –, era desenvolver a pesquisa e a docência nas chamadas “cadeiras básicas” da Medicina, de acordo com o professor Leal Prado. Apesar de sua motivação inicial estar ligada fundamentalmente à pesquisa e à docência, a graduação em Ciências Biomédicas ampliou-se, anos depois, para o campo das análises clínicas, em razão da demanda dos alunos e das novas oportunidades surgidas no mercado de trabalho.

Formatura da 1ª turma de graduados em 1969

Da esq. à dir.: J. Leal Prado , Nylceo de Castro, A.C. M. Paiva, J.C. Prates (homenageado)

 

Fonte: Cinquenta anos de história - 50 anos do Curso Biomédico (Redação/Unifesp)

Laboratório de Farmacologia e Bioquímica foi o núcleo da pesquisa na EPM

 Em 1937, a Escola Paulista de Medicina (EPM) contratara o médico José Ribeiro do Valle (1908-2000) para ensinar farmacologia, e em 1943, o também médico mineiro José Leal Prado (1918-1987) para ensinar química fisiológica. Professores da área clínica aliavam o ensino ao empenho em construir, equipar e fazer funcionar o Hospital São Paulo (HSP). Os professores Valle e Leal completavam sua atividade didática com a de pesquisa, no Instituto Butantan. Convencidos, porém, da necessidade de permanecer em tempo integral na EPM organizaram o Laboratório de Farmacologia e Bioquímica que, em dezembro de 1947, foi instalado em sala anexa à Farmácia no segundo andar do Hospital São Paulo.

No dizer de Valle, “a pesquisa básica apenas se esboçava e era preciso dinamizá-la sem tardança. Leal Prado e eu metemos mãos à obra...” No período de cinco anos (1948 a 1953) o Laboratório desenvolveu-se a ponto de exigir instalações próprias e independentes e em meados de 1956 instalou-se em edifício próprio, o hoje denominado Edifício José Leal Prado.

 

 

Neste ambiente Valle e Leal formaram equipes, buscaram financiamento e lideraram o desenvolvimento de duradouras linhas de pesquisa: endocrinologia experimental (Valle) e sistemas de peptídeos vasoativos (Leal Prado). O Laboratório de Farmacologia e Bioquímica foi o núcleo da pesquisa na EPM e deu origem aos atuais departamentos de Bioquímica, de Farmacologia, de Biofísica e de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo.

Fonte: A Universidade Federal de São Paulo aos 75 Anos - pág. 18

Imagem: Andréa Pelogi (ComunicaSP/Unifesp)

Projeto Xingu: 1º programa de extensão

A instauração do Regime Militar não sufocou o ousado espírito inovador epemista. Em 1965, cerca de três décadas antes da difusão nacional do conceito de extensão universitária, a Escola Paulista de Medicina (EPM) implantou seu primeiro programa de extensão. A convite do sertanista Orlando Villas Bôas, diretor do Parque Indígena do Xingu (PIX), um grupo de sete profissionais da EPM, coordenado pelo professor Roberto Baruzzi, viajou para o Xingu com a missão de avaliar as condições de saúde da população indígena local. A equipe de Baruzzi - que incluía os professores de Hematologia, Marcello Pio da Silva, e de Parasitologia, Carlos D'Andretta Júnior, dois técnicos de laboratório e um residente - encontrou uma população com saúde precária.

A malária era a principal causa mortis dos índios, ceifando a vida de crianças e adultos. Não havia um plano regular de vacinação, o que ocasionava surtos epidêmicos como o de sarampo, em 1954, que vitimizou 20% dos habitantes de uma tribo do Alto Xingu. A ausência de uma assistência regular na área da saúde colaborava para acentuar o risco de extinção dos cerca e 1500 índios, de 17 tribos, que habitavam os 32 mil quilômetros quadrados do parque. 

Baruzzi, então, se comprometeu a elaborar um plano de saúde para o diretor do PIX. Nascia o Projeto Xingu, que foi materializado com a assinatura de um convênio entre o PIX e o Departamento de Medicina Preventiva da EPM, cujo chefe, à época, era o professor Walter Leser. 

 

Imagem acima: Professor Baruzzi entre índios alto xinguanos 
Imagem abaixo, à esquerda: Professor Baruzzi e Orlando Villas Bôas no posto indígena Leonardo, no Alto Xingu
Imagem abaixo, à direita: Professor Baruzzi durante pesquisa com índia Panará, na aldeia Nãcepotiti

 

O Remédio é Bossa: show reune diversas estrelas da MPB

 Um evento promovido por alunos da Escola Paulista de Medicina (EPM) agitou a vida cultural da cidade. Realizado no Teatro Paramount, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, em 26 de outubro de 1964, o show "O Remédio é  Bossa" reuniu diversas estrelas da MPB, como Vinícius de Moraes, Nara Leão e Tom Jobim. 

No final do espetáculo, uma jovem cantora gaúcha, de apelido Pimentinha, reclamou do valor de seu cachê, que era o mais baixo de todos. Mas Elis Regina não guardaria mágoas dos alunos da Paulista. Afinal, foi nesse espetáculo que o público de São Paulo se rendeu ao seu talento, o que foi decisivo para catapultá-la ao estrelado em nível nacional. 

Uma curiosidade dos bastidores: apesar da insistência dos alunos, Tom Jobim havia se recusado a participar do show, alegando falta de interesse em viajar do Rio de Janeiro para São Paulo. Articulada, a comissão organizadora soube que o músico carioca estava para ser homenageado como cidadão paulistano. Sem titubear, o futuro cirurgião plástico José Marcos Mélega acionou seu tio, que era vereador, e a Câmara Municipal de São Paulo marcou a cerimônia de homenagem a Tom Jobim para o dia 26 de outubro, às 4 horas da tarde. Por já estar em São Paulo, Jobim não teve como recusar o convite para se apresentar no memorável espetáculo "O Remédio é Bossa".

 

Livreto original do show "O Remédio é Bossa" (26/10/1964) (Fonte: Almanaque do Malu)

 

 

Português: o calouro de Medicina que sonhava construir carreira no futebol

 Na segunda metade da década de 60, a Atlética da Escola Paulista de Medicina (EPM) não tinha motivo para reclamar. Ela foi pentacampeã da tradicional Pauli-Poli, disputada contra os alunos de engenharia da Escola Politécnica, e ganhou cinco vezes seguidas a Pauli-Med, acirrada miniolimpíada que opunha a EPM à FMUSP. Essa ótima performance esportiva podia ser creditada, em boa parte, a um calouro de Medicina de 1965 que sonhava construir carreira no futebol. Português, apelido pelo qual era conhecido, jogava vôlei, futebol de salão e futebol de campo com igual desenvoltura.

Em 1965, o calouro Português foi eleito o melhor atleta de vôlei do ano, pela Federação Universitária Paulista de Esportes (FUPE); em 1970, já sextanista, ele repetiu a dose, como melhor jogador de futebol. Ulysses Fagundes Neto, o Português, chegou a ser convidado para fazer testes nas equipes profissionais do Corinthians e do São Paulo. Para alívio de seu pai, optou pela carreira médica. Mas a paixão pela bola nunca foi esquecida. O ex-reitor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que no início da década de 60 formava o meio-campo dos juvenis do Banespa com o futuro tricampeão mundial Roberto Rivelino, conta com orgulho que foi campeão olímpico de futebol Master, em 1989, na Dinamarca. Em tempo: o apelido do professor Ulysses é uma referência a seu time de coração: a Portuguesa.

EPM foi temporariamente incorporada à Universidade Federal São Paulo (UFSP)

Em dezembro de 1960 a lei 3.835 (federaliza a Universidade da Paraíba e dá outras providências), um dos últimos atos do governo Juscelino Kubitschek, trazia embutida (artigos 11 e 12) a criação da Universidade Federal de São Paulo (UFSP). Esta teria sede na cidade de São Carlos e seria constituída por cinco estabelecimentos de ensino superior: Escola Paulista de Medicina (EPM), Escola de Engenharia de São Carlos, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, Faculdade de Farmácia e Odontologia de Araçatuba e Faculdade Municipal de Ciências Econômicas de Santo André. Entretanto a UFSP dependia de legislação complementar para sair do papel, o que não aconteceu durante o breve período de Jânio Quadros na presidência da República. Foi apenas em dezembro de 1963 que um decreto do Presidente João Goulart criou o Conselho Consultivo da UFSP com o objetivo de implantá-la, determinando o início de seu efetivo funcionamento para o ano letivo de 1964. O Conselho foi presidido por Marcos Lindenberg (1901-1979), então diretor da Escola Paulista de Medicina, e contava com outros sete membros dentre os quais Fernando Henrique Cardoso, representando a Universidade de São Paulo. Nesta primeira tentativa de criação de uma universidade federal em São Paulo, a EPM de certo modo deixaria de ser condutora de seu destino: não seria sede da reitoria e seria incorporada a um conjunto de instituições isoladas de ensino superior profissionalizante com as quais não mantinha relação acadêmica e que traziam heterogênea tradição em pesquisa. A lógica de agregação possivelmente fosse a complementaridade dos cursos de graduação oferecidos pelas diferentes instituições. Porém, com a mudança de regime político em abril de 1964, a UFSP foi desfeita e a EPM transformada em estabelecimento isolado de ensino superior de natureza autárquica.

Fonte: A Universidade Federal de São Paulo aos 75 Anos - pág. 22

Traquinagens: residentes jogavam boliche no corredor do HSP

 

O Hospital São Paulo (HSP) era dirigido por freiras, que impunham regras para manter a ordem: horário-limite para entrada noturna, cronograma de visitas etc.

A tarefa nem sempre era simples, o que ocasionava a eventual transferência do chefe dos residentes para a entrada da ala masculina, onde erguia sua cama de armar na esperança de controlar jovens médicos repletos de energia, que arquitetavam traquinagens para compensar a árdua rotina da vida no hospital. Um residente recorda, que certa vez, uma religiosa ouviu estranhos ruídos durante a noite. Em pânico, ela seguiu o som. Encontrou meia dúzia de sorridentes marmanjos, que aproveitavam o imenso corredor do HSP para disputar animadas partidas de boliche. O barulho que despertou a freira, em plena madrugada, havia sido ocasionado pelo estilhaço de uma garrafa de refrigerante que era usada como pino pelos criativos rapazes.

1º programa de residência médica do Brasil, em 1957

A maior dedicação dos docentes da Escola Paulista de Medicina (EPM) possibilitou uma série de iniciativas nas áreas de pesquisa e ensino. Em 1957, ano em que teve início a construção de Brasília, foi criada a residência médica, programa pioneiro no País. Se hoje a residência é praticamente compulsória para os formados em Medicina, na época a novidade atraiu o interesse, sobretudo, de alunos que desejavam seguir carreira acadêmica.

Nos primórdios, a residência funcionava como um internato, e os cerca de 30 residentes recebiam uma bolsa-salário. Os jovens médicos moravam no primeiro andar do Hospital São Paulo. Já as moças, em menor número, residiam num prédio próximo ao hospital-escola. 

As primeiras turmas de residentes sofriam com a obrigatoriedade de estar sempre à disposição do hospital. Mas, em compensação, tiravam proveito da intensa convivência com colegas e docentes.

Federalização da EPM em 21/01/1956

 A Escola Paulista de Medicina (EPM) foi federalizada pelo Decreto-Lei nº 2.712, em 21 de janeiro de 1956, 10 dias antes da posse do médico mineiro Juscelino Kubitschek na presidência da República; O Hospital São Paulo não foi incorporado pelo governo federal, permanecendo sob controle da sociedade civil Escola Paulista de Medicina, a qual, para evitar confusão, teve seu nome alterado para Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, em 1960.

Discurso de Jairo Ramos foi a semente da federalização da EPM

Nas festividades que marcaram os 20 anos de existência da Escola Paulista de Medicina (EPM), em 1º de junho de 1953, Jairo Ramos, 4º diretor da EPM, fez um contundente discurso, no qual disse, com absoluta clareza, que, em razão das dificuldades econômicas, que já começavam a ameaçar a excelência no ensino, a Congregação havia decidido encerrar as atividades da Escola. 

Jairo Ramos pediu demissão no ano seguinte. Ao sair, declarou que, quando assumira, era contrário à federalização, mas que, ao tomar contato com as agruras financeiras, havia mudado de opinião. Seu memorável discurso na solenidade que marcou os 20 anos da EPM foi a semente da federalização. 

1º departamento da EPM

Embora as dificuldades financeiras se avolumassem, a Escola Paulista de Medicina (EPM) encontrava forças para continuar inovando. Em 1951, a EPM criou o Departamento de Clínica Médica, embrião do Departamento de Medicina. A inauguração oficial aconteceu em 9 de junho de 1951, ano do 18º aniversário de fundação da EPM, que atingia assim sua maioridade. A Congregação elegeu Jairo Ramos para a direção do Departamento.  

Regime departamental

A criação do Departamento de Clínica Médica em 1951, ainda na Escola privada, por iniciativa de Jairo Ramos (1900-1972), representou, em princípio, o fim do regime de cátedras. A proposta vinha de 1949 e, para entender porque foram necessários dois anos para sua implantação, basta lembrar que o então diretor do Departamento de Ensino Superior do Ministério da Educação aconselhava que a Escola Paulista de Medicina (EPM) estudasse o assunto com cautela, principalmente com referência ao futuro, pois, “o que se pretendia era uma inovação no ensino médico, e traria conseqüências que deveriam ser bem ponderadas”. O programa de ensino deixava de ser decisão individual de cada catedrático. Outros departamentos foram se estruturando até que, em 1965, a EPM foi organizada em 12 departamentos, quando uma lei federal institui oficialmente o sistema departamental na universidade brasileira.

Fonte: A Universidade Federal de São Paulo aos 75 Anos - pág. 19

1º concurso para professor catedrático

 Foi na gestão de Álvaro Lemos Torres, segundo diretor da Escola Paulisa de Medicina (EPM), que ocorreu a promoção do primeiro concurso para professor catedrático.

Em 20 de março de 1939, José Ribeiro do Valle, pesquisador da seção de Fisiopatologia do Instituto Butantan e médico formado pela Faculdade Medicina de São Paulo (FMSP) em 1932, assumiu a cadeira de Farmacologia.

As primeiras médicas graduadas

Em 8 de dezembro de 1938, os primeiros 63 formandos da Escola Paulista de Medicina (EPM) receberam seus diplomas. Com exceção de duas mulheres, todos os formados na primeira turma da EPM trajavam fraque durante festa realizada no Teatro Municipal. Eram Antonietta Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti e Margarida Müller, as primeiras médicas graduadas pela EPM. 

Relação da 1ª turma graduada

Em 8 de dezembro de 1938, os primeiros 63 formandos da Escola Paulista de Medicina (EPM) receberam seus diplomas. 

 

Fonte: Acervo iconográfico CeHFi/Unifesp

 

Alexandre Ranieri Vicenzo Fedullo;
Aloysio do Livramento Barretto;
Ananias Pereira Porto;
Andrelino Amaral;
Antonietta Arcoverde de A. Cavalcanti;
Antonio Factori;
Arthur Amaral Filho;
Aruleno Santos Novaes;
Caio de Camargo Andrade;
Carlos Ary Machado;
Celso de Camargo Figueiredo;
Celso Mensen de Godoy;
Cézar Paranhos de Godoy;
Cid Marques da Silva;
Cidy Sanches Bittencourt;
Dante Erbolato;
Décio Fleury da Silveira;
Demosthenes Martino;
Durval Zomignan de Amorim;
Edmundo de Lima Pontes;
Erasmo  Lancia;
Ernani Picosse;
Favorino Rodrigues do Prado Filho;
Fernando Boccolini;
Fuad Dabus;
Gastão Rosenfeld;
Gentil Ferreira;
Hélio Corbett Moreira;
Heribaldo Carmo Horácio Loverso;
Horácio Kneese de Mello;
Italo Domingos Le Voci;
Jacob Gondelmann;
Jacomino Leonardo Ceravolo;
Jair Xavier Guimarães;
Jefferson Santos Martins da Costa;
João Rezentti;
Joaquim Vieira de Campos Filho;
Jorge Nouh;
José de Arruda Botelho;
José de Paula e Silva;
José Goulart Penteado;
José Valente;
Josias Ferreira de Almeida Junior;
Lauro Machado de Oliveira;
Luiz Junqueira Lobato;
Manoel Antonio da SIlva;
Margarida Müller;
Mario de Carvalho Rios;
Mario de Souto Barros Portugal;
Mario Fonzari;
Octaviano Alves de Lima Filho;
Oswaldo Riedel de Souza e Silva;
Paulo Silva de Vilhena Moraes;
Pedro Bittencourt Porto;
Ramiro de Araújo Filho;
Raul Chama;
Rolando Angelo Tenuto;
Romeu Santoro;
Solon de Mendonça Rego Barros;
Tuffy Haron;
Vicente de Santis;
Victor Chipiakoff; e,
Wladimir da Prússia Gomes Ferraz

 

A 1ª turma da Escola de Enfermagem morava na escola

As alunas moravam na escola, em regime de internato, e passavam visitas no vizinho Hospital São Paulo, acompanhando os catedráticos de medicina. Bolsistas, as futuras enfermeiras graduadas recebiam ajuda financeira para estudar. Como contrapartida, ficavam à disposição do hospital 24 horas por dia. Se alguma plantonista do hospital faltava, uma das alunas era chamada para substituí-la. O chamado emergencial não tinha hora para chegar, podendo ocorrer até mesmo de madrugada. O mais comum, contudo, era o "castigo" chegar às 22 horas da noite, quando havia a troca de turno no hospital. Ainda assim, o aprendizado era intenso e, por essa razão, valorizado pelas alunas, que se graduavam com vasta experiência prática. 

Criação da Escola de Enfermeiras do HSP em março de 1939

O desejo de criar um centro para formação de enfermeiras de alto padrão nasceu praticamente junto com a própria Escola Paulista de Medicina (EPM). Na inauguração da sede definitiva, na Rua Botucatu, em outubro de 1936, Octávio de Carvalho anunciara a intenção de criar a Escola de Enfermagem, anexa à Escola e ao hospital, com o objetivo de profissionalizar o serviço assistencial oferecido pela EPM. O processo só foi concluído em março de 1939, por iniciativa de Álvaro Guimarães Filho - que já havia criado o curso de Enfermagem Obstétrica, com 17 leitos, em outubro de 1938 - e do diretor Álvaro Lemos Torres. Eles entraram em contato com o arcebispo metropolitano de São Paulo, D. Gaspar de Afonseca e Silva, que os apresentou a religiosas francesas da Ordem das Franciscanas Missionárias de Maria, Entre as freiras havia algumas enfermeiras gabaritadas. E foi assim que as irmãs assumiram a Escola de Enfermeiras do do Hospital São Paulo, cujo currículo era idêntico ao da Escola Anna Nery, do Rio de Janeiro, pioneira no ensino de enfermagem no Brasil.

Formatura da 1ª turma no Teatro Municipal de São Paulo

Em 8 de dezembro de 1938, os primeiros 63 formandos da Escola Paulista de Medicina (EPM) receberam seus diplomas, com pompa e circunstância, em cerimônia realizada no Teatro Municipal de São Paulo.

 

Fonte: Acervo iconográfico CeHFii/Unifesp

 

Leitão da Cunha foi o 1º paraninfo

Em ação politicamente correta, a turma de 1938 optou por escolher Raul Leitão da Cunha como paraninfo. Médico, primeiro professor catedrático de Anatomia e Fisiologia Patológicas da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, reitor da Universidade do Rio de Janeiro - que transformaria em Universidade do Brasil - deputado na Assembléia Constituinte de 1933, Leitão da Cunha havia desempenhado importante papel junto ao governo federal, no processo que resultou na oficialização da Escola Paulista de Medicina (EPM). 

Pavilhão Maria Thereza de Azevedo, o 1º serviço de assistência médica da EPM

O esforço pela construção do Hospital São Paulo mobilizou diversos setores da sociedade paulista. A Associação Cívica Feminina, por exemplo, doou 100 contos de réis, utilizados para erguer um prédio de três andares, que foi batizado com o nome de sua diretora. Inaugurado em junho de 1937, com 80 leitos, o Pavilhão Maria Thereza de Azevedo, do Hospital São Paulo, foi o primeiro serviço de assistência médica da Escola Paulista de Medicina (EPM). Em suas enfermarias, os alunos da EPM travaram o primeiro contato com a prática profissional. Nascia o sonhado hospital-escola. 

Em 1963, foi batizado com o nome de Octávio de Carvalho.

Hospital São Paulo - 1º hospital-escola no Brasil

O Hospital São Paulo (hsp) foi o primeiro hospital-escola a ser construído no Brasil, e na cerimônia do lançamento da estaca fundamental em 1936 já podia declamar o poeta Guilherme de Almeida: “Aí está, germinada e prosperada a semente; aí está, florescido o ideal; aí está, frutificado o empreendimento! Aí está a Escola Paulista de Medicina. A árvore boa, em boa hora, sob um bom signo, numa boa terra e por boas mãos plantada”.

Fonte: A Universidade Federal de São Paulo aos 75 Anos - pág. 18

Lançamento da pedra fundamental do Hospital São Paulo

O sonho de construir um hospital-escola ganhou contornos concretos com o lançamento da pedra fundamental do Hospital São Paulo, em 30 de setembro de 1936. O solene evento contou com a participação dos maiores médicos, educadores e políticos da epóca, em sinal inequívoco do prestígio da Escola Paulista de Medicina (EPM). Dentre os presentes destacavam-se Leitão da Cunha, reitor da Universidade do Rio de Janeiro; Reynaldo Porchat, reitor da USP; Aguiar Puppo, diretor da FMUSP; Sinésio Rangel Pestana, diretor-clínico da Santa Casa de Misericórdia; o interventor federal, Waldomiro Castilho de Lima, além, de Samuel Ribeiro, diretor da Caixa Econômica Federal, instituição bancária financiadora das obras, que emprestou à Escola 10 mil contos de réis para a construção de seu hospital-escola.

A 1ª turma teve aulas nas enfermarias do Hospital Humberto I

Em 1936, a primeira turma já estava no quarto ano, cujo currículo previa aulas das cadeiras clinicas e cirúrgicas, para as quais era necessário ter acesso a instalações hospitalares. Octávio de Carvalho, diretor da EPM, usou sua influência para resolver o problema. Octávio obteve, do conde Francisco Matarazzo, autorização para utilizar as enfermarias do Hospital Humberto I, unidade de saúde que prestava assistência a indigentes. Além de evitar a interrupção do curso médico, a gentileza do industrial italiano significou uma economia de 500 contos de réis aos cofres da EPM, que conduziu aulas no local por 27 meses.  

A sede definitiva da EPM

A Chácara Schiffini - que ocupava o quadrilatéro delimitado pelas ruas Botucatu, Borges Lagoa, Pedro de Toledo e Napoleão de Barros - havia sido projetada por seu antigo proprietário, o médico Joaquim Basílio Pennino, para funcionar como hospital dedicado ao atendimento de crianças deficientes. A Escola Paulista de Medicina (EPM) só viria a se fixar no local em 1936, após uma ampla reforma, que incluiu a construção de salas de aula, laboratórios e, também, a instalação dos primeiros leitos do futuro hospital-escola.

 

  

Fonte: Acervo iconográfico CeHFii/Unifesp

 

 

Aulas noturnas de anatomia tiravam o sono de muitos alunos

Ainda que conhecer em profundidade o corpo humano não fosse tarefa simples, o que realmente amedrontava os dedicados primeiranistas era dissecar cadáveres à noite. Pouco antes do início da aula, o bedel David Soares acionava uma corrente para içar os cadáveres, que eram armazenados no porão, disponibilizando-os para o estudo dos alunos. As aulas de Anatomia terminavam tarde. Ao redor da sede da Escola só havia mato. No breu, o silêncio quase sepulcral era rompido apenas pelo riso nervoso dos alunos, que subiam a ladeira do Paraíso às 23 e 30 da noite, após três horas seguidas de aula prática no laboratório de anatomia.

1º Centro Acadêmico

O CAPB (Centro Acadêmico Pereira Barretto) foi fundado em 7 de agosto de 1933 pelos alunos da recém fundada Escola Paulista de Medicina (EPM), então uma instituição privada, criada por 31 médicos e 2 engenheiros em conjunto com estudantes aprovados no vestibular da Faculdade de Medicina de São Paulo, que não tiveram suas vagas garantidas.

1ª turma não teve férias para não perder o ano letivo

Para não perder o ano letivo de 1933, os alunos concordaram em não tirar férias, além de frequentar a Escola nos períodos matutino, vespertino e noturno. Com isso, as aulas estenderam-se sem interrupção até fevereiro de 1934, período no qual os alunos receberam ensinamentos de Anatomia, matéria lecionada pelos fundadores Henrique Rocha Lima, catedrático, e José Maria de Freitas, professor-adjunto, e Histologia e Embriologia, disciplina ministrada pelos professores-convidados Nélson Gioia Planet e Zeferino Vaz.

Aula inaugural

A honra de comandar a aula inaugural da Escola Paulista de Medicina (EPM), no dia 15 de junho, foi concedida a Antônio Carlos Pacheco e Silva, que a intitulou "Iniciação Médica". No final de sua palestra, o futuro catedrático de Psiquaitria da EPM radiografou a complexidade do presente e antecipou as dificuldades do porvir.

1ª turma teve 83 alunos matriculados

No dia 26 de junho, enquanto Abraão Ribeiro providenciava o registro da sociedade civil Escola Paulista de Medicina, futuros professores da EPM submeteram 105 jovens a provas de português, inglês, física, química e história natural. O exame vestibular, realizado no Liceu Nacional Rio Branco, aprovou 84 candidatos, dos quais apenas um não efetivou a matrícula.

A escolha do nome da Escola

No dia 27 de maio, em assembléia geral realizada no Edifício Glória, definiu-se o nome da nova escola - que resgatava o orgulho paulista, ferido pela derrota na Revolução de 32.

Manifesto de Fundação

Em 1º de junho de 1933 foi publicado o Manifesto de Fundação da Escola Paulista de Medicina (EPM), assinado por 31 médicos e dois engenheiros, com idades que variavam de 26 a 54 anos (mediana de 34 anos). O manifesto explicitou o duplo objetivo da iniciativa:

Uma escola médica exige instalações hospitalares para o ensino das clínicas, e a criação de seu hospital não será menor serviço prestado a São Paulo pela nova Escola que, só por isso, faria jus ao maior carinho e ao melhor desvelo por parte da população paulista. A premência desses dois problemas – o do ensino médico e o da assistência hospitalar – bastaria para justificar amplamente a presente iniciativa.

Fonte: A Universidade Federal de São Paulo aos 75 Anos - pág. 18

11ª escola de medicina do Brasil

Criada em 1 de junho de 1933, data da publicação do seu Manifesto de Fundação, a Escola Paulista de Medicina (EPM) foi a 11ª escola de medicina do país, mesmo sem ter ainda uma sede própria.

 

Casa alugada na Rua Coronel Oscar Porto, 54, na esquina com a Rua Abílio Soares – Primeiras Instalações da EPM (Fonte: Acervo Iconográfico do CeHFi/Unifesp)