Projeto de Extensão Curricularizado UC: Pediatria Geral e Comunitária e Medicina do Adolescente...
Breve Histórico
A Disciplina de Pediatria Geral e Comunitária foi constituída em 1994, a partir da integração das atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas pela equipe do Programa de Integração Docente-Assistencial de Embu das Artes (PIDA - Embu) e pela equipe da Disciplina de Puericultura e Pediatria Social, a qual atuava no Ambulatório de Pediatria do Hospital São Paulo. O conjunto de ações desenvolvidas por essas equipes constituía o eixo do ensino e da formação de alunos de graduação e residentes de pediatria, qual seja o acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento da criança e do adolescente, considerando seu contexto familiar, social e cultural, com respeito aos seus direitos e às grandes mudanças de nossa sociedade, do contexto político e dos serviços de saúde do país.
O PIDA - Embu
Desde final da década de 1960, a então Escola Paulista de Medicina desenvolvia atividades de ensino, assistência e pesquisa na rede de serviços de saúde do município de Embu das Artes, situado na Região Metropolitana de São Paulo, com o objetivo de proporcionar aos estudantes dos cursos da área da saúde uma aproximação com a comunidade e uma atuação em diferentes níveis de atenção do sistema de saúde, notadamente na atenção básica, preparando-os de forma mais completa para o futuro profissional. Essa iniciativa foi liderada pelo Prof. Dr. Azarias Andrade de Carvalho – Titular e Chefe do Departamento de Pediatria à época, e fez parte de um movimento mais geral de escolas médicas de todo país e da América Latina naquele período.
No início, as atividades assistenciais realizadas por alunos, residentes e docentes do Departamento de Pediatria contavam com o apoio de lideranças da comunidade que atuavam voluntariamente como agentes de saúde e com os recursos incipientes da Prefeitura Municipal. Até 1975, havia duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) nas quais atuava a equipe de pediatria e um Centro de Saúde da Secretaria do Estado não integrado a essas atividades. A partir de 1976, o Programa apresentou grande impulso em função de maior participação do poder público municipal e ampliação da rede.
Assim, no início da década de 1980, cinco unidades de saúde estavam integradas ao Programa, incluindo o Centro de Saúde da Secretaria de Estado. Nesse mesmo período, com o processo de redemocratização do país, ocorrem mudanças de âmbito nacional na área da saúde e, também, nas instituições de ensino superior. Ocorre uma ampliação da participação da Escola Paulista de Medicina e Escola Paulista de Enfermagem, envolvendo diferentes departamentos e cursos, proporcionando uma atuação global e integrada no Programa.
Posteriormente, a atuação da instituição ganha ainda mais força com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, com sua transformação em Universidade Federal de São Paulo, em 1994, além da edição das Diretrizes Curriculares para os cursos da área da saúde, em 2001 e 2002, as quais estabeleceram que a integração universidade - serviços de saúde é um dos princípios fundamentais para a formação desses profissionais.
Durante mais de 40 anos de trabalho, o PIDA - Embu desenvolveu um trabalho integrado aos gestores locais e à população, incorporando e consolidando novas propostas de atuação decorrentes de importantes transformações políticas do país, particularmente aquelas referentes à saúde e ao ensino superior. Professores e profissionais da Escola Paulista de Medicina / Unifesp tiveram atuação importante durante o desenvolvimento do Programa, tanto no cotidiano dos serviços, como na produção de conhecimento e na formulação das políticas de saúde, sempre de forma articulada às equipes e à população do município.
A Disciplina de Puericultura e Pediatria Social
A atuação primordial dessa Disciplina desenvolvia-se no Ambulatório de Pediatria, que contemplava todos os atendimentos ambulatoriais de crianças – aquelas com doenças encaminhadas pelo Pronto-Socorro e de outros serviços de saúde; aquelas procedentes de internações das enfermarias do Hospital São Paulo; os atendimentos de puericultura. Nesse atendimento de puericultura concentrava-se a formação de alunos e residentes de pediatria, integrado ao Ambulatório de Higiene Mental, coordenado pela Profa. Dra. Mary Lise Moysés Silveira, o qual agregava os conhecimentos do desenvolvimento emocional da criança, necessários para abordagem e cuidado integrais.
Somavam-se a essas atividades visitas técnicas e vivências em serviços específicos, as quais eram coordenadas pelo Prof. Dr. Wilson Maciel e pelo Prof. Dr. Benjamin José Schmidt e constituíam experiências de atuação multiprofissional e interdisciplinar – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, Fundação Dorina Nowill para Cegos e Associação de Assistência à Criança Deficiente.
Nos anos 1980, as especialidades pediátricas ganharam força decorrente dos avanços científicos das diferentes áreas, com formalização das residências e áreas de atuação pediátricas. Esse movimento exigiu a constituição de ambulatórios e serviços específicos para atender a esse novo momento da Pediatria, mantendo-se um Ambulatório Geral, com importante papel na formação dos residentes, coordenado pelo Prof. Dr. Wagner Sérgio Silvestrini.
A integração
Com a criação do SUS, em 1988, e consequente fortalecimento da atenção básica e das ações de promoção da saúde e prevenção de doenças – com destaque à atenção integral da criança inserida numa rede regionalizada de serviços de diferentes complexidades – o ensino de puericultura passa a ser desenvolvido, primordialmente, no PIDA - Embu e, mais recentemente, em unidades de saúde do município de São Paulo.
A partir dos anos 1990, já com a Disciplina de Pediatria Geral e Comunitária constituída, o trabalho com equipe integrada tem sido continuamente aprimorado nas unidades básicas de saúde e demais equipamentos de saúde da rede, bem como nos ambulatórios da Disciplina, realizados no Complexo EPM / Hospital São Paulo. Estes têm se dedicado à puericultura de alto risco e ao acompanhamento de crianças com doenças de baixa e média complexidade, doenças genéticas, alterações do crescimento, alterações do desenvolvimento e dificuldade escolar, além do atendimento psicológico a crianças e seus familiares. A visão adotada nesses ambulatórios é de uma atenção abrangente e integral, considerando-se fundamental a abordagem multidisciplinar e multiprofissional.